42| melhor

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beatriz.

  Meu coração tava mais leve mas eu ainda tinha um pouco de receio.

  Eu tenho a sensatez de saber que eu tenho um trauma fodido de relacionamento, gravidez ou qualquer coisa que vincule sentimentos. E o Lennon foi super sensível e carinhoso comigo, mas eu não consigo ainda encarar isso como uma coisa boa. Eu tava frustrada de ter deixado isso acontecer bem agora.

— Então foi no banheiro aquele dia? — Ele perguntou depois de ver quantas semanas eu tinha.

  Concordei com a cabeça.

— Foi horrível quando eu descobri. Na verdade ainda tá sendo bem ruim. — Admiti.

  Lennon deixou a folha de lado pra poder me dar um abraço de lado.

— Eu sei que não era a hora. Na verdade do jeito que estamos não teria hora nenhuma pra isso. Mas sendo bem sincero? — Ele me fez olhar pra ele. — Eu quero passar isso contigo.

— Eu queria tanto pular de alegria com isso, e eu me sinto muito culpada. Mas pra mim é uma merda. — Fechei os olhos tombando a cabeça no encosto do sofá.

— Você tá com medo?

  Suspirei. Eu não tinha a mínima ideia do porque eu não estar nenhum pouco feliz com isso. Mas medo era uma das coisas que eu conseguia distinguir das sensações ruins.

— Um pouco. — Encarei ele de novo. — E eu sei que você não é o Felipe. Só que na minha cabeça tudo vai acontecer de novo a qualquer momento.

— Eu te entendo, neguinha. — Ele me puxou me fazendo deitar a cabeça no seu colo. — Tu tá traumatizada do que aquele babaca fez contigo. Mas confia em mim.

— Não é tão fácil assim, mas eu vou me esforçar. Tá bom?

— Pra mim tá ótimo. — Ele fez um carinho com a ponta dos dedos na minhas costas.

[...]

Acabou que o Lennon quis dormir aqui em casa pra ver como eu iria ficar. Coloquei a Nicole pra dormir na minha cama de novo. Ela não tava entendendo nada, coitada. Mas amava dormi comigo.

Depois de horas de sono mais tranquila eu consegui acordar mais disposta que os outros dias. Me sentia melhor. Não cem porcento, mas era um baita avanço pra quem só consegue dormir dopada de remédio.

Levantei pra tomar um banho e despertar logo. Avisei minha chefe que eu não estava tão bem que depois mandaria o atestado que a médica me passou. Eu poderia dizer que eu estou grávida mas não me sinto nenhum pouco confortável. Já é horrível lembrar quem dirá contar pras pessoas.

Vesti uma roupa fresca e desci vendo ele ainda dormindo no sofá. Não olhei muito se não ficaria ali por minutos só admirando como ele pode ser tão lindo até dormindo.

Fui pra cozinha passar café e colocar as coisas na mesa. Normalmente eu já sei o que a Nicole gosta de comer então coloco só o que nós duas vamos comer, mas do Lennon eu não sei absolutamente nada. Então servi tudo que tinha de café da manhã na mesa.

Encarei a mesa orgulhosa. Não por ter feito uma mesa bonita mas por ter disposição pra fazer isso. Minha vontade era só de entrar naquele quarto e não sair mais. Mas eu consegui!

— Aí, na moral!? — Ouvi a voz rouca do Lennon entrando na cozinha. — Nem tomo café mas esse tá cheirosão.

Olhei ele com a cara amassada e os olhos inchados. Meu deus como eu me odiava por achar ele tão lindo assim.

— Bom dia, vou acordar a Nicole. Pode ir comendo! — Forcei um sorriso.

— Tá bom. Cê tá melhor?

— Não como eu queria estar mas bem melhor. — Falei antes de sair da cozinha.

Subi pro quarto rápido e enchi a pequena de beijinhos até ela despertar.

— Mamãe, eu tô com sono. — Ela fechou os olhos de novo me fazendo ver que eu teria que apelar.

— Ah, então vou avisar o Lelê que você quer dormir e não vai descer pra tomar café com ele. — Falei sabendo que seria mágico. E foi.

Nicole sentou na cama me olhando com os olhos animados e inchados.

— Ele ainda tá aqui?

Assenti e ela ficou de pé na cama pulando no meu colo. Ri por ter sido muito inesperado.

Desci com ela no colo e como se eu fosse ninguém, ela me trocou pelo colo do Lennon.

— Mamãe, o Lelê vai me levar pra escolinha?

— Amor, hoje você não vai, tá bom?

Eu só queria poder ficar agarrada nela o dia inteiro. Nicole era a única coisa no mundo que podia me tirar qualquer tristeza só por estar do meu lado. Podia ser egoísmo meu, só que eu precisava dela.

— Ah! Tá bom, mamãe. Lelê você vai ficar aqui em casa hoje? — Ela olhou pra cima o passa fome com a boca cheia de pão.

Ele me olhou cauteloso e eu dei de ombros como se fosse carta branca pra ele escolher. Eu torcia pra que ficasse. Precisava de gente que me fizesse bem, e ele era uma dessas pessoas.

— Vou, meu amor. — Ele falou depois de engolir o pão.

Dei um sorriso de lado pra ele.

Minha programação mental estava em levar os dois pro meu quarto e assistir filme a tarde inteira. E consegui.

Nicole ficou no meio de nós dois e eu implorei pra não colocar Rio. Ela concordou em colocar um filme diferente. Eu coloquei um dos únicos que eu amava quando era criança "os sem-floresta" O Lennon parecia ser mais criança que a Nicole, riu de tudo do filme como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

  Depois colocamos um da marvel que eu nem acabei de assistir. Dormi com o cafuné do Lennon nos meus cabelos.

$.$

bom que eles são uma família e nem sabem

precipício. | l7Onde histórias criam vida. Descubra agora