As rodas da carroça subiram a íngreme estrada de pedras da cidade, a sofreguidão do pobre cavalo indicava seu cansaço físico, mas mesmo que o pobre animal estivesse a suplicar silenciosamente seu dono nada podia fazer em favor do medo que o homem grandioso e aterrorizante lhe provocava. Ao seu lado Draco continuava a exigir rapidez, uma corrida frenética que o levaria ao encontro do chefe ao qual ele esperava desesperadamente abalar, pela primeira vez Draco desejou ver os olhos castanhos de Austin transmutarem, queria desce-lo do pedestal no qual ele sozinho escalara.
Os raios que riscavam o céu prenunciavam a dramática noite, em poucos segundos os finos pingos de chuva caíam frescos sobre a cidade, a carruagem foi perdendo a velocidade à medida que a imponente construção se fazia presente por sob o céu negro a mansão do Duque erguia-se como um castelo sombrio, um trovão soou ao fundo, e o senhor que o trouxera até ali partiu afoito. Sem mais esperar, com os sentimentos a aflorar-lhe a pele, ele bateu, a porta de madeira maciça ecoou, mas nada foi dito, ele então fez-se ouvir mais uma vez, investiu mais duas dúzias de socos estrondantes e o chamou com voz grossa, "Austin"!
A porta abriu devagar, lá de dentro emanava o calor de luzes acesas, irradiada de laranja, observou à criatura que a abrira uma jovem moça com uma camisola espessa das usadas em época de inverno, seus cabelos estavam presos a uma touca e carregava em suas mãos – Que agora estavam a tremer – uma vela que começava a apagar-se pela força da ventania. Draco questionou nervosamente por Austin, insistia em vê-lo dizendo que tinha algo importante a lhe dizer, a garota que aquela altura ele identificara como a governanta da casa, pôs os dedos por sobre os lábios a pedir-lhe que fizesse silêncio, visivelmente assustada e temendo a reação do patrão a algazarra do visitante pediu que partisse e voltasse no dia seguinte, perdendo o controle o homem tentou entrar, enquanto a moça tentava em vão impedi-lo. A luta só acabou quando se ouviu uma voz ecoar pela casa.
- Deixe-o entrar, Rosa.
Austin descia as escadas com a camisa desabotoada e o blazer em desalinho sem o colete costumeiro, o copo de wisky a suar na mão direita e seu rosto transtornado indicavam o quão alterado ele se encontrava, Rosa se afastou e deixou a sala sem atrever-se a olhar para o chefe que a acompanhou até que não estivesse mais ali, a madeira do piso rangeu sob os pés vacilantes do empregado que se aproximava.
- Austin, eu preciso lhe falar.
- Deves de ter muita coragem para vir a minha casa sem convite de forma tão impetuosa, a esta altura da noite!
- Oh, com certeza. Sei o que vi é de grande interesse vosso.
- E o que espera? Diga de uma vez idiota. Não vê que já estou a impacientar-me?!
Austin esbravejou, por algum motivo os gestos do patrão soavam como um sinal claro de que ele, Draco, dominava a situação com um sorriso irônico ele continuou.
- Acabo de descobrir o que têm causado as atitudes suspeitas de sua negrinha preferida e creio que não gostaras do que tenho para dizer-te. – Austin tornou-se rígido ao saber de quem se tratava, o modo triunfante como o empregado o olhava o irritava ainda mais. – Descobri que ela e uma vedete do bordel adormeciam-nos com bebidas durante a noite e a escravinha escapulia para encontrar-se com sua amante.
- Sua amante? O que estas a dizer? – Austin espantou-se os olhos faiscavam e seus lábios enrugaram-se quando ele cerrou os pulsos.
- Isto o que acabas de ouvir. Leigh-Anne o traiu com outra fêmea e o pior de tudo, que tal vagabunda, é tão somente vossa prendadíssima e nobre esposa Perrie Edwards! – Em tom jocoso Draco declarou. - Pelo visto, o senhor não tem balas o suficiente neste seu revolver virou enfeite no coldre.
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Uma Dama Para Lady Edwards
FanficA Viena do século XIX caminhava para o progresso desatando as amarras da escravidão, com seus heróis aclamados nas altas cortes, enquanto o povo liberto permanecia cativo, seus carrascos agora nomeavam-se fome, medo e desabrigo. A jovem camponesa Le...