Capítulo Três.

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Entrar em Midtown, em pleno verão, em um sábado, com pessoas que você não conhece e chegando em um carro Audi e-tron GT -que Peter tinha certeza que mesmo se trabalhasse a vida inteira não conseguiria comprar-, com certeza não estava em seus planos. A viagem de carro foi tranquila apesar de tudo, Harley tinha ido no jatinho particular de Tony para MIT (Massachusetts Institute of Technology), que aparentemente estava fazendo PhD em Física e Engenharia Eletrônica, igual ao pai. O loiro se despediu e o segurança foi em direção ao A Midtown, que ficava no Queens, em Nova York, enquanto a faculdade de Harley ficava em Massachusetts.

Peter não entendia porque o "irmão", não podia fazer faculdade mas perto, mas parecia que Tony não se importava nem um pouco em levar o filho de jatinho particular todos os dias, desde que o mesmo seguisse seus passos e estudasse na mesma faculdade em que ele tinha se formado. Ele não tinha ouvido Pepper falar nada, mas esperava que ela pensasse igual a si.

- Chegamos. - avisa o segurança. A garotinha, que ele havia descoberto se chamar Morgan, é a primeira a se despedir do homem em um abraço desajeitado, Peter faz o mesmo logo em seguida, pegando sua mochila e abrindo a porta. - se comportem e prestem atenção na aula, venho buscar vocês no horário de sempre.

- Pode deixar, Happy! - grita a morena, já correndo até a escola pra se encontrar com as amigas.

- Vê se cuida dela, Peter.

- Claro, vou fazer o possível. - concordo divertido, fechando a porta e começando a andar em direção contrária ao carro.

Não sem antes ouvir um: "não se atrasem, se não eu vou embora e deixo vocês apê!"

- Não importa onde esteja, o Happy sempre vai ser ranzinza. - resmunga brincalhão.

- PETER! - grita Ned, chamando atenção de todos a sua volta enquanto corria em sua direção.

- Ned? - pergunto confuso.

Pelo menos eu tinha meu amigo naquele lugar, mesmo que não fosse exatamente meu amigo.

- Você não vai acreditar! - exclama animado, colocando as mãos nos joelho, ofegante.

- Pode acreditar, eu realmente não tô.

- Escuta só, - ignora o que eu disse e continua falando. - eu consegui ingressos pra ver o próximo filme de Star Wars!

Porque eu sentia que já tinha ouvido isso antes?

- Hm... - resmungo em concordância.

- O que foi? Você não parece animado.

- Não é isso, é que... - exita.

Claro que na sua realidade seu amigo sabia que ele era um Super-herói, mas alí era diferente, ele não sabia como as coisas eram naquele lugar, muito menos sabia como aquele Ned reagiria a notícia. Até onde ele sabia, naquele lugar ele era só o filho completamente normal de Tony e Pepper, um adolescente normal que adorava Star Wars e não sabia falar com garotas. Podia até não saber onde estava ou como tinha parado lá, mas seja lá como fosse o seu eu daquele lugar, ele não tinha nada de especial. Era só um adolescente rico, mas sem poderes.

Fora o fato de que ele não sabia se existia um outro homem aranha naquele lugar, então não podia arriscar falar algo para aquele Ned. Se acontecesse de ele voltar pra casa e o outro ele voltasse pra cá, nada impediria seu amigo daquela realidade a contar tudo que aconteceu pra seu eu daquela realidade.

- Peter? - interrompe meus pensamentos, estalando os dedos na frente do meu rosto. - tá tudo bem?

Mas por outro lado, ele estava em uma realidade completamente diferente, totalmente sozinho e sem saber como voltar pra casa. Fora que ele não sabia por quanto tempo ficaria naquele lugar, não podia esconder esse segredo por muito mais tempo, não de novo. Mesmo que esse não fosse seu Ned.

- Ned, eu preciso te contar uma coisa.

- O que é? - pergunta curioso.

- Não, - interrompi decidido, puxando o braço do outro. - não aqui.

[...]

- Então deixa eu ver se entendi, - começa chocado. - no "seu" mundo, você é o homem aranha e mora com a sua tia May porque seus pais morreram, Tony Stark tá morto e você não sabe como veio parar aqui?

- Basicamente? É... - explica apreensivo.

- Tudo bem... - sussurra sem reação.

- Ned? - pergunta preocupado. - você tá bem?

- É... Aranha... Você...? - gagueja confuso.

- Ned, eu preciso que você me ajude! - grita chamando atenção do seu amigo.

- Tudo bem, - respira fundo, piscando os olhos e balança a cabeça. - mas se tudo que você disse é verdade, então você não é o Peter?

- Não, quer dizer... - se atrapalha, pensando em um jeito de explicar. - olha, eu sou o Peter, mas não SEU Peter, entendeu?

- Aham... - murmura desnorteado.

- Olha, eu sei que isso tudo é bizarro e assustador mas...

- Tá brincando?! - pergunta entusiasmado, assustando o garoto a sua frente. - essa é a melhor coisa que já me aconteceu!

- Então você não vai pirar e desmaiar?

- Há não, eu com certeza vou fazer isso. - concorda animado. - mas por enquanto a ficha ainda não caiu então não se preocupa.

- Tá legal...? - responde preocupado.

- Mas então me diz, - interrompe fascinado. - por que você me contou tudo isso? Quer dizer, pelo que você falou, eu não sou seu amigo de verdade, como pode saber que sou confiável?

- Eu não sei, - respira frustrado. - mas eu não tenho muito escolha, não sabia pra quem contar, você me pareceu a melhor opção.

- Entendi. - concorda compreensível.

- Mas você não pode contar pra ninguém! - relembro, vendo o outro concordar.

- Pode deixar, não vou contar pra ninguém. - sorri.

- Sabe, o Ned do meu universo falou a mesma coisa. - conta divertido.

- É ele guardou o segredo né?

- Na verdade ele contou pra ex-namorada... - dá um sorriso maldoso. - aí eu tive que me livrar dele.

- O que?

- Poisé, ele falou demais e eu tive que acabar com ele. - conta, passando o indicar como uma faca no próprio pescoço.

- Há... - geme pálido, começando a suar.

- Relaxa, - tranquiliza, começando a rir. - eu tô brincando.

- Não teve graça! - exclama nervoso.

- Você tinha que ver sua cara! - gargalha com o rosto vermelho.

- Ha Ha Ha - ri forçado.

- Tá bom, tá bom, agora é sério. - limpa as próprias lágrimas e respira fundo. - eu realmente preciso da sua ajuda.

- Com o que? - volta a sorrir empolgado, dando pulinhos e me olhando fixamente.

Sorri cúmplice.

- Todo herói precisa de um... - dá uma pausa dramática, vendo Ned dar um sorriso de orelha a orelha enquanto seus olhos brilhavam de espectativa. - nerd da cadeira!

Como (não) ser um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora