22| me contrariar

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beatriz.

  Acordei com a maior disposição do mundo. Já fui arrumar a Nicole que não parava de dizer o quanto tinha sido legal a tarde em Realengo. Eu amava ouvir a empolgação dela.

  Fiz o café da manhã dela e comi ainda ouvindo, só que dessa vez era sobre o Lennon. E meu dia até então estava ótimo, até meu celular apitar mostrando mensagem da pior pessoa pro momento. Felipe.

felipe
oi bia, bom dia! posso ligar pra Nicole?

— Filha?

— Oi, mamãe?

— Quer falar com seu pai?

Ela me olhou meio pensativa.

— Mas eu não vou sair com a vovó?

— Sim, amor. Mas ele quer te ligar. Se não quiser, não precisa.

  Ela não parecia querer tanto falar com o pai, e eu que não vou forçar.

— Eu não quero não, mamãe. — Ela voltou comer animada.

  Meu bom humor voltou por perceber que ela tava começando a desapegar do Felipe. E eu não deixaria mais ele magoar ela.

beatriz.
não dá. ela vai sair com a minha mãe.

felipe
a menina não para com você, né?

beatriz.
como você pode dizer isso com tanta propriedade sendo que você só procura saber dela uma vez por mês, e olhe lá!

felipe
credo, c faz parecer que eu sou um monstro. eu só tô trabalhando mt

beatriz.
eu tbm trabalho muito, sabia, Felipe? mas eu tenho todo tempo do mundo pra cuidar da minha filha .

beatriz.
mas agr ela n precisa mais de você. tá muito bem assim

felipe
claro, ela tem seus macho né

beatriz.
e se for? com certeza mais presente que você eles são

felipe
vai a merda


  Sorri deixando o celular de lado. Voltei prestar atenção na pequena.

[...]

  Terminei de passar protetor solar correndo. Peguei o celular pra avisar que eu já tava indo.

  Lennon tava há cinco minutos no carro lá fora esperando eu me arrumar pra gente poder ir pra praia.

  Peguei tudo que eu tinha pra pegar e desci correndo. Tranquei a casa e em segundos eu já tava entrando no carro do Ldez.

— Finalmente! — Ele dramatizou.

  Revirei os olhos dando um selinho nele. Lennon segurou minha nuca aprofundando pra um beijo de língua.

— Só assim pra você ficar quietinho, hein!? — Falei voltando pro banco do carona.

— Por mim eu ficava quieto pelo resto do dia. — Ele me arrancou uma gargalhada.

Fomos o caminho numa implicância gostosa e o melhor, ao som do melhor! Charlie Brown Jr. Era o meu cantor favorito, e também o único que me fazia ouvir love song sem revirar o olho.

Lennon levou a gente pra ipanema e o dia tava tão bonito que me fazia arrepender de não vir na praia mais vezes.

— Quer ficar aqui atrás ou lá na frente? — Ele perguntou.

— Melhor ficar aqui atrás, evita muitos olhares.

Tudo que eu não queria era estranho vir toda hora na gente pra tirar foto com o Lennon e me olhar como se eu fosse de outro planeta. Os que me ignoram eu agradeço. Mas tem uns chatos que sempre perguntam o que eu sou dele. Eu não tenho simpatia pra ser subcelebridade!

— Tá com vergonha de ser vista comigo, Biazinha? — Lennon esticou a minha canga na areia.

— Tô é correndo de polêmica.

Tirei o short ficando com um biquíni branco de crochê. Era o meu preferido.

— Vamo relaxar, hoje. Deixa o povo falar.

Olhei ele por cima dos ombros surpresa por ser justo ele dizendo isso, que odeia ver o nome dele sendo mal dito na boca alheia.

— E se a gente sair na gossip confirmando o nosso "namoro"? — Brinquei sentando na canga.

— Deixa acharem. Pelo o menos você é gata pra caramba. — Ele piscou pra mim me fazendo revirar o olho.

— Levanta daí. Vamo dar um mergulho!?

Neguei.

— E vai deixar as coisas aqui sozinha? Nem fodendo!

Lennon me olhou por alguns segundos pensativo até só caminhar me fazendo seguir ele com os olhos. O cara de pau parou na frente de um casal que estava há alguns metros distante da gente. Ele falou alguma coisa que fez os dois concordarem sorridentes.

Ele veio até mim com um sorriso irônico.

— O que você falou pra eles?

Ele deu de ombros estendendo a mão pra mim. Segurei sendo puxada pra cima.

— Só disse que eu iria dar um mergulho com a minha namorada e precisava que esses olhassem nossas coisas. — Ele brincou já me puxando pela mão.

— Você não disse isso!? — Neguei rindo.

— Claro que eu disse. Por hoje nós somos namorados.

Era a coisa mais besta que eu já vi ela fazendo. Mas não consegui reclamar e nem contrariar, só concordei.

Ele foi caminhando pro mar me puxando e quando a onda já batia na minha coxa eu mergulhei. Lennon fez o mesmo. Do nada eu senti duas mãos deslizarem a lateral das minhas pernas, logo ele saiu da água com um sorriso mínimo no rosto.

Passei as mãos nos olhos dele pra tirar o excesso da água. E foi aí que eu vacilei. Ele me puxou pela cintura me dando o maior beijão, e eu não consegui negar.

Paramos o beijo com dois selinhos, e eu abri os olhos pra encarar ele e me arrependi de ter feito isso.

Meu estômago esfriou e eu senti minhas pernas vacilarem. Eu queria me desvencilhar dos braços dele e correr pra casa pra nunca mais olhar na cara dele e sentir isso de novo. Mas eu fiz o contrário disso. Acabei começando outro beijo.

As sensações triplicaram, ainda mais quando ele apertou os braços em volta da minha cintura. Foi ali que eu percebi que eu tava me fudendo. E eu não tenho ideia de como parar com isso já que tudo que eu faço é me contrariar.

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eita mores

precipício. | l7Onde histórias criam vida. Descubra agora