lennon
Hoje eu iria passar a noite no meu melhor lugar. A saudade que eu tava dela era imensurável.
A Bia fica mais bonita a cada dia que passa, e a Nicole parece que cresce em cada milésimo de segundo. E papo reto, você só entende seus pais depois que você vira um.
Pra mim sempre foi motivo de conflito querer sair logo de casa, ir pro mundo. Meus pais implicavam pra caramba quando eu dizia que ia viajar. E hoje, com a Nicole eu entendo tudo. Dói não passar cada segundo, acompanhando cada passo da evolução dela. E eu tento me fazer o mais presente possível, mas a saudade, a insegurança de me perguntar se ela tava bem há alguns quilômetros de distância de mim. O medo, principalmente de não estar ali do lado dela pra proteger de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, seja de um pesadelo até um mau maior, são o que mais me pegam nesses últimos tempos.
Há um ano atrás se me perguntassem meu maior sonho e o meu maior medo seriam sobre minha carreira, ou ate mesmo sobre mim. Mas é engraçado que depois que tu vira pai sua prioridade não é mais você. Tudo que você faz é diretamente, ou indiretamente pro teu filho, seu mundo vira ele e nada mais importa.
[...]
— O que foi, meu amor, que você tá tão quietinha hoje? — Beatriz sentou no sofá do meu lado. Nicole tava encolhidinha no meu colo, e por incrível que pareça bem quieta.
— Nada, mamãe.
Bia parecia preocupada, isso me fez ligar um alerta.
— Não tá sentindo nada, filha? — Dessa vez eu perguntei.
Nicole só negou com a cabeça. Beatriz colocou a mão na testa dela e me olhou como se já dissesse tudo.
— Vou pegar o termômetro! — Ela avisou já levantando.
— Não, Bia, fica aqui com ela. Tu tá com dor, sossega aí.
A preta me encarou querendo negar, mas sabia que eu tinha razão, então sentou no sofá e fez a Nicole deitar no seu colo quade não cabendo pelo tamanho da barriga.
— Tá no quarto, dentro da caixa de remédio.
Assenti indo correndo pro quarto. Automaticamente minha cabeça começou pensar no que poderia ser, mas não deu tempo de chegar numa conclusão. Achei o termômetro e desci rápido pra sala.
Beatriz colocou o medidor na pequena e eu agachei na sua frente vendo seus olhinhos pequenininhos e a carinha dela amuada. Meu coração apertou.
— Bebê, tem certeza que você não quer me falar nada? — Alisei o rostinho dela.
— Eu tô com frio.
— A gente vai resolver isso, tá bom?! — Prometi e ela assentiu. — Que carinha de marrenta. — Fiz careta fazendo ela dar um riso fraco.
— Teu pai é um bobão, hein, filha!? — Bia entrou na brincadeira.
E então o termômetro apitou. Olhei curioso e preocupado.
— Trinta e nove, ponto nove.
Merda.
Levantei pegando a chave do carro em cima da mesinha da sala.
— Lennon? — Bia me chamou. — Calma.
— Eu tô calmo.
Ela riu fraco.
— Não parece. — Me mediu. — Não é motivo de levar ela no médico.
— Como não? A menina tá com quase quarenta de febre.
— Lennon, é só dar um banho e esperar um pouco.
— Mano, e se for sério melhor já levar agora.
Beatriz respirou fundo me irritando. Eu tinha a sensação que ela não tinha noção do que é uma criança de seis anos com quase quarenta de febre.
— Só se acalma. — Ela disse como se fosse fácil.
Se a gente que é adulto já fica mal pra caramba com febre, quem dirá ela pequenininha desse jeito. Pelo o menos lá eles passam algum remédio pra evitar mal estar nela.
— Beatriz, vai pegar os documentos dela, a gente vai no médico sim!
Pela primeira vez eu passaria por cima da palavra dela, mas não pra desautorizar, mas eu sou pai também.
— Filha, fica aqui um pouquinho que eu vou falar com o seu papai. — Ela colocou a pequena deitada no sofá e foi na direção da cozinha, segui ela sem deixar de estar atento na bebê encolhida no sofá.
— Olha só, eu entendo sua preocupação, respeito muito sua palavra como pai dela, mas se eu estou dizendo é porque eu sei o que eu tô falando.
— Eu só quero evitar que piore ou que ela fique mal, só isso.
— Lennon, eu coisas desse tipo desde que ela nasceu. Mas primeiras febres dela eu corria pro hospital, passavam um analgésico e me mandavam ir embora. — Beatriz suspirou. — O que eu digo é, não estou dizendo que sou perfeita, mas eu tenho experiência nisso e sempre evito de levar ela em hospital. E não é por descuido, mas sim por já saber lidar com algumas situações sem precisar expor ela há muitas outras doenças que um hospital tem.
É, olhando por esse lado, realmente hospital não é lugar pra criança. Mas mesmo assim, meu coração aperta de ver ela dessa forma. Eu sinto que eu preciso proteger ela disso.
— Eu só não quero ver ela mal, Bia.
— Você acha que eu quero? Dói ver filho doente, mas eu acompanhei cada doença dela, cada febre, cada enjôo. Tudo. Confia em mim?! — Ela segurou meu rosto me deixando arrepiado.
Não tinha como ir contra os argumentos dela.
Um ensinamento da minha mãe também que hoje faz muito mais sentido é: "toda mãe tem razão".
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Já foram ver minha nova fic com o L7????
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precipício. | l7
Fanfictiono amor é como um precipício. as vezes a gente pensa que esta voando, mas na verdade esta caindo.