lennon.
A médica passava o aparelho pela barriga da Bia. Era a segunda vez que vínhamos na consulta e ouvir o coraçãozinho ainda dava a emoção como se fosse a primeira vez.
Nicole não pôde vir hoje, a diretora chamou a Beatriz na escola pra dizer que a pequena tinha acertado um soco na cara do menino que chamou ela de macaca. Eu fiquei num orgulho tão grande que quis levar ela pra tomar sorvete depois de buscar ela na escola. A Beatriz me repreendeu, disse que apesar de ter sido ótimo não devemos apoiar a violência. Pelo o menos não agora. A cabecinha dela é muito confusa ainda, então é provável que pode agir assim mesmo que sem necessidade. Então conversamos com ela e dissemos que as coisas não se resolvem assim. Para ela da próxima chamar a gente antes de tomar qualquer decisão.
Cada dia eu aprendo mais com a Beatriz. E há cada minuto do meu dia eu aprendo a admirar ainda mais.
— Tudo bem com a mamãe e com o bebê. — A enfermeira sorriu pra gente. — Beatriz, você tem se alimentado direitinho? Feito algum exercício?
Olhei ela com o canto dos olhos pronto pra pegar se ela mentiria.
— Na verdade não. Essa gravidez me deixa indisposta ao ponto de não querer nem levantar da cama direito. — Ela foi sincera. — E comer eu até tento...
Bia me olhou com um sorriso de lado.
— É. A dona Beatriz não sai de casa desde o começo da gravidez. — Entreguei ela.
— Então... Não pode, né? — A moça limpou a barriga dela que já estava visível. — Bia, você já foi mãe. E pelo que me contou foi um parto mais difícil, não só por ser sua primeira filha, mas também por não ter se exercitado tanto. Tanto nervoso...
Beatriz começou se ajeitar enquanto ouvia a enfermeira que acompanhava gravidez.
— O que eu sugiro é um esforço pra ter uma rotina mais saudável. Atividades físicas. Respirar ar puro!
Ela dizia tudo que eu sempre falo pra Beatriz, mas a gata é teimosa.
— Tá bom, eu vou tentar. Mas vai ser difícil pra mim que nunca tive uma rotina tão saudável. — Ela suspirou levantando da maca.
Terminamos de fazer os exames e eu levei a draga pra comer em um restaurante perto dali. No caminho conversamos sobre duas coisas... O sexo do neném e também o nome. Eu queria chá revelação, mas ela conseguiu me convencer que fazer um exame de sexagem fetal e abrir junto com a Nicole seria mais sentimental.
O nome não tínhamos ideia de nada, e as ideias que tínhamos odiávamos. Então isso a gente deixou um pouco pra lá.
— Bia. Tava pensando, vou voltar a te dar sua liberdade. Amanhã eu volto lá pra casa, não acho que tenha risco do bobão aparecer. — Falei encostando na cadeira.
— Que? Por quê? — Ela parou de comer pra me olhar assustada.
— Eu tô invadindo demais o seu espaço. E como eu disse. Acho que agora não tem mais perigo.
Beatriz abaixou o olhar voltando a comer. Era impressão minha ou ela tinha ficado triste por eu querer ir embora?
— Que carinha é essa?
Ela negou sem nem me olhar.
— Tá chateada deu ir embora?
Foi eu perguntar pra ela largar o garfo e suspirar. Tava óbvio que esse era o motivo.
— Eu me acostumei contigo lá em casa, tá legal? E também a Nicole tá apegada em te ter diariamente. — Ela deu de ombros.
Era tão difícil ela confessar que não queria que eu fosse embora, porque ELA me queria ali?
— Nem é você que me quer lá né!? — Brinquei e ela revirou o olho.
— Se tiver me obrigando a dizer que eu gosto de te ter lá em casa enchendo o meu saco. Eu não vou dizer! — Ela apontou a faca pra mim.
— Para de tentar esconder o que você sente, cara. — Ri. — Minha vida não é a mesma sem você no dia a dia, e eu não tenho problema nenhum em admitir isso!
— É difícil pra mim. — Bia olhou nos meus olhos. — É tudo muito novo pra mim. Estar apaixonada de novo, e ser recíproco. Viver em uma família saudável. Ter um cara incrível do meu lado, me apoiando diariamente. Me amando sem eu nem merecer... Eu nunca precisei demonstrar nada pra ninguém além da Nicole. Então desculpa se eu não consigo dar o carinho que você merece. A sinceridade. — Ela deu uma pausa pra respirar. — Mas eu me esforço pra tentar mostrar que o que eu sinto é recíproco. Mesmo que eu não diga, você me inspira a ser alguém melhor. E é idiotice não conseguir dizer isso sempre pra você, mas é algo que eu tô tentando ainda.
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capítulo curto pra mostrar que eu tô viva
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precipício. | l7
Fanfictiono amor é como um precipício. as vezes a gente pensa que esta voando, mas na verdade esta caindo.