Pro bem ou pro mal, que mal tem?

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       Naquela manhã Austin havia acordado cedo para auxiliar os pais com as malas de viagem, ás oito da manhã seus pais embarcaram em um trem rumo a América, onde o Duque pretendia fechar um negócio aparentemente prospero. Depois da despedida o rapaz dirigiu-se ao um bar onde havia marcado um encontro com amigos que conhecera na taverna de Madame Luthai. Draco, Lúis e Edgar.

- Bom dia, cavalheiros!

- Austin! Bom dia, demorou um pouco, achamos que não viria mais.

- Desculpe- me senhores, devo ter esquecido de avisá-los que teria que acompanhar meus pais a estação de trem hoje, eles foram viajar a negócios.

- E o deixaram aqui? Ora meu amigo, achei que fosse o braço direito de seu pai nos negócios.

- E eu sou. Pedi a ele que me deixasse ficar mais alguns dias.

- Não posso crer que se apaixonou de verdade pela cantora de Madame Luthai.

- Leigh- Anne? Não, claro que não eu apenas a achei realmente linda, gostaria de me divertir um pouco, nada sério. Até porque também estou aqui para fazer um pouco de corte a minha futura esposa, Lady Perrie Edwards.

- Huhu... o amigo gosta de brincar mesmo com fogo, cuidado Leigh- Anne é a queridinha daquela taverna, se o senhor se envolver com ela isso pode começar a ser comentado pela cidade e chegar aos ouvidos da nobre família

- Sim Austin, isso pode dar um fim em seu noivado.

- Bobas superstições, rapazes. Eu serei o primeiro a provar-lhes que um homem, ser for esperto claro, pode conseguir ter o melhor dos dois mundos terei cada uma delas em um braço a encantadora nobre e a bela plebeia acreditem e verão.

- Você é mesmo louco.- Lúis riu largamente, parecendo duvidar dos planos de seu colega.

- Louco ou não, eu realizarei todos os meus planos.- Austin tinha um sorriso vitorioso na face.- Vocês foram a Madame Luthai ontem a noite? Como minha plebe dama se saiu em sua performance? Espero que não tenham aproveitado de minha ausência para cortejá-la

- Mesmo que quiséssemos, aquela bela mulher jamais havia cedido as investidas de nenhum outro homem além do senhor, nem sei como conseguiu conquista-lá.

- Apenas digo o que elas querem ouvir meus amigos, apenas isso.

- Têm funcionado, ontem após os shows ela até parecia procurá-lo pelo bar.- Edgar mencionou.

- Sem contar que esteve mais sensacional que nunca quando cantou uma canção romântica para os bêbados do local.- Draco completou.

- Na certa estava pensando em mim.- Austin falava com grande convicção- E este é só o começo, vocês verão meus amigos logo está cantora angelical estará em minha cama, e nem precisarei me casar com a infeliz, terei seu corpo, e quando me cansar, terei uma bela mulher nobre ao meu bel prazer, a vida é boa meus amigos, e o mundo é dos espertos! Façamos um brinde!

    Os homens puseram seus copos para cima brindando alegres a todas os planos que Austin Mahone prometia realizar.





    A sala de visitas da família Edwards não poderia estar mais tranquila, Lord Edwards havia ido para a corte tratar de alguns assuntos por ser altamente influente no cenário político de Viena, e naquele momento a única que se encontrava neste cômodo era Lady Debbie, que da janela observava o jardim entretida com as rosas formidáveis quando repentinamente  a sua frente viu surgir sua filha acompanhada da nova criada.

     Rapidamente sua expressão mudou, a senhora discordava completamente da escolha de sua filha em sua opinião os escravos jamais deveriam ter sido libertados, pois não deveriam ser equiparados as pessoas de pele clara, Debbie Edwards acreditava que os negros possuíam doenças, que eram sujos, intratáveis e ter sua filha tão perto de alguém assim a desesperava. Tinha na cabeça que precisava se livrar daquela mulher, antes a filha fosse prejudicada por estar na presença dela. "Negrinha suja! Vou me livrar de você antes mesmo que Perrie se dê conta disso, depois ela até me agradecerá por isso." Lady Edwards estava decidida a se livrar de Leigh- Anne antes mesmo que o casamento com Austin ocorresse, pois após isso provavelmente a filha se mudaria para Inglaterra e se dependesse dela a empregadinha negra não a acompanharia, se isso acontecesse Perrie perderia o respeito de toda a nobreza, que zombariam dela por ter uma escória da escravidão a tira colo como mãe não permitiria que o nome de sua família caísse na lama.

    Perrie estava nos jardins passeando ao lado de Leigh-Anne o dia estava agradável visivelmente, mas a visão ensolarada tinha um preço.

- Por Deus, que calor infernal!- Perrie gritou tentando inutilmente abanar-se com um leque.

- Está mesmo muito quente, Perrie você não prefere voltar para dentro onde poderá se abrigar do sol?

- Lá dentro é ainda pior, é demasiado abafado.- Fazendo um sombra com a mão olhou na direção de Leigh-Anne que não parecia tão incomodada como ela.- Tenho tanta inveja de você!

- De mim? Não vejo razão pra tal, Perrie.

- Pois eu vejo, e apesar do sol em minhas fuças, vejo muito bem.- A negra ainda a olhava confusa.- Olhe para você, teu vestido é leve e solto, pois sendo mais simples e menos elaborado que o meu não possui forros quentes e insuportáveis, como os meus.

- Oh, Perrie.- Ela ria desacreditada.- como pode desejar trajes tão insignificantes como os meus, quando tens acesso a vestidos tão luxuosos como esse que está usando?

- Como não desejar? Eles parecem tão confortáveis! E o que falar de sua pele?- Perrie deu alguns passos na direção da mulher, e a tocou.- Tão bela, e resistente ao sol, diferente da minha que é tão pálida e fraca, poucas horas a mais e estarei um pimentão.

    Leigh-Anne riu e parecia que falaria algo, mas parou e fixou seu olhar para cima. Perrie seguiu a direção que a mantinha tão atenta, na janela superior da sala de visitas a Lady Edwards permanecia parada vigiando-as com estranhamento, ao verificar que havia sido notada fechou as cortinas e se afastou.

- Sua mãe não gosta de mim, Perrie.- Leigh-Anne voltou-se novamente para a nobre, franzindo as sobrancelhas, mirar acima rumo ao sol, havia afetado seus pretos olhos puxados.

- Não se preocupe com mamãe, quem a contratou foi eu e não ela.

- Mas ela não concorda com isso, posso ver pelo modo como me trata.

- Lee...- Perrie pegou em sua mão, parecendo intimidar-se com a atitude, a jovem recuou abaixando a cabeça instantaneamente.- Esquece a minha mãe, você é a minha dama e minha primeira amiga de verdade, você têm dado alegria aos meus dias ultimamente, e saiba que valorizo muito isso.

     Ao fim do que fora dito, Leigh-Anne levantou sua cabeça e seus olhos antes vergonhosos e apertados foram ofuscados por seu sorriso meigo, o que fez com que instantaneamente Perrie sorrisse também tomando a iniciativa de abraça-la. A princípio a jovem permaneceu paralisada, e a Lady pensou ter talvez ultrapassando seus limites e a constrangendo com tanto contato.

    Mesmo que aquilo não fosse espantoso para a moça branca, não sabia se Lee ou seu povo se sentiam mal sendo tão tocados ou abraçados, já que a mesma sempre parecia assustada em situações de intimidade entre as duas. Quando estava se afastando porém, sentiu seus braços envolverem sua cintura e a morena logo a apertou-lhe correspondendo ao abraço sorriu, permanecendo assim por um tempo, até finalmente separarem-se.

- Pezz, não sei descrever ou explicar, só quero que saiba que sinto algo muito bom quando estamos juntas.- Ela olhava pro chão enquanto pronunciava cada palavra, com encantadora doçura.

- Lee, sei que você sente medo do que minha mãe ou os outros pensam a seu respeito. Acima disso eu quero que você permaneça comigo, porque nunca me identifiquei tanto com alguém como têm sido com você.- Leigh-Anne sorriu de expressão divertida como uma criança que planeja uma travessura.

- Perrie...ainda estas com calor?

- Quase morta!

- Sei de um lugar tranquilo onde você poderá se ver livre desse vestido sufocante...

    A camponesa olhou provocativa, sua solução parecia tentadora, Perrie sabia que a mãe ficaria louca quando soubesse que ela confiara ou tivesse ido a algum lugar indicado por Leigh-Anne, além do que, ir com o motorista era pedir pra ser vigiada se ela aceitasse seguir a morena teria que ser as escondidas e apesar do perigo dessa escolha e de não ter certeza do que ela queria dizer com aquilo, a moça ansiava por uma forma de fugir do calor infernal. Lançando um último olhar para a janela de onde antes a mãe esquisitamente as supervisionava, apenas acenou afirmativamente para a morena.

- O que está esperando pra me levar até lá?- Já que estava no inferno mesmo, porque temeria o Diabo? Ainda mais sendo este, tão bela mulher.

Uma Dama Para Lady EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora