16| sim, senhora

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lennon.

Tocava um pagode alto enquanto os amigos e a família da Aoxi conversavam, cada um em seu grupinho.

Eu fui pegar um matte pra mim na cozinha de fora e já estava voltando pra falar com o pessoal, mas eu parei um pouco pra olhar a Beatriz brincando com a Nicole na beira da piscina. As duas sorriam como se fosse a coisa mais divertida, e parecia divertido até pra mim.

A Bia tava esse tempo todo com medo da Nicole se apegar em mim, mas foi o contrário. Nesses meses tudo que antes tava tão chato ficou leve. Eu não tava conseguindo mais sair do estúdio por não ter algo me prendendo fora dele, agora se eu pudesse me mudar pra Duque de Caxias só pra ver ela todos os dias, eu iria.

Caminhei na direção delas não aguentando ficar só olhando.

— E aí, que que vocês tão fazendo? — Perguntei sentando na borda.

— Lelê, a gente tá brincando de tubarão. Eu sou o tubarão e a mamãe tem que fugir. — Ela contou animada.

— Ah, e eu posso brincar também? — Perguntei colocando meu matte no chão.

— Pode!!!

Entrei também na piscina com elas.

— Eu sou o tubarão. hahahaha — Falei mergulhando e ouvi os gritinhos dela se longe.

Levantei a cabeça de novo e vi a Beatriz colocar ela nas costas e sair nadando. Fui atrás delas e peguei a Cole do colo dela fazendo ela gargalhar.

— Droga, tubarão! — Beatriz brincou.

— Você sabe boiar, Bia? — Perguntei ainda num tom de brincadeira.

— Não sei não. Como que é?

— Vamo mostrar pra mamãe como é boiar? — Perguntei pra pequena.

— Mas eu não sei boiar, Lelê.

Ri pela fofura.

— Oh, é assim. — Deitei ela no braço igual um neném, mas ela ficou com medo. — Ei, confia no Lelê!

Ela foi relaxando o corpo aos pouco. Não tirei os braços de baixo dela por medo dela pesar de novo e acabar se afogando.

Nicole sorriu enquanto eu balançava o corpo dela devagar pela água. Olhei pra Beatriz que sorria pra mim.

— Agora é a vez da mamãe! — Nicole falou se levantando.

— Não sei se eu vou conseguir, filha. — Ela brincou.

— É só confiar no Lelê, mamãe. — Ela falou inocente. Beatriz pareceu ficar tensa, mas sorriu.

— Tá bom, amor.

Fui colocar a Nicole sentada na beira da piscina pra eu poder pegar a Beatriz, mas a pequena fugiu da minha mão e foi nadando pro lado da mãe dela. Ela sabia nadar. Eu achava que não por estar com boias no braço.

— Sim, ela sabe nadar. — Beatriz falou perto de mim rindo. Ela tinha percebido a minha cara de surpreso.

Peguei a Bia no colo sem muito esforçou por conta da água. Ela esticou o corpo, mas ainda tava tensa.

— Relaxa. — Pedi baixinho e ela fechou os olhos suspirando.

O corpo dela também foi ficando leve ao ponto de flutuar sozinha, mas eu continuei com as mãos nela fazendo ela balançar levemente. Deslizei os olhos por ela até o seu rosto e ela sorriu ainda de olhos fechados.

Ela estava tão serena e tão... Linda. Fiquei perdido por um tempo no rosto dela até seus olhos se abrirem e ela me encarar de volta. Como naquela noite eu fiquei em transe.

— Você é linda. — Murmurei.

Ela sorriu tímida. Eu nem acreditei que tinha conseguido deixar Beatriz Mitrano sem graça.

— Tu também.

[...]

Tinha passado das onze da noite e a Bia tinha ido botar a pequena pra dormir. Fiquei ali gastando com os caras.

— Fala aí, não é só pela Nicole, né!? — Léo falou baixo do meu lado.

— O que?

Ele estalou a língua.

— Essa aproximação. Eu vi como você olhou pra ela hoje. Achei que tu tava com medo de se apaixonar.

Agora ele marolou. Claro que eu estava me aproximando pela Nicole, não que eu não pudesse me apaixonar pela Beatriz, mas não passava de uma admiração que aumentou bem mais depois que eu conheci ela como mãe. Só que não tinha nada haver.

— Lógico que não, cara. E outra minha relação com a Bia ultimamente tá só na amizade. — Falei a verdade.

— Então repara como vocês estão se tratando. Tô falando isso porque eu via vocês no começo, e mano mudou tudo. Desde como vocês se tratam ate os olhares.

Realmente. Mas até então eu acho normal. Antes a gente só ficava, agora eu visito o ciclo pessoal dela. Sou íntimo da Nicole, como não mudaria?

— Léo. Para de encher meu ouvido, cara. — Falei rindo. — Isso é normal.

Ele levantou as mãos em rendição.

— Chegou a bagaceira! — Ouvi a voz da Bia gritando.

Olhei pra ela perto da porta com uma garrafa de gin na mão.

— Agora sim, porra! — Léo comemorou.

Enquanto a Nicole estava aqui ela não tinha colocado uma gota de álcool na boca, e foi até estranho.

— Lennon, você não bebe. Se eu bater a nave, cuida da minha filha. — Ela falou se aproximando de mim.

Isso ela não precisava nem pedir.

— Sim, senhora.

precipício. | l7Onde histórias criam vida. Descubra agora