Capítulo Vinte e Sete.

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- Então é tão simples assim? - pergunta Andrew, parecendo desconfiado.

- Bom, vocês disseram que alguém ou alguma coisa trouxe vocês pra cá, e que se vocês dois vieram provavelmente outras pessoas também vieram. - recapitula o homem a nossa frente, fazendo algum tipo de feitiço desconhecido com as mãos. - vocês tem a última localização desses tais "pontos de anormalidade", e a escola de vocês é a principal suspeita, correto?

- Sim... - resmunga Garfield, prestando atenção na sua teoria.

- Então vocês já tem por onde começar.

- Como? - pergunto interessado, lembrando eles que eu estava alí também.

- Achando os outros "vocês", e depois de juntar todos eu arranjo um jeito de levar vocês para casa. - fala calmamente, terminando de fazer o que estava fazendo.

- E você consegue nós levar pra casa? - se intromete Peter 2, sorrindo contente.

- Claro, mas não posso ajudar se todos não estiverem juntos, isso é com vocês.

- Tudo bem, parece justo.

- Muito obrigado, Dr. Estranho! - agradeço sincero, vendo ele retribuír com um pequeno sorriso discreto. - isso é muito importante para mim, não sei nem como agradecer.

- Sim, se não fosse pelo sua ajuda nós estaríamos ferrados. - concorda Andrew, sorrindo em agradecimento.

- Sem problema, afinal não estou fazendo isso só por vocês. - diz o homem, finalmente olhando pra a gente. - talvez pensem que vocês estão tristes ou sofrendo, mas são os que menos sofreram quando isso for revelado.

- O que quer dizer? - pergunto confuso, vendo o Stephen me olhar com severidade.

- Não sei como é em seu mundo, mas aqui você tem uma família muito grande que se preocupa com você. - explica melancólico, perecendo até mesmo meio triste. - pode imaginar como eles se sentiriam se descobrissem que o filho deles está por aí em algum lugar desconhecido e sem ajuda? Enquanto outro garoto que eles nem conhecem está no lugar do filho deles...

- Eu não- - gaguejo envergonhado, me sentindo um mostro por nem ao menos ter pensado nisso.

- Não se sinta mal, a culpa não é sua, mas eu acho que seria bom manter isso em segredo por um tempo, pelo menos até vocês acharem os outros "vocês", e aí sim explicar a situação. - tenta explicar, botando a mão no meu ombro como se fosse um consolo. - o Tony e a Pepper se preocupam muito com seus filhos, deus sabe quanto tempo levou para os dois deixaram Peter ir pra escola sem eles.

- Por que eles não deixavam o filho ir pra escola? - pergunta Andrew, lendo meus pensamentos.

- O Peter daqui nasceu prematuro, os médicos achavam que ele não sobreviveria, Tony e Pepper só puderam finalmente tocar no filho uma semana depois do nascimento, através de uma máquina. - suspira pesadamente, como se estivesse lembrando daquele momento na vida dos amigos. - Peter nasceu com os pulmões muito fracos, um dos pulmões teve que ser substituído, foi uma cerurrgia delicada pra um recém nascido. Todos nós, os tios, fazíamos turnos para nós certificar que Tony e Pepper estavam bem, a única coisa que os mantinha de pé era Harley. Ele era só uma criança mas isso não o impediu de dar todo o apóio necessário para os pais.

- Uau... - exclama Andrew, parecendo compadecido pela história. - e o que aconteceu com o bebê?

- Peter sobreviveu a cerurrgia, mas era muito fraco e vivia doente. - conta com paciência, servindo mais uma caneta de chá para Garfield. - a maioria do tempo estava na ala hospitalar, sendo vigiado por Bruce e eu. Tony e Pepper eram muito cuidadosos nesse sentido, Peter tinha que tomar pelo menos uma cartela de remédio por dia e sua alimentação era sempre vigiada e cuidada por nutricionistas e outros médicos.

- Mas ele ficou bem, não é...? - pergunto finalmente, com um aperto no peito.

- Sim, eventualmente Tony e Pepper tiveram que o deixar sair do ninho, embora Tony achasse melhor estudar em casa, mas depois de Peter ter implorado muito Pepper acabou cedendo. Isso não quer dizer que foi mais fácil, é claro. - continua contando, como se aquela memória fosse muito distante. - aí a Morgan nasceu e eles finalmente deixaram Peter ir pra escola e fazer amigos.

- Mas o Peter ainda é doente?

- Ele tem uma imunidade baixa e fica doente facilmente, mas agora não precisa mais de acompanhamento médico e remédios todos os dias. Só a bombinha de asma que eventualmente é usada, mas agora Tony e Pepper não ficam mais atrás dele como papai e mamãe urso.

- Não deve ter sido fácil, ter um filho que estava constantemente entre a vida e a morte... - sussurro mortificado, tentando imaginar a dor do Sr. e Sra. Stark.

- E não foi mesmo, mas eu acho que é a vida... - concorda Stephen, me olhando fixamente. - nem tudo dá certo, não é?

Pensar sobre isso não é exatamente o tipo de coisa que eu gostaria de pensar em um sábado, mas saber que o meu eu desse lugar tinha passado por tanta coisa e ainda sim lutava pelas pequenas coisas, como ter amigos e ir para escola, mesmo sabendo que estava constantemente entre a vida e a morte era de certa forma pesado de se lidar. As pessoas gostam tanto de se auto punirem, achando motivos para se odiarem ou se amarem, mas no final das contas ninguém parecia se importar com a tristeza alheia. Eu posso me odiar e me por para baixo o tempo todo, mas se eu falar de outra pessoa eu sou ruim?

Se eu dissesse que eu me odeio as pessoas se importariam realmente? Eles iriam para casa depois de um dia cansativo de trabalho e pensariam "será que aquela pessoa que estava chorando no metrô está bem?", Ou elas simplesmente esqueceriam e se vitimizariam falando do quanto elas ganham pouco ou o quanto a casa delas é pequena? Por que eu acho que nada é eterno, o ódio não é eterno, a tristeza não é eterna, a alegria não é eterna. Mas se isso for verdade, então o amor também não é eterno?

Eu poderia amar uma pessoa a vida inteira e ainda sim acreditar que ela me ama de volta? Porque se isso é verdade, então também é possível que o ódio e a tristeza fossem eternos, e se o ódio e a tristeza fossem eternos então seria possível que as pessoas nunca superassem, nunca perdoassem e nunca esquecessem?

Qual seria pior, viver uma vida inteira de rancor ou viver uma vida inteira sem amor?

- É, acho que você tem razão... - digo calmo, virando em sua direção com confiança. - então temos que trazer o Peter Stark de volta!

Como (não) ser um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora