5| minha casa

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lennon

avisei que a gente tá aqui. Ela tá descendo. — Avisei o pessoal.

Estávamos na rua debaixo da casa dela, mas não tinha charme nenhum ali, então decidimos esperar ela descer e dizer onde.

Em dois minutos vi a preta com cara de cabulosa descendo a ladeira e assim que viu a gente abriu um sorriso, que na minha opinião sempre foi a coisa mais linda nela, depois da bunda.

— Léozin!? — Ela abraçou o Dj e colocou os olhos em mim. — Ldez!?

Segurei firme a cintura dela e deixei um beijo no canto da sua boca.

— Você e sua mania de me chamar de Ldez, garota.

— Não gostou, me processa. — Ela deu de ombros.

— Deixa eu te apresentar, Bia! — Léo pareceu lembrar de apresentar o pessoal. — Essa é a Mavi, a Aoxi e o ti Matheuzin.

Beatriz cumprimentou um por um com simpatia.

— Agora explica onde que é esse black ai, porque essa rua tá mais deserta que a minha lista de contatinho. — Léo brincou arrancando risadas de todo mundo.

— Vocês foram lá pro final? — Ela apontou pra rua extensa. Negamos. — Tá explicado. O negócio tá lá no fundão.

— Aí, eu falei pra ir. — Mavi falou.

— O Lennon não quis, né!? — Aoxi jogou a responsabilidade pra mim e eu bufei.

— Vamo logo, vai! — Falei já indo antes que o resto começasse a me apedrejar.

[...]

— E eu te vi dali. Conversando com outros cara, bebendo com outros cara. E eu esperando a minha vez. E eu te vi dali. Mó jeito de mal cuidada mas mantendo a pose e a marra pra ninguém te interromper, continua curtir. — Cantei no ouvido dela enquanto ela tava de costas pra mim mexendo o corpo no ritmo da música do Luccas Carlos com o Bk.

Se tivesse uma música que definisse essa garota, seria essa em disparado.

— Tá cantando pra mim, Ldez? — Ela falou alto por conta da música.

— E eu falei que ela merece ser levada a sério. Que ela perguntou "E se eu não quiser nada sério?" Hã, aí de fato é um caso sério. — Não respondi, só continuei a cantar no ouvido dela.

Beatriz virou de frente pra mim e ficou me encarando com um sorrisinho desafiador.

— É, você tá cantando pra mim! — Ela afirmou.

Ri fraco beijando a ponta do nariz dela.

— Você é linda. — Murmurei reparando cada traço forte do seu rosto.

— Cadê a novidade? — Ela brincou me fazendo revirar o olho. — Brincadeira. Você é bonitão também, Lennon.

— Olha, me chamando de Lennon.

Beatriz revirou o olho.

— Aí, caralho! — Ela falou me assustando.

— Que foi, maluca?

— Eu amo essa música. — Ela fechou os olhos quando começou um ragga.

Como ela disse, estava tendo um black no fim da rua mesmo e estava lotado, mas a vibe era ótima. E era no meio da rua como um baile funk.

Beatriz começou dançar e eu segurei sua cintura acompanhando os movimentos dela. Nossos corpos se encaixam dentro e fora da cama. A gente tinha conexão, seria cegueira não reparar nisso. Beatriz era extremamente gostosa mas não era só sexo que me prendia nessa mulher. Tudo nela me dava êxtase. Eu nunca fiquei tão atraído por alguém como por ela.

Ela abriu os olhos e me encarou, e dessa vez foi diferente de todas as vezes. Eu sentia que ela estava lendo a minha alma. Eu queria poder desviar o olhar, mas ela me prendeu de uma forma surreal. A música ao redor ficou longe como se não fossem duas caixas de som atrás da gente. E quando eu senti um choque percorrer meu corpo desconfiei que tivessem me dopado. Mas Beatriz sorriu me puxando pra um beijo me fazendo perceber que a droga era ela.

Desci uma das mãos para a bunda dela e apertei. Com a outra segurei sua nuca aprofundando mais o beijo. Eu tava começando a me sentir fora de mim sem nem colocar uma gota de álcool na boca. Beatriz tem esse efeito.

Ela se afastou e me olhou meio perdida.

— Me leva pra casa! — Ela engoliu em seco.

Não respondi nada, só puxei ela pra fora de toda aquela multidão. Iria entrar no carro mas ela negou.

— Pra minha casa! — O olhar dela estava escuro como nunca e a tensão era palpável.

Beatriz sempre evitou me trazer pra perto da sua casa. Querer me levar pra dentro dela me fez perceber que não era apenas eu cego de tanto desejo. E nem precisamos fazer muita coisa além de olhar e um beijo.

Não rebati, apenas segui ela pra rua de cima e quando entramos pra dentro eu desliguei qualquer lado racional que ainda me restava.

precipício. | l7Onde histórias criam vida. Descubra agora