precipício. | l7

30| desgastante

lennon.

— Tchau, meu amor. — Enchi a Nicole de beijos.

— Tchau, Lelê. Te amo. — Ela me deu um beijo na testa.

Eu nunca vou me acostumar com isso. Nunca!

— Eu também te amo, meu amor. — Devolvi o beijo na testa dela.

Levantei ficando cara a cara com a Beatriz. Desde que a gente acordou ela não conseguiu me encarar por mais de dois segundos e eu não julgo.

— Tchau, Bia. Posso te dar um abraço?

Ela concordou abrindo os braços. Apertei ela nos meus braços e senti o cheiro dela que tanto me acalma.

Eu sinto algo por ela, notório. Mas eu não vou fazer como das últimas vezes. Se fosse outra pessoa eu me entregaria sem nem pensar duas vezes, mas era ela. A pessoa mais machucada que eu já conheci depois de mim.

— Desculpa. — Murmurei.

— Relaxa!

Olhei uma última vez antes de dar as costas e sair. Tinha um nó na minha garganta e uma tonelada em cada ombro.

Se eu soubesse alguma forma de fazer isso sem doer... Mas eu não tenho ideia, eu não sei como não machucar. Como não me machucar. Eu sou maluco por essa mulher, mas isso não é o suficiente. Eu só quero proteger ela de qualquer dor, de mais uma desilusão e pra isso acontecer eu só preciso dar o tempo dela. Deixar ela respirar um pouco.

[...]

Acabei mudando a minha rota. Parei na casa dos meus pais, também estava com saudade deles. E eu preciso distrair a cabeça se não eu me martirizaria ainda mais.

— Olha quem lembrou o caminho de casa! — Silvana me abraçou assim que eu passei pela porta.

— E aí, coroa!? Cadê todo mundo?

— Seu pai tá no escritório. Seus irmão já já chegam do shopping com a Alexa. — Ela já foi pegando minha bolsa.

Caminhei pro escritório vendo meu pai concentrado no computador.

— Pai? — Chamei a atenção dele.

Seu Anderson levantou sorridente pra dar um abraço. Essa era a minha maior referência de homem e pai. Espero um dia conseguir ser metade pra Nicole do que ele é pra mim.

— Que saudade, filhão. Faz tanto tempo, cara.

Realmente, vim aqui há duas semanas antes de ir viajar.

Acabei juntando os dois pra sala pra ficar conversando sobre coisas aleatórias. Até meus irmãos chegarem e ficarem perguntando sobre a Nicole. Eu contava tudo de mais importante da minha vida pra minha família. Por que não falaria sobre ela?

Uns dois meses convivendo com a Nicole eu já tava aqui contando pra minha mãe. Já mostrei algumas fotos pra eles, vídeos e estavam todos doidos nela.

— Cê tem que trazer ela pra cá, filho. Pra conhecer a gente. — Minha mãe disse me fazendo concordar.

— Acho que eu consigo trazer ela aqui no meu aniversário. — Falei animado. Minha mãe sempre faz alguma coisa, não seria diferente agora.

— Ótimo, a gente faz um churrasquinho. Tu aproveita e trás a mãe dela. Como é o nome dela mesmo? — Silvana já começou com as coisas dela.

— É Bia, mãe. — Lucas falou malicioso.

— Verdade, a Beatriz! — Maria concordou entrando na onda do Lucas.

— Trás ela, filho! — Meu pai também já começou.

— Gente, eu e a Bia não temos nada. Eu posso até tentar chamar ela, mas provavelmente ela não vai querer. E eu entendo.

Tentei tirar o foco da Beatriz e até que consegui. Mas o assunto me deixou pensativo um pouco. Ao mesmo tempo que eu me arrependo de preferir não manter nenhuma relação com ela, eu faria tudo de novo.

O amor pra mim é doloroso, e se fosse só por mim eu arriscaria. Mas eu insisto em dizer que só machucaria ela. O meu jeito de amar nunca foi bom, eu não podia ser egoista e pensar só em mim.

[...]

Voltei pra casa ainda me sentindo um pouco mal. Aproveitei pra tirar o tempo pra dormir e não pensar mais nisso. Mas não consegui.

Tá vendo? Por que tem que ser sempre tão difícil gostar de alguém? É tão desgastante.

Acabei indo mexer um pouco no celular pra evitar pensar nisso e até que funcionou.

beatriz.

Bufei prendendo minhas tranças num coque.

Eu não podia deixar minha cabeça me foder, então pedi pra Fernanda pegar a Nicole pra eu poder virar a casa do avesso numa faxina pesada. Esse era o jeito que eu encontrei de me distrair de qualquer merda.

Mas a cada esfregada eu pensava no quando parecia recíproco. E... Porra, Beatriz, foco!

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5/5

😋😋😋😋