A dor e o novo

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    Os delgados dedos tamborilavam sobre a mesa do escritório improvisado na taverna de Madame Luthai, enquanto esperava ansiosa por ela, sozinha ensaiava um modo de falar aquilo, como pedir um aumento sem parecer ingrata, de fato Leigh precisava muito daquele aumento, não queria que ela a entendesse mal, caso fosse demitida sua situação pioraria gravemente. Teria que escolher as palavras com cuidado, a porta rangeu ao se abrir, e madame surgiu esplendorosa em seu já conhecido vestido vermelho de lantejoulas e paites.

- Boa noite minha criança, Como vai minha cantora favorita esta noite?

- Vou muito bem, obrigada madame.

- Em que posso ajudá-la?

- Sei que é um pedido escabroso, e peço que não o iterprete mal. As dificuldades têm piorado em minha casa, e eu perdi o segundo emprego que havia conseguido, vovó parece ter adoecido e bom...Gostaria de saber se a madame consideraria um aumento no salário que ganho?

- Oh minha querida...- Madame Luthai mudou sua alegre expressão para olhos expressivos e preocupados, apoiou sua cabeça entre as mãos e voltou a encarar a frágil cantora.- Eu sinto muito, imagino que a situação esteja ruim em sua casa, mas por aqui não está melhor temos passado por uma crise muito grave, nem mesmo a área vip que eu criei para os clientes têm dado os mesmo resultados de antes.

    Ao ser contratada por madame Luthai a um ano atrás, soube a respeito da área vip dos clientes, desde que fora aprovada como cantora dos shows ao vivo tinha sido veementemente proibida de ir até a tal área, segundo a própria Luthai, aquele lugar não era para moças como ela, era deveras delicada demais para o trabalho que eles lá faziam, e no fundo começara a acreditar que o melhor seria que cantasse somente.

    Nunca soube ao certo a que trabalho ela se referia já que os únicos que ali frequentavam, além da própria madame eram os graçons, e como sendo segredo que era, eles nunca revelavam o que havia lá, apenas sabia que era um lugar de diversão para os clientes, nunca dera atenção demasiada para todo aquele segredismo, porque sua paixão de verdade sempre fora cantar.

- Entendo. Desculpe.

- Não se desculpe, se eu estivesse em melhor situação a ajudaria saiba disso.

- Sim o sei, a senhora ajudou-me quando mais precisei, e a agradecerei eternamente por isso.- A negra debruçou-se sobre a mesa em direção a madame afagando-lhe as mãos, recebendo em trocab um triste sorriso.- Está tudo bem? Parece triste, madame.

- É...estou querida, e já que tocou neste assunto tenho algo a compartilhar, é um triste fato inevitável, ainda não informei aos outros funcionários, então você será a primeira.

- Do que se trata? Madame, está me preocupando.

- Já tomei a decisão, com grande peso no meu coração, terei que abrir mão do meu maior sonho. Leigh, venderei a taverna.

- O que?

- Sinto muito, estou sem dinheiro não posso manter a taverna como gostaria serei obrigada a abrir mão dela.

- Não, madame, por favor a taverna, este emprego é tudo que eu tenho, eu não posso perde-lo.

- Perdão, Leigh, não resta outra saída.

Uma Dama Para Lady EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora