precipício. | l7

29| tu se apaixonou?

beatriz.

Nicole quase me implorou pro Lennon dormir aqui, e só por ela eu concordei.

  Deixei os dois assistindo segundo filme do Sherek na sala e subi pro quarto pegando algumas cobertas e um travesseiro. Desci e coloquei em cima do sofá fazendo o Lennon me olhar confuso.

— Você pode colocar ela pra dormir? — Perguntei não querendo muita graça com ele.

Lennon assentiu ainda com a cara de quem não tava entendendo nada. Outro dia, quando eu ver que não for rude com ele por um erro meu, eu digo o porque de não querer mais dar brechas pra ele.

— Boa noite, meu amor. O Lelê vai te botar pra dormir hoje, tá bom? — Dei um beijo na testa da pequena.

— Tá bom, mamãe. Boa noite, te amo! — Ela me deu um sorriso gostoso.

— Te amo mais que tudo!

Mandei um beijo pra ela e subi pro meu quarto.

Só troquei de roupa por já ter tomado há pouco tempo atrás. E inclusive foi interrompido pelo Felipe que veio aqui em casa de surpresa. Pra marcar território, aposto.

Coloquei um pijama folgado e me enfiei embaixo do meu edredom. Fiquei descendo o feed do meu instagram até me bater o sono. Bloqueei a tela e virei pro lado pensando só em dormir. Mas o inimigo quando ele não tenta, ele consegue.

Minha cabeça voltou nele e o quanto eu me sentia boba de ter deixado ele me tocar dessa forma. Tava tão melhor no começo, mas eu me senti a vontade de descontrolar meus limites e agora eu tô aqui.

  Eu voltei acreditar no amor depois que eu segurei a Nicole pela primeira vez. Mas eu perdi totalmente a fé que eu tinha em como as pessoas amam. Te fazem acreditar que pra valer a pena no fim tem que doer no começo. Sem dúvidas essa era a maior merda que eu escutei. As pessoas não sabem amar, e eu principalmente. Além da minha filha eu não sei me apaixonar ou amar sem fazer doer em mim ou na outra pessoa.

  Quando eu vi que o Lennon tinha mais ou menos as mesmas ideias sobre o mundo, achei que daria certo. Quando ele começou se doar pra minha filha da forma mais genuína e bonita. Principalmente quando me olhava, me beijava ou só ficava perto de mim, eu falhei. Errei em me apaixonar, mas caramba. Como eu faria isso sendo que ele era incrível o tempo inteiro? Tudo bem que a culpa era inteiramente minha por isso, mas era injusto! Ao mesmo tempo que eu me sinto culpada de ter deixado chegar nesse ponto, eu culpo ele por me fazer sentir como há muito tempo eu não me sentia.

— Merda, Lennon... — Murmurei irritada.

— Eu o que? — Ele apareceu na minha porta me fazendo engolir em seco.

  Tá vendo, por isso eu digo. Quando o inimigo não tenta, ele consegue. E conseguiu!

— Que que tu tá fazendo aqui? — Sentei na cama desviando o assunto.

— Tu acha mesmo que eu vou conseguir dormir sem saber o que que tá acontecendo? — Ele acendeu a luz me fazendo apertar os olhos pelo incômodo. — Desculpa. — Ele murmurou pela luz.

  Que vontade de soltar um: Mas eu consigo, boa noite!

  Mas realmente não era justo tratar ele dessa forma sem nem dar satisfação. Eu não sou filha da puta.

Bati na minha cama fazendo ele sentar.

— Olha, você sabe que eu sou sincera. Mando o papo reto desde sempre. — Comecei. Lennon assentiu. — A gente não pode continuar ficando.

— Oxi, por quê?

Suspirei tentando criar coragem. Era mais difícil confessar do que eu imaginava.

— Eu fui emocionada. Pulei meu primeiro limite contigo. — Mordi o canto da boca. — Me apaixonei por você.

Vi trinta milhões de expressões passarem pelo rosto dele. Não era pra menos.

— Pera aí... Preciso de uns segundos pra entender. — Ele pediu. — Tu se apaixonou?

Assenti.

— Não era pra ter acontecido. Acho que eu misturei as coisas, foi informação demais. Tu chegou na minha vida, começando fazer parte do meu convívio, tratando minha filha com todo amor do mundo... Me tratando tão bem... Cara, desculpa. Eu fui emocionada.

Lennon ainda tava boquiaberto. Ele tava sem palavras.

— Não precisa falar nada. Não vou te tratar mal, nem muito menos te afastar da Nicole. Eu só preciso parar contigo. — Falei sabendo que esse era o medo dele.

— Bia...

Ele continuou me olhando com uma expressão de pena. Eu não julgo. Também estava morrendo de dó de mim por estragar um lance tão bom como o nosso.

— Caramba, cara. Eu não sei o que dizer, de verdade.

Sorri confortando ele.

— Tá tudo bem, cara. Só preciso de uns diazinhos pra superar tudo isso. Vai passar!

Ele me olhou com certo cuidado.

— Tudo bem. Se você acha que é o melhor pra você... — Ele levantou. — Boa noite!

— Boa noite!

Lennon apagou a luz e já ia sair do quarto mas me chamou.

— Bia?

— Oi?

— Eu juro que se fosse em outra época eu amaria ouvir isso. Na verdade eu quem estaria dizendo isso. Você é a mulher mais incrível que eu conheci até aqui, só que eu não posso te machucar. Eu não quero que tudo acabe como das últimas vezes.

Que bom que ele apagou a luz, assim ele não via o quanto eu tinha amolecido com isso.

— Você é foda, Lennon. Mas temos que concordar. O amor iria fuder com a gente.

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calma bebers KKKKK

4/5