Capítulo Quarenta e Dois.

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- Tem certeza que é por aqui? - pergunta Betty, apreensiva.

- Não se preocupe, eu tenho absoluta certeza que estamos no caminho certo. - responde convincente, olhando para a janela em anciedade.

- Como pode ter tanta certeza?

- Simples, eu escaneei os dados fornecidos pela Shield e consegui rastrear um aparelho que enviou as mensagens. - explica calmamente, sem tirar os olhos da paisagem. - depois disso encontrar a garota foi mamão com açúcar.

- Tudo bem, mas o que fazemos agora? Encontramos a garota que provavelmente odeia jornalistas e atacamos ela com perguntas sobre portais?

- Exatamente, ela odeia jornalistas e nós não somos, garanto que ela adoraria ferrar alguns deles com notícias exclusivas sobre a incompetência desses caras. - fala divertido, finalmente virando em direção da namorada. - fora que ela não teria tentado compartilhar as informações se não estivesse preocupada com isso tudo, então se formos convenientes ela provavelmente vai nos contar sobre o que queremos saber.

- Se você está dizendo eu acredito. - sorri gentil, sendo retribuída pelo moreno.

- Chegamos. - aviso o motorista, sem fazer questão de se virar.

- Vamos lá, - chama animado, saindo do carro com a namorada ao seu alcance. - obrigado pela corrida.

- Sem problemas, é o meu trabalho. - diz simpático, pegando o dinheiro e indo em bora.

- Ótimo, agora é com a gente!

- Certeza? Ainda dá tempo de voltar. - sussurra acanhada, sendo reconfortada pelo garoto.

- Tá brincando? Deu uns cem reais de corrida até chegar aqui. - murmura desconsolado, verificando a própria carteira. - praticamente todas as minhas economias.

- Ned, serio que está preocupado com isso? - pergunta surpresa, dando um tapa no braço do moreno.

- Tudo bem, vamos--

- Parados aí! - avisa uma voz irritada, apontando uma espingarda para o casal de adolescentes. - mais um passo e eu estouro os miolos dos dois.

- Tem certeza que não quer desistir? - pergunta Betty, olhando acusatória para o namorado.

[...]

- Entendo, então vocês estão aqui pra saber sobre aquela coisa. - murmura desinteressada, servindo as xícaras com café de camomila. - bom sinto em informar mas muitos repórteres já vieram aqui em busca de respostas e nenhum deles pareceu achar a coisa toda interessante o bastante para voltar uma segunda vez.

- É por isso que somos diferentes, o fato de nenhuma figura pública ter notificado sobre algo tão importante é porque pra eles realmente não é. - explica animado, recebendo um olhar questionador da castanha. - acontece que achamos que esse fenômeno não é conhecidencia, mas a causa.

- Explica isso direito. - pede confusa, olhando para o garoto a sua frente.

- O que meu namorado quer dizer é que talvez esse portal não seja algo que aconteceu apenas uma vez. - explica calmamente, tirando alguns jornais da bolsa antes de entregar para a garota a sua frente. - a oito anos atrás ouve um tipo de corrente magnética, as luzes do país inteiro foram apagadas por exatos quinze minutos, ninguém nunca soube o que aconteceu ou o que causou o apagão.

- Tá dizendo que o que eu vi já aconteceu antes? - pergunta chocada, olhando para os registros com atenção. - mas como?

- É exatamente isso que viemos descobrir.

- Acontece que achamos que tudo isso tem algum tipo de ligação com um caso recente que estamos investigando. - informa o moreno, vendo a morena apertar o jornal com força entre os dedos.

- E vocês precisam da minha ajuda para exatamente o que? - pergunta séria, olhando para o casal com espectativa.

- Bom, como a Betty estava dizendo esses são os únicos relatos da "anormalidade não identificada", e fora esses poucos registros não temos informações o suficiente para confirmar nossa teoria, os relatos não eram específicos o suficiente, só falavam sobre luzes no céu, mas vendo seu relato eu percebi que você usou as palavras "um ponto preto caindo da coisa brilhante."

- Foi isso que eu disse? - pergunta constrangida, lendo sua própria declaração na pasta sobre a mesa. - poxa, eu estava tão assustada que nem fazia sentido.

- Mas agora não está mais e podemos tirar respostas mais claras. - garante Betty, olhando para o namorado em esperança.

- Tudo bem, - suspira convencida, apoiando os cotovelos sobre a mesa antes de juntar as mãos e olhar para o casal. - o que querem saber?

- Que horas exatamente isso aconteceu? - pergunta Ned, trocando um olhar com a loira.

- Deixe-me ver, eu estava ordenhando as vacas por volta das 16:31 e notei que os animais estavam estranhos, Baddy, meu cachorro, não parava de latir e os cavalos estavam agitados. - fala pensativa, vendo a garota loira anotar tudo em um caderninho. - passei o dia trabalhando na fazenda antes de voltar pra casa e tomei um banho rápido, desci até o andar de baixo e resolvi preparar algo pra comer, mas então notei que os eletrônicos da casa não estavam funcionando, isso já eram umas 19:49.

- E depois?

- Bom, aqui isso acontece com frequência quando vai chover então eu não liguei, fiz um pão e um café e li um livro, a mesma rotina quase sempre. - informa sem interesse, vendo Betty olhar o garoto em preocupação. - depois disso fui escovar os dentes para ir dormir, dormimos cedo por aqui porque acordamos cedo. Quando eu fui deitar já eram 21:14, então fui dormir sem preocupações.

- Mas não dormiu a noite toda?

- Não, fui acordada por um barulho alto vindo do estábulo, os animais estavam muito assustados. - concorda impaciente, se lembrando do ocorrido. - eram 3:28 quando eu acordei pra checar os animais, depois de conferir todos eles eu saí do curral em direção a minha casa, mas uma luz muito estranha apareceu no céu, achei estranho mas por algum motivo fiquei para ver, acontece que aquela coisa se transformou em um tipo de círculo azul brilhante intenso, eu fiquei paralisada, não sabia o que fazer.

- Então você ficou pra ver, - concorda Betty, pensando que no seu lugar faria o mesmo. - e viu algo saindo do portal.

- Bem, eu tentei me manter o mais longe possível, então não deu pra ver direito, mas eu tenho certeza que alguma coisa saiu daquela esfera brilhante!

- Eu acredito em você, consegue se lembrar de mais alguma coisa?

- Nada, depois que aquela coisa caiu eu saí correndo para dentro de casa para ligar para polícia, quando eu voltei o portal não estava mais lá, foi questão de quinze minutos.

- Beleza, acho que já conseguimos tudo que precisavamos. - suspira Ned, olhando para a morena com carinho. - muito obrigado pela ajuda, é uma pena que não possamos ter alguma pista sobre o que caiu daquele portal.

- Na verdade... - sussurra acanhada, sendo observadora pelo casal. - tem uma coisa que eu não contei nem mesmo para os fotógrafos.

- Que coisa? - pergunta Betty, trocando um olhar atômico com o namorado.

- Bom, temos uma câmera na fazenda, ela está ligada vinte quatro horas por dia, mas eu nunca lembro dela, não é como se essas coisas estranhas acontecessem com frequência. - conta rapidamente, vendo a garota arregalar os olhos e o garoto perder o ar. - eu só lembrei disso a algumas dias atrás.

- Você ainda tem as filmagens?

- Sim, mas a câmera é antiga, as imagens não são das melhores.

- Ned, você acha que...?

- Acho que consigo melhorar as imagens com o sistema da Sexta-feira.

- Ned...

- Vamos descobrir a verdade.

Como (não) ser um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora