Liberdade

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    Já deviam ter caminhado por cerca de duas horas, fora os poucos minutos que haviam perdido correndo para despistar o motorista de Perrie que as trouxera até o limiar da rua de onde simplesmente fugiram, desbravando como loucas as pisoteadas trilhas de terra. Chavier, o mal encarado motorista, tentou alcança-las, mas não foi páreo para o grande conhecimento que Leigh possuía das matas daquele lugar.

    Guiando Perrie para um bosque afastado nos entornos de Viena, a camponesa pretendia mostrar- lhe uma das coisas que ela tinha de mais valioso, aquele lugar específico era pra a jovem o melhor lugar no mundo inteiro e Perrie tinha se tornado alguém a quem ela o mostraria.

- Leigh, já estamos chegando? Confesso que correr de Chavier foi deveras divertido, mas sinceramente já estou morta de tanto caminhar, o calor só tem aumentado.- Perrie disse quase desfalecendo, o calor a deixara em um triste estado, a pele branca e sensível apresentava marcas vermelhas, e a pobre suava em bicas.

- Sim, já chegamos na verdade, só precisamos passar daquele arco de arvores e estaremos lá. Prometo que valerá a pena.

   Seguiram adiante, com pouca dificuldade a negra agarrou os galhos das arvores que uniam- se em um arco, abrindo caminho, e afastou-se para o lado dando sinal para que Perrie passasse e tivesse a primeira visão de seu local preferido.

- Bem vinda ao rio da liberdade! - Apontou para frente, sorrindo ao contemplar aquela maravilha criada por Deus. Via-se de onde estavam, alguns pinheiros distribuídos ao redor das margens do rio, tal como as montanhas longe ao fundo,o chão era forrado por pedras brancas típicas daquela região, só ouvia-se o chiado agitado e relaxante da turva água verde do rio.

- Oh, meu Deus! Mas...é tão lindo Leigh- Anne.- Perrie estava maravilhada sua energia assemelhava-se, a das crianças quando estão diante de um bom doce, era lindo ver sua reação, boba com o que via.- Olha esse cheiro de natureza, esse frescor do vento.- A loira fechou os olhos com o rosto para o alto, dando um longo suspiro em seguida.

- É a magica do nosso senhor, Pezz. Ele não fez, este rio, este céu ou este vento, para brancos ou negros, é de todo mundo.- A dama contemplou a a paisagem observando a jovem ao seu lado, que ainda de olhos fechados parecia sonhar.

- É sim Leigh. Hum...me sinto tão livre aqui, como não me sentia a muit...- Ela parou e abriu os olhos em um rompante.- Na verdade, acabo de me dar conta de que é a primeira vez que me sinto livre de verdade, nossa isso é...bom, acredito.

- Isso é ótimo.- Naquele momento Leigh engoliu em seco, e ainda que vacilante deu alguns passos em sua direção, sorriu para ela e tocou sua mão, Perrie inclinou sua cabeça para baixo, e entrelaçou aqueles trêmulos dedos aos dela, deixando escapar um sorriso cúmplice em resposta.- Venha Pezz, vou mostrar-lhe o porque deste rio levar o nome de liberdade.

Descalçando os sapatos, Leigh-Anne indicou a nobre que fizesse o mesmo, então de mãos dadas e pés desnudos, avançaram a lentos passos, as pálpebras relaxadas pesavam-se acima de suas bochechas, aos poucos o impacto da água gelada as alcançou e a prazerosa sensação que provocava, percorria toda a extensão de seu corpo, podia imaginar que naquele instante que Perrie sentia o mesmo, uma vez que suas mãos se apertavam contra as suas cada vez mais forte podia ouvir sua respiração leve seguir o ritmo da água que emanava das pedras.

- Sentiu isso, Pezz? É a liberdade tomando nossos corpos.

- Eu não posso descrever o quão bem me sinto agora.- Abriram os olhos ao mesmo tempo, haviam molhado somente os pés, mas aquele pequeno contato já havia dado nova vida a Perrie que voltara a ter seu aspecto vivaz e alegre costumeiro.

- Acho que podemos livrar-nos destes vestidos e darmos um bom mergulho, o que acha?

- Eu não anseio por outra coisa.- Perrie disse afoita, pondo-se a desabotoar, ainda que desajeitadamente, seu vestido. E a floresta antes tão tranquila repousa em silêncio completo agora estava  tomada por risadas, algum tempo depois estando ambas em trajes de baixo, já não havia vergonha sentiam-se demasiadamente a vontade na presença uma da outra.

Uma Dama Para Lady EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora