Capítulo Trinta e Nove.

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- Então você está dizendo que temos que encontrar a garota e desvendar o mistério? - pergunta Garfield, divertido.

- Ela pode saber de mais alguma coisa. - garante Ned, olhando para o amigo com confiança.

- Mas essa não é a questão, - suspira Gwen, olhando para todos com insegurança. - nem sabemos onde essa garota mora e não sabemos se podemos confiar nela, ela pode ser só outra pessoa tentando ganhar fama com notícias falsas.

- Ou dinheiro. - acrescenta MJ, olhando para a loira em cumplicidade.

- Como ela poderia ganhar dinheiro com isso? - pergunta Andrew, com uma careta.

- O público nerd fanático por alienígenas sairia matando por mais informações, não duvido nada que eles pagassem por elas.

- Fora a imprensa que com certeza iria adorar uma nova manchete premiada no canal de notícias. - murmura Betty, recebendo um olhar traído de Ned.

- Gente, talvez vocês estejam sendo um pouco negativos de mais com nosso amigo aqui. - acuso amuado, dando leves tapinhas nas costas de Ned em sinal de apoio. - estão se esquecendo que esse cara é o maior gênio tecnológico de todos?

- Peter, - chama Michele suspirando em cansaço, sabendo que o garoto não pararia de falar até achar um ponto.

- Quando foi que ele nós decepcionou ou não conseguiu achar alguma coisa? - continuo com determinação, vendo todos trocarem olhares nervosos enquanto Ned sorri em minha direção. - ele sempre esteve aqui por nós e é justo que façamos o mesmo por ele! Se ele conseguiu todas essas informações tenho certeza de que também consegue achar o endereço dessa garota, e se ela estiver mentindo então pelo menos já vamos descartar a possibilidade de ser qualquer coisa relacionada a nós.

- Eu entendo isso Peter, e tenho certeza de que o Ned é completamente capacitado para este trabalho, mas o problema não é esse. - comenta MJ, com um olhar gentil para Leeds. - o tempo está passando, se a Hydra estiver envolvida nisso não temos mais muito tempo pra achar respostas. Não podemos mais esperar as respostas virem até nós, as coisas estão ficando perigosas e temos que nos apressar, não podemos perder nosso tempo com suposições e meias verdades!

- Então o que você sugere? - pergunta Andrew, interessado.

- Temos que focar nas informações que já temos e bolar um plano de ataque, se ficarmos esperando eles tomarem o primeiro passo todos nós vamos acabar morrendo.

- E o que podemos fazer? Somos só seis adolescentes contra um batalhão inteiro. - pergunta Betty, escutando murmúrios de concordância.

- Temos o principal, - fala seria, recebendo olhares confusos. - o ataque surpresa! Se tivermos um bom plano, podemos entrar e sair sem ser notados.

- De qualquer forma dar uma olhada não faz mal a ninguém, quanto mais informações melhor. - digo decidido, sem intenção de desistir. - somos em seis, podemos nós separar e ver o que achamos.

- Precisamos de você pra bolar um plano, você e Andrew são a parte principal de tudo isso. - avisa Gwen, olhando pra mim com razão.

- Tudo bem, então o Ned e a Betty podem ir falar com a garota e o restante de nós fica pra formar um plano. - falo confiante, recebendo acenos de aprovação. - todos de acordo?

"Sim!"

[...]

A sala de aula estava repleta de barulho, vozes animadas preenchiam o cômodo com conversas aleatórias e risos abafados. Entre empurrões inocentes e bolinhas de papel, a garotinha de lindos cabelos castanhos se mantinha reclusa em seu cantinho, no fundo da sala, com sua amiga mal humorada reclamando sobre o quanto alguns colegas podiam ser tão perturbadores.

Ele e a amiga eram o completo oposto, enquanto Morgan era tímida e carinhosa, Olivia era sínica e sincera até demais. Apesar dos pesares, elas eram melhores amigas e se davam muito bem, a garota lembra perfeitamente de quando conheceu a loira em seu segundo ano, enquanto caminhava pelo corredor escolar para trocar seus livros de matemática por livros de filosofia viu um pequeno tumulto em volta dos armários do terceiro ano, havia dois garotos mais velhos em volta de um garotinho ruivo do primeiro ano.

Normalmente ela não faria questão de olhar, os garotos do terceiro ano viviam implicando com os do primeiro, e ela definitivamente não gostaria de ficar na mira dos arruaceiros. Mas foi um choque para si, e provavelmente até para os garotos, quando uma garotinha baixinho que parecia ter sua idade apareceu no corredor com uma cara nada amigável. Como qualquer garota em seu juízo perfeito, Morgan tinha certeza de que ela só seguiria em frente e ignoraria o provável confronto, mas naquele dia a pequena Stark percebeu que sua amiga não tinha nada de "juízo perfeito" em seu vocabulário.

Erguendo o queixo em confronto e ficando de frente para os garotos do terceiro ano, entre eles e o garotinho ruivo, ela olhou corajosamente para os garotos pelo menos dez centímetros mais altos que si e disse em alto e bom som: "Porque vocês não mexem com alguém do seu tamanho?"

A partir daí Morgan tinha certeza de que ela riria e diria que tudo aquilo não passava de uma brincadeira, mas os acontecimentos seguintes mais uma vez mostraram a castanha que elas estava redondamente enganada. Os garotos trocaram olhares confusos um para o outro antes de rirem desacreditados e direcionarem olhares maliciosos para a loira estressadinha "porque você não dá meia volta e corre prós braços do papai?"

Eles se arrependeram amargamente de suas palavras segundos depois, quando a loira se aproximou calmante do moreno de nariz torto e deu um chute certeiro entre suas pernas, vendo o garoto se ajoelhar e gritar desesperadamente "minhas bolhas! Ela chutou as minhas bolas!" E o outro garoto, de dentes estranhos e pele oleosa, pular em sua direção, tentando acertar um golpe fracassado na baixinha, que desviou facilmente antes de acertar um soco em sua cara feiosa.

"Você deveria me agradecer, talvez agora sua cara fique mais bonita!"

E essas foram exatamente suas palavras antes de voltar pelo mesmo caminho pelo qual tinha vindo e deixar uma Morgan de boca aberta e um ruivo amedrontado para trás. Desde então, as duas são inseparáveis, Olivia protege Morgan e Morgan alimenta Olivia, uma relação um tanto quanto estranha para qualquer que olhasse de fora, mas que funcionava perfeitamente para as duas.

- Morgan, - chama Olivia, tirando a castanha de seus pensamentos. - o sinal já bateu, vamos ir em bora desse inferno.

- Tudo bem, - concorda destruída, seguindo a loira até o corretor lotado. - é melhor não deixar o tio Happy esperando.

- Verdade, da última vez ele quase tocou minha mochila na minha cara. - relembra mal humorada, parando ao perceber que a amiga estava parada com uma cara surpresa. - o que foi?

- Minha mochila! - exclama chocada, olhando a loira a olhar confusa. - esqueci minha mochila na sala.

- Que droga Morgan, você só não esquece a cabeça porque ela está grudada. - resmunga rabugenta, vendo a castanha formar um bico magoado. - tudo bem, tudo bem! Eu pego sua mochila.

- Obrigada, eu te amo! - agradece contente, vendo a loira voltar rapidamente pelo corredor enquanto caminha até a saída, decidindo esperar pela amiga em um local menos cheio.

Olhando para o lado de fora do portão ela suspira frustrada, aparentemente Happy ainda não havia chegado. Antes que possa reclamar sobre a demora, ele sente uma mão firme apertar seu ombro com força, respirando pesadamente em seu pescoço.

- Te encontrei.

Como (não) ser um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora