beatriz.
— É isso mesmo, Felipe. — Continuei afirmando.
— Eu só não dou na tua cara agora porque eu vou perder a razão. Meu problema é só com o playboy do teu namorado.
— Você vai levar o que brigando com o Lennon? Acha que vai ter o amor da Nicole desse jeito?
Ele continuou mantendo a pose de indiferença, não me surpreendendo.
— A Nicole passou muito tempo contigo. Eu deveria ter escutado minha mãe e pegado a Nicole pra criar. Agora ela tá igualzinha você, Beatriz. Se vendendo pra qualquer um que...
— CALA A PORRA DA SUA BOCA! — Levantei a voz. Ele poderia continuar me chamando de vagabundo, xingando o Lennon até a última encarnação dele. Mas a minha filha... Não mesmo! — Tá maluco, porra? Olha como você tá falando de uma criança, idiota.
Felipe pareceu se surpreender com a minha raiva.
— Agora quer virar mulher, Beatriz?
— Fala da minha filha de novo. Eu viro até homem! — Apontei o dedo pra ele.
— Você sabe que eu não tô mentindo. Quanto tempo esse cara tá na vida de vocês? Meses! E ela já considera ele como pai? Provavelmente foi pelos brinquedos caros...
— Vai se foder! Graças a Deus minha filha tá igualzinha a mim mesmo. Ela soube reconhecer um homem de verdade. A Nicole viu o que é ter um pai de verdade, assim como eu soube o que era homem pra mim. — Ri com ódio. — Você não tem noção no quanto ele é melhor que você, Felipe.
Vi os punhos dele cerrarem. Mas meus olhos pararam na Fernanda entrando com a cara de quem já estava puta.
— Ah chegou quem faltava! — Ele notou ela.
— Vai se foder, babaca. — Ela veio até a mim. — Senta aí, relaxa. Não fica nervosa!
— Como eu não vou ficar? Esse imundo tá falando da Nicole, Fernanda. — Apontei pra ele.
— Amiga, só senta aí. Eu resolvo isso! — Fernanda já empurrou meus ombros pra baixo me fazendo sentar no sofá.
Minhas pernas estavam bambas de tanto nervoso.
— Vai querer vir pra cima de mim, Fernanda? — Ele cruzou os braços olhando ela com desdém.
— Não, só vou te dar cinco minutos pra sair daqui e nunca mais cogitar pensar em vir atrás da Nicole de novo. Caso contrário tua vai se ver na lei, e eu te garanto que não vai ser a da polícia. — Ela cruzou o braço encarando ele de volta.
Fernanda tava quase colada nele.
— Não espero menos de você. Desde sempre tu se envolveu com esse bando de vagabundo, traficante.
Foi inesperado. Mas a Fernanda deu um soco na cara dele que foi lindo. Só que ele empurrou ela me fazendo levantar em alerta. Ele não encostaria nela.
Puxei a Fernanda pra trás de mim e ele abaixou com a mão no rosto.
— Vagabunda... — Ele murmurou de dor. Mas voltou a manter a postura e começou vir na nossa direção.
— Que é Felipe? Vai bater na gente? — Perguntei me impondo.
Ele me encarou perto e eu não desviei o olhar. Eu não tinha um pingo de medo, a adrenalina no meu corpo daria pra enfrentar até o capeta cara a cara.
— Mete o pé. — Falei com calma na voz, porém potência.
— Me obriga. — Ele me desafiou.
Precisei pensar rápido. Peguei o jarro do nosso lado e quebrei na mesinha pra pegar um pedaço do vidro.
— Quer tentar comigo? — Apontei pra garganta. Na raiva que eu tava enfiava aquilo fácil nele.
— Vai me matar? — Ele riu e eu forcei o vidro no pescoço dele fazendo ele se afastar rápido. — Aí, maluca!
— Tá vendo. Se você não sair da minha casa agora eu vou te matar. — Eu não tava brincando.
Felipe pareceu entender que eu não estava mesmo. Já que me olhou da cabeça aos pés antes de ir pra perto da porta.
— Isso não acabou não, Beatriz!
— Ah, acabou sim. Agora mete o pé e não volta mais. — Fui rápido pra perto dele e isso fez ele ir pro quintal num pé só.
E eu achei que estaria perto do alívio, até ver o Lennon entrando no portão. Ele me encarou e os olhos dele parou no caco de vidro na minha mão.
Lennon nem perguntou o que tinha acontecido, só correu na direção do Felipe e já deu um soco na cara dele. Eu e a Fernanda corremos na direção dos dois. E eu pensei em afastar, mas até então ele não tinha chance nenhuma contra o Lennon. Então não interferi e segurei a Fernanda impedindo ela de separar também.
Assistíamos o Felipe se debatendo igual uma barata enquanto o Lennon não media força pra socar a cara dele. E eu juro que nunca imaginei ver ele assim.
— Filho da puta, eu falei que se você chegasse perto delas... Eu ia te rebocar. — Lennon falava ofegante.
— Me... Me solta! — Felipe tentava sair de baixo dele.
— Levanta caralho, tu não é o fodão? Então levanta. — Lennon deu uma nele que eu senti em mim. — Levanta, caralho!
Lennon começou a enfocar o Felipe que conseguiu dar um murro nele. E daí eu percebi que tava na hora de parar.
Abaixei puxando o Lennon. Fernanda também me ajudou a desgrudar o homem de cima da carcaça que o Felipe estava.
Fernanda agarrou o Lennon por trás e eu segurei pela frente.
— Vai, Felipe. Sai e não volta mais! — Falei alto.
Ele levantou com dificuldade e saiu mancando.
— Me solta. Eu vou acabar com ele! — Lennon dizia entredentes. Ele tava cego de ódio.
— Ei, deu. Tu já fez o que era pra fazer. — Puxei o rosto dele fazendo ele me olhar.
— Deixa eu ir, Bia. — Ele tentou se soltar mas eu abracei a cintura dele com força.
— Por favor, chega. A Nicole, ela tá lá em cima assustada. Ela precisa da gente! — Foi a palavra chave pra fazer ele relaxar e não tentar mais relutar.
— Ele não encostou em você, né?
Neguei.
— Tá tudo bem. — Alisei o rosto dele.
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precipício. | l7
Fanfictiono amor é como um precipício. as vezes a gente pensa que esta voando, mas na verdade esta caindo.