Armadilha

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- Olá filhinha. Não sabe como eu esperei por isso. - eu estava apavorada, senti o pânico percorrer minhas veias e me afastei o máximo que pude dele. O som das chicotadas e a dor voltaram com tudo, as memórias tomaram conta de mim, assassina, monstro. O armário escuro, lágrimas se formaram em meus olhos mas eu me recusei a deixá-las cair.

- Eu não estou entendendo - eu falei e me amaldiçoei por ter deixado minha voz tremer.

- Há um tempo atrás eu tinha uma irmã, você não a conheceu. Então ela morreu e o assassino nunca foi encontrado, eu passei anos e mais anos procurando, investigando. Tudo para me vingar, e então achei o culpado. A culpada no caso. Foi tão fácil te manipular - ele riu

- Eu continuo sem entender - embora eu já tivesse entendido, precisava que ele continuasse falando.

- Eu peguei o telefone da Hanna e mandei seu número - ele explicou como se eu fosse idiota e eu realmente estava me sentindo uma.

- Onde está a Hanna? - Richy perguntou e Mari o repreendeu com o olhar, se ele continuasse falando o plano dela de fazer o monstro que ela compartilhava o mesmo sangue prestar atenção nela e somente nela daria errado. Ela sabia que ele iria se virar para o mecânico, e se ele fizesse isso, Richy já era.

- Ah, ele fala - seu pai deu um chute em Richy que gemeu de dor e eu me obriguei a não esboçar nenhuma reação - Enfim, mataria dois coelhos com uma cajadada só. Me vingaria da Hanna e de Você.

- Você sabe que é tão culpado pela morte dela quanto eu - Mari falou no tom mais frio que conseguiu - Você também não viu o que estava acontecendo e você dormia na cama dela todas as noites, eu era só uma criança, a obrigação era sua - eu falei e senti uma dor no meu maxilar, ele havia me dado um soco. Eu o olhei com nojo e ele sorriu com escárnio

- Vou colocar tantas balas em você que nem Deus vai te reconhecer - a voz dele era fria.

- Eu sou ateia, atire à vontade - eu sorri e cuspi nele. Uma atitude burra e impulsiva, mas quanto mais raiva ele concentrasse em mim melhor.

- Sabe, antes disso acho que podemos brincar um pouquinho mais  - meu pai falou e eu senti o sangue virar gelo em minhas veias. Nesse momento eu desisti de pensar em algo para sair dali. Ele não ia deixar, nunca.

- Você sabe que eu sempre amei brincadeiras - eu sorri irônica e então a outra figura mascarada entrou pela porta, a segunda figura era muito menor que meu pai, e não perdeu tempo e foi logo tirando a máscara.

- Hanna? - Richy falou encolhido no canto da parede e Mari deu outro olhar o advertindo para calar a boca. Hanna? Mas que caralhos?! Eu sempre soube que tinha alguma coisa errada nesse caso, mas não isso.

- Quem você acha que o seu hacker escolheria, Mari? - meu pai falou e eu senti meu coração doer, se ele continuasse me batendo seria melhor - Você ou a Hanna? Se eu ligasse para ele agora, quem ele escolheria salvar?

- Eu não preciso que ele escolha me salvar, papai - eu sorri  e pisquei para o meu pai que revirou os olhos, mas era meu pai, ele me conhecia - Você mais do ninguém devia saber que eu sei cuidar de mim mesma.

- Eu mais do que ninguém sei o quanto você ama aquele Hacker e o quanto as palavras dele doeriam em você - ele sorriu para mim e eu revirei os olhos

- Escuta aqui sua vadiazinha, Jake é meu escutou? - Hanna falou e Mari sorriu de canto para ela

- Ah que fofa, Hanna. Fingiu um sequestro para chamar atenção do irmão pelo qual é apaixonada? Achei fofo. Ela não pensou nem uma vez em você enquanto me fodia, sabia? - uma mentira, com certeza o hacker deveria ter imaginado Hanna no lugar dela. E finalmente algo se solidificou na mente dela.

As Estrelas Em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora