Capítulo Dezoito.

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- Peter? Peter? Peter! - ouso uma voz me chamar, balançando meus ombros com impaciência. - acorda, vamos nós atrasar!

Abro meus olhos lentamente, me acostumando com a claridade que vinha das janelas de vidro, agora sem nenhuma cortina as tampando, junto com a enorme visão da cidade. O céu parecia quente e brilhante, não que eu pudesse sentir de qualquer maneira, o ar-condicionado do quarto impedia que quaisquer que fossem o calor entrassem, mas eu podia sentir a parte de cima da minha barriga sendo esmagada por um calor familiar. Morgan estava sentada em cima da minha barriga, usando seu habitual uniforme de escola, mas seus cabelos castanhos pareciam extremamente bagunçados, tinha quase certeza de que ela não havia penteado ainda, enquanto seus rosto juvenil estava a centímetros do meu, me olhando emburrada.

- Morgan? - pergunto atordoado, tentando recobrar os sentidos. - o que você tá fazendo em cima de mim?

- Finalmente, achei que não fosse acordar nunca! - exclama ela, ignorando minha pergunta. - quase pensei que estivesse morto.

- Entendi... - murmuro sonolento, me esticado calmamente. - já pode sair de cima de mim.

- Não quero. - nega indiferente, ignorando completamente meu pedido.

- Morgan, eu preciso me arrumar. - reclamo óbvio, tentando não brigar com ela.

- Pode fazer isso aqui. - diz como se fosse óbvio.

- Eu preciso ir ao banheiro. - tento explicar.

- Eu vou junto. - sugere irredutível, me olhando fixamente.

- Eu preciso tomar banho. - tento mais uma vez.

- E daí? Nós vivíamos tomando banho juntos, eu fico aqui enquanto você se lava. - afirma carrancuda, não querendo sair de cima de mim.

- Acontece que éramos crianças quando fazíamos isso. - digo apreensivo, torcendo pra estar certo.

- Ainda somos crianças! - se irrita ela, inflando as bochechas.

- Correção: você é criança! - rebato calmo, torcendo pra que ela saísse de cima de mim. - agora saí de cima de mim.

- Não. - responde calma, me olhando seria.

- Morgan! - bufo sem paciência, tentando tirar ela do meu colo. - desce agora!

- O que tá acontecendo aqui? - ouso alguém perguntar. Olho pra porta e vejo o Sr. Stark com uma caneta de café na mão direita escrito "Pai de ferro", com sua blusa social branca dobrada até os cotovelos e suas sobrancelhas juntas em confusão. - vim aqui pra saber porque dá demora e encontro vocês dois brigando? É bom terem um ótimo motivo pra não terem descido ainda.

- Papai, o Peter não deixa eu ficar com ele! - acusa a castanha, olhando com cara de choro pra ele.

- Eu só quero tomar banho! - me defendo sincero, vendo o homem suspirar derrotado.

- Morgan, você ouviu seu irmão. - fala calmo, tomando seu café.

- Porque eu não posso ficar com ele?! - grita emburrada, fazendo beiço.

- Eu não disse que não podia, mas se o seu irmão pediu pra você descer, você desce. - informa ele, ainda calmo.

- Mas agente só se vê na escola, e quando agente tá em casa ele nem fala comigo! - conta triste, limpando o nariz com as costas da mão.

- Morgan, hoje é sexta, você vai ter longos dois dias pra ficar agarradinha com seus irmãos, mas agora não é a hora pra isso. - tenta explicar, com a voz serena.

- Mas...

- Morgan Stark, não me obrigue a te tirar daí, você já é grandinha o suficiente pra saber que não é não. - corta firme, tomando uma postura seria.

"Desculpa interromper, mas Pepper está requisitando a presença de vocês para o café." - somos interrompidos pela voz de Sexta-feira nós chamando, a morena em cima de mim funga acanhada e descendo lentamente, evitando olhar Tony nos olhos.

- Desce pra tomar café da manhã, depois agente conversa. - pedi Tony, olhando para a filha.

- Tá bom Papai... - murmura triste, passando pela porta acanhada.

- Não precisava ter xingado ela, Morgan não fez por mal. - a defendo sincero, levantando da cama até estar em sua frente.

- Eu sei que não, mas ela tem que saber que ela é uma criança e nós somos os adultos, eu não acho que tenha que repetir a mesma coisa centenas de vezes até ela ter a boa vontade de obedecer. - explica gentil, bagunçando meus cabelos. - agora se arruma depressa e desce pra comer, o Happy já deve vir pra buscar vocês.

- Tá bom. - concordo educado, me virando e indo até o banheiro.

Que manhã agitada...

[...]

- Nem acredito que já é sexta. - penso alto, vendo Ned me olhar curioso. - digo, hoje vai completar uma semana que eu tô aqui...

- Poisé, o tempo voa. - concorda pensativo, comendo seu sanduíche.

- Nem me fale. - resmungo em concordância, abrindo meu pacote de MM.

- Afinal, porque você não foi buscar a Morgan? - muda de assunto, observando a loira do outro lado da cantina.

- Eu prometi encontrar uma pessoa hoje, e além do mais, eu fico meio constrangido perto dela, a Morgan é meio...

- Grudenta? - completa minha fala, me olhando divertido.

- Poisé... - rio brincalhão, pensando na castanha com diversão.

- Olá. - ouso uma voz cumprimentar gentilmente, me tirando dos meus pensamentos.

- E aí. - respondo animado, olhando para o homem parado a minha frente.

- Oi. - me acompanha Ned, sorrindo simpático.

Peter estava parado bem na nossa frente, nós olhando acanhado, Ned o olha confuso e vira pra mim questionador, enquanto o moreno alto esfrega as mãos na calça jeans de forma nervosa, tentando aliviar a tenção. O mais alto estava com seus cabelos castanhos perfeitamente alinhados e um sorriso tímido no rosto, vestia calças jeans azuis e camiseta branca com estampa de Harry Potter, junto de um casaco verde escuro por cima e tênis all Star preto.

- Ned, eu queria te apresentar um amigo meu, Peter Parker. - apresento cauteloso, olhando pra Leeds com nervosismo. - Peter, esse é o Ned, meu amigo.

- É um prazer. - diz o mais alto, estendendo a mão até Ned. - Peter falou muito sobre você.

- Mas o que...?! - exclama chocado, revezando o olhar entre mim e o Peter e vice-versa. - Como...?

- É uma longa história. - informo rápido, levantando da mesa acompanhando do mais velho. - vou te explicar tudo, mas primeiro eu preciso de uma ajudinha.

- Mas a aula já vai começar. - fala confuso, nós seguindo até a saída da lanchonete. - o que agente vai fazer?

- Você já vai saber, só confia em mim. - peço calmo, indo até o banheiro vazio do segundo andar acompanhado dos dois. - vai ser rápido.

- Você tem certeza que agente pode confiar nele? - pergunta Peter, olhando pra Ned com dúvida.

- Claro, o Ned é meu melhor amigo. - digo sincero, abrindo a porta para os dois entrarem.

- É isso que me preocupa... - sussurra desconfiado, entrando logo em seguida.

Do que ele tava falando?

Como (não) ser um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora