lennon.
Agora era oficial eu tinha uma filha. E a minha filha é a menininha mais maneira que eu já conheci.
Ouvir ela me escolher como pai dela foi indescritível. Nunca tinha sentido uma emoção tão forte, e olha que eu já passei por muita coisa. Que ela era uma filha pra mim não é novidade, agora ela me considerar pai dela era algo ainda mais significativo.
Acabei pedindo pra Beatriz pra ela poder dormir comigo na casa dos meus pais, passar uma tarde não seria o bastante pra eu poder amar ela o suficiente.
E quando eu contei pra todo mundo que ela tinha me escolhido como pai? Minha mãe chorou e o meu pai propôs até uma festa. Eu disse que era melhor irmos devagar. Apesar de ser um motivo pra festejar por uns três dias, eu tinha me tornado pai oficialmente, tem também a cabecinha dela. Ela ainda nem me chama de pai, então vamos deixando acontecer como precisa acontecer.
dias depois.
— Pronto, botei ela pra dormir. — Falei descendo as escadas da casa da Bia.
Não estamos tão íntimos como antes, quase não conversamos sobre nós, nossos assuntos eram sempre sobre a Nicole.
— Hoje ela tava agitada. — Ela sentou direito no sofá pra que eu sentasse do lado dela. Fiz isso um pouco longe do corpo dela.
— Não devia ter dado nutella pra ela depois da janta, né?! — Reconheci. Provavelmente se não tivesse sido por isso ela teria dormido bem mais rápido.
— Huhum. Eu avisei!
— Como tão as coisas? — Coloquei o olhar nela.
Eu não aguentava mais viver nesse clima com ela.
— Tudo normal. Ela tá um pouco chata por estar ficando gripada, mas nada que...
— Não tô falando da Nicole, Bia!
As vezes eu sentia que ela sabia quando eu perguntava sobre ela, mas ela tentava fugir. Não entendo isso. Já sabemos o que um sente pelo outro, já paramos de ficar. Estávamos resolvidos, não tinha o porque me evitar tanto.
— Ah, eu tô bem. Lennon. — Ela me olhou.
Eu não sei porque mas não acreditei. Ela tava com olheiras e a cara de cansada.
— Com essa cara de defunto? — Brinquei.
Ela riu virando o rosto pra televisão de novo.
— Seu cu!
— Sabe que pode me contar as coisas, né? — Chamei a atenção dela de novo.
Eu já disse uma vez que ela tem essa mania de achar que não precisa ser cuidada, mesmo lidando com o mundo nas costas. Era bonito, mas isso faz mal.
— Não é nada, Ldez. Fica na boa! — Ela se quer consegui dizer isso olhando nos meus olhos.
— Diz isso olhando na minha cara então, pô!? — Provoquei. Eu não ia parar até ela me falar.
Beatriz me olhou segurando um pouco o riso.
— Eu, Beatriz estou bem, Lennon. — Ela falou com um ar cansado. — Só tô um pouco desgastada desses dias pesados. Nada que eu não esteja acostumada.
— Sabia! — Falei dando uma palma. Beatriz revirou o olho. — Bia, eu já disse que pode me contar as coisas. Por mais besta que seja pra você.
Me sentei do lado dela pra forçar mais contato. Eu queria poder voltar a ser pelo o menos amigo dela.
— Cara, eu não digo por que não muda nada falar. — Ela me olhou com o canto dos olhos.
— Me deixa cuidar de você? — Pedi.
Desde que vimos ser o melhor pararmos de ficar eu tento não invadir o espaço dela. Não iria ficar abraçando e fazendo carinho sem saber se isso era confortável pra ela.
— Eu sei me cuidar. — Ela deu um riso sem graça.
— Tá nítido que sim. Mas não significa que você não precisa ser cuidada, já te disse isso. — Falei sério dessa vez.
— Lennon. Não precisa... — Ela negava mas os seus olhos praticamente imploravam pra que eu abraçasse ela.
Eu sei que ela não precisa de mim e nem de ninguém. Mas é bom saber que tem gente que se importa com você, nem que pra receber um abraço ou conselho.
— Deita aqui. — Bati na minha perna fazendo ela rir negando. — Ah qual foi, nem é nada demais!?
— Cacete, você é chato. — Ela se ajeitou deitando a cabeça na minha perna. Sorri vitorioso.
— Doeu? Não doeu! — Brinquei.
Ela ficou quieta prestando atenção na novela que passava na televisão. Comecei fazer cafuné nos cabelos dela que estavam sem as tranças. Era raro ver ela e a Nicole sem tranças.
Fiquei ali fazendo carinho nela até sentir minha perna pesar. Olhei pro rosto dela e vi ela dormindo serena. Alisei o rosto dela um pouco impressionado como ela consegue ser um furacão e ao mesmo tempo trazer tanta calmaria.
Suspirei saindo do transe. Devagar tirei a cabeça dela do meu colo e levantei. Encarei a mulher enorme quase do meu tamanho dormindo pesado, pedi a Deus forças pra conseguir segurar essa mulher.
Passei as mãos pela lateral do corpo dela conseguindo pegar ela. Beatriz murmurou alguma coisa mas não acordou, só abraçou meu pescoço. Ela era pesada, só que isso não importava tanto agora.
Fui pro quarto dela, cuidadosamente coloquei ela na cama dela. Beatriz murmurou alguma coisa de novo, mas só virou pro outro lado me fazendo voltar a respirar de novo. Passei o edredom por cima do corpo dela e virei de costas pronto pra ir embora, mas não consegui. Precisei voltar dois passos e dar um beijo na testa dela. Aí sim eu consegui sair.
Peguei a chave da porta, tranquei por fora e joguei por debaixo dela. Fui pra casa com a sensação de dever cumprido. Pelo o menos por agora.
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tava escutando Armandinho quando escrevi esse cap, agradeçam
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precipício. | l7
Fanfictiono amor é como um precipício. as vezes a gente pensa que esta voando, mas na verdade esta caindo.