35| vencer na mega-sena

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beatriz.

   Lennon conseguiu me distrair ao ponto deu esquecer o mal humor e até consegui relaxar mais. Quando deu umas seis da tarde falei que já tava na minha hora. Como sempre o Lennon falou que ia me levar em casa.

Fomos o caminho conversando sobre idiotices e quando chegou na porta de casa eu não queria mais sair dali.

— Quer entrar? A Nicole tá aí provavelmente. — Falei tirando o cinto.

— Pensei numa coisa melhor. Bora nós três num rodízio aqui perto? Passei hoje na frente quando tava vindo pra cá. — Ele propôs.

Eu e o Lennon tínhamos dado uma afastada e nesses últimos dias eu vejo ele querendo reaproximar de alguma forma. Coisa que eu não julgo, eu também sinto falta da nossa intimidade de antes. Mas não é assim que a gente consegue lidar com esses sentimentos indesejados.

— Tu pode levar só a Nicole. — Propus.

Lennon suspirou.

— Bia, por favor, não me afasta assim. Eu sei que você tá com medo do que tá sentindo, eu também tô. Mas eu não aguento mais ficar tão distante de você. — Ele admitiu.

Engoli em seco. Nunca foi tão difícil afastar alguém como tá sendo difícil manter ele longe. E o mais engraçado é que a gente nem era tão grudado antes mas eu sinto falta dele todo dia do meu dia.

— Estar com você intensifica o que eu quero apagar. Te afastar não é fácil, acredite!? — Fui sincera.

Sempre fui verdadeira não só sobre o que eu sinto com ele, também sobre o que eu quero e a minha visão.

— Então não afasta. Não precisa ser assim. A gente consegue lidar com isso sem parar de ter intimidade.

— Tu dizendo é fácil, Ldez.

— Mas é. A gente que tá complicando. — Ele riu me fazendo concordar.

O problema não eram os sentimentos, nem se envolver. O problema era nós dois.

— Olha, vamos devagar. Tá bom? — Propus.

— Vamos no seu tempo. O que importa é estar contigo.

Senti meu corpo fraquejar um pouco por causa da frase.

— Cacete, para de falar essas coisas. — Ri encostando a cabeça no banco.

— Foi mal. Mas e aí, a gente vai no rodízio?

Olhei ele com o canto dos olhos.

— Tá bom, Lennon. Vamos!

Ele fez a mesma comemoração da Nicole. Que ódio, foi fofo.

— Arrumem-se que eu vou lá em casa tomar um banho e já venho pegar vocês. — Lennon falou animado batendo no volante.

Revirei o olho sorrindo. Deixei um beijo na bochecha dele antes de descer do carro.

— Vai com cuidado. E põe a porra do cinto! — Falei pela janela dele.

Lennon fez careta mas me obedeceu.

[...]

— Oi, Lelê! — Nicole falou vendo ele na janela do carro.

— Oi, gatinha. Tá com fome?

Nicole concordou rindo.

Abri a porta do banco de trás e vi uma cadeirinha quase igual a que ela tinha em casa. Mas eu não vi ela hoje aqui.

— De quem é essa cadeirinha aqui? — Perguntei colocando ela.

— Da Nicole. Comprei esses dias. Pra ser mais fácil, tá ligada?

Assenti dando um sorriso fraco.

— Lelê, onde a gente vai comer?

— Tu gosta de carninha? — Ele olhou pra ela.

— Muito!

— Então. A gente vai num lugar que vende muita carninha.

Terminei de colocar ela na cadeirinha e entrei no carro também. Lennon arrancou mo o carro e a gente foi conversando entre os três.

Quando chegamos no lugar o recepcionista recebeu a gente como: família. E foi bem estranho pra mim que sou grande, imagina ter que explicar pra Nicole.

— Então eu, você e o Lelê somos uma família? — Ela falou admirada.

— Claro, filha. Sua professora não disse que quem escolhe papai e mamãe é o seu coração? Assim também se escolhe a família. — Tentei explicar.

Ela fez um "a" silencioso.

— Que legal!

Mal chegamos sentamos e ela já implorou pra ir nos brinquedos que tinha no fundo do salão. Liberei só depois dela comer um pouco.

— Tu escolheu esse lugar aqui por causa dos brinquedos, né? — Falei sacando a dele.

Lennon riu concordando.

— Eu vi aqueles tubo grandão e pensei em quando eu era pequeno. Implorava pro meus pais me levarem. Aí hoje eu tenho uma condição pra fazer isso pela Nicole.

Sorri me amolecendo. Toda vez que ele fala dela com esse amor eu me amoleço, não tem outro jeito.

— Você é um pai foda.

— E você uma mãe incrível também. — Ele me olhou de um jeito estranho. — Eu posso te elogiar?

— Ué, por que não poderia? — Eu disse confusa.

— Eu tô indo no seu tempo. Não sei se esse tempo permite eu te elogiar.

Ri pelo excesso de respeito.

— Tava falando mais sobre os momentos. Por exemplo, te ver sempre é uma coisa que eu sei que não me faz te esquecer.

Lennon me olhou com deboche.

— Me esquecer?

— Você sabe o sentido que eu tô falando. — Desviei o olhar pra Nicole escorregando no enorme tobogã.

— Ter você gostando de mim é tipo vencer na mega sena e perder os números. — Ele me fez encarar de novo. Não sabia se ria ou matava por falar essas coisas.

— Ih, garoto. Que isso. — Falei sem graça.

— É sério. Você passou cinco anos sem gostar de ninguém. E se tornou uma rocha, era quase impossível ver você demonstrar alguma coisa. — Ele não mentiu. — Ver que você se apaixonou por mim da a sensação de ter ganhado muito. Mas saber que não vale de nada me trás a tristeza de perder uma copa.

Tinha sido forte e verdadeiro. E eu não aguento mais toda conversa com ele me sentir fraca assim. Era horrível ter que se fazer de forte o tempo inteiro, ele chegar e nem precisar de muito pra me fazer perder o chão por alguns segundos.

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vlw baddielais

precipício. | l7Onde histórias criam vida. Descubra agora