lennon.
Foi um alívio do caramba saber que eu podia amar livremente meu filho, sem medo de se apegar.
Beatriz e eu entramos numa discussão sobre qual ser a melhor opção para o pré-natal e ela acabou me vencendo no argumento. Iríamos fazer o acompanhamento no SUS. Eu não tenho a mínima ideia da diferença dos dois, mas eu sentia mais segurança numa clínica privada. Mas como eu iria competir ideias sendo "pai" de primeira viagem com uma mulher que já tem experiência com essas coisas?
E eu também não acho legal eu me meter na gravidez. Ela sabe o que é melhor pra ela.
Nós fomos no postinho e agendamos pra sexta-feira que seria daqui dois dias. Pelo que a Bia me falou a gente ouviria o coração do neném na primeira consulta, já que pelas contas dela vai ter dado por encerrado as cinco semanas que ela não menstrua. Cara, eu fiquei empolgado! Queria contar pra todo mundo. Mas ela pediu calma, e entramos no consenso de contar primeiro pra Nicole e depois pra minha família, e então nossos amigos próximos.
No caminho pra casa ela me contou que a mãe tinha descoberto e também da reação dela. Isso explicou muito o nervosismo dela pra me contar, com uma mãe ridícula daquela até eu. Acabei desviando do assunto pra ela não ficar mal de novo, e paramos no assunto de como contar pra Nicole.
— Medo do reação dela, te juro. — Bia se ajeitou no banco do carro pra tirar o cinto.
— Acho que ela vai gostar. — Encostei no meu banco.
— Ela não é ciumenta, isso ela puxou de mim. Mas é se ela se sentir deixada de lado?
— Vamos incluir ela em tudo. Levar em consulta, perguntar sugestões de nome, por mais que não coloque. É só a gente fazer ela se sentir parte disso. — Dei o meu ponto de vista. Nicole amava se sentir útil.
— As vezes eu acho que você é mais mãe que eu. — Ela riu.
Era bom ver ela rir de novo sem ser algo forçado.
— Mas é isso. Vamos deixar ela participar de tudo. — Bia concordou comigo. — Ela sai da escola daqui... — Olhou as horas no celular. — Uma hora e meia.
— Aí a gente vai pegar ela e conta, né?
Bia assentiu.
— Sim. Aí você vai levar a gente pra jantar, né? — Ela me olhou pidona.
— Folgadinha, tu, hein!? — Brinquei. Seria incrível levar elas pra comerem fora.
— Folgadinha nada! Sou mãe das suas filhas.
Aí me quebrou. E era bonito ver que ela já tava considerando o neném.
— Você joga baixíssimo, Eliza!
Ela riu não se incomodando comigo chamando ela de Eliza.
[...]
— Oi, Bia? Então, ele não pode entrar! — A inspetora da escola me barrou de entrar na escola.
— Ué, por que não?
— Só entra pais ou responsáveis. — Ela me mediu.
— Nem com ela eu posso entrar? — Perguntei já sacando qual era dela. E tava óbvio... Preconceito.
— Ele é pai da Nicole! — Ela falou antes mesmo dela responder.
— O pai dela não é o Fe...
— Não. Esse é o Lennon, e como mãe. E também única responsável pela guarda da Nicole eu libero ele de entrar e pegar a nossa filha. — Nicole foi rude e eu só queria soltar um "toma, otaria". Mas fiquei quieto.
— Ok! — A mulher disse forçando uma indiferença.
Passamos por ela e eu olhei pra ela impressionado.
— Pode parecer que eu passei do limite, mas ela sempre me deixa entrar com qualquer um. Ela tava de preconceito contigo, nem disfarçou. — Beatriz reparou o mesmo.
— Nóis é a cara do freio da inspetora. — Passei o braço pelo pescoço dela fazendo gargalhar. É que gargalhada linda!
— Você é um otario, cara!
Ela me levou até o fundo da escola que era enorme. Vi de longe a pequena numa fila, ela conversava com uma menininha. Tava distraída, isso deu chance da gente surpreender ela.
— Vai pra trás da fila que eu vou lá. — A Bia falou já indo na direção dela.
Obedeci indo pra trás da fila e vi ela falar alguma coisa com a pequena. Nicole se despediu da amiguinha e levantou. Beatriz sussurrou algo no ouvido dela que fez olhar pra trás e me ver.
Nicole arregalou os olhos surpresa e correu na minha direção. Peguei ela no colo e enchi de beijo.
— Você veio! — Ela abraçou o meu pescoço.
— Claro que eu vim. — Encarei o rostinho lindo dela.
Dei mais um beijo na bochecha dela e desci no chão. Nicole segurou minha mão e me puxou pra fila de criança.
— Gente, olha o Lelê! — Ela fez a maioria das crianças me olharem. E grande parte me reconheceu. Gargalhei por ter sido uma reação muito engraçada.
— L7!
As crianças levantaram e eu fiz um toque de mão com elas.
— Ele é o meu papai, sabia? — Nicole falou orgulhosa e meu coração quase falhou de tanto amor.
Peguei ela no colo.
— Mentirosa! — Um moleque falou me deixando um pouco bravo. Ele tinha sido grosso.
— Não é mentira. Ela é a minha filha! — Falei fazendo o menino ficar sem graça.
Deus me perdoe pela falta de maturidade, mas eu fiquei feliz.
— Mas minha mãe diz que você é o namorado dela. — Um outro menino falou me fazendo rir alto.
— Olha que a mãe dela fica brava. — Me referi a Nicole.
Olhei pra Beatriz que negou rindo.
— Tia, você é namorada do L7? — Uma menininha perguntou e ela gargalhou negando.
— É brincadeira dele, eu não fico brava. O L7 só é papai da Nicole. — Ela me desmentiu. — Vamo? Daqui a pouco vão expulsar a gente.
Ri me despedindo das crianças e seguindo ela pra fora da escola de novo.
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precipício. | l7
Fanfictiono amor é como um precipício. as vezes a gente pensa que esta voando, mas na verdade esta caindo.