Capítulo Quarenta e Cinco.

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- É aqui, - fala o cara, apontando para um prédio velho e desgastado em um bairro esquecido na periferia. - o garoto já deve ter vendido, mas você pode tentar comprar de volta.

- Droga, mas como eu vou comprar uma coisa que eu não sei o que é? - reclamo aborrecido, entrando no estacionamento com desconfiança.

- Aí já não é problema meu, só te acompanhei porque eles vendem um cachorro quente mó gostoso por aqui. - se defende, como se tivesse ajudado muito.

- Uau, valeu, você é realmente gentil, - sorrio ironicamente.

- De nada. - pisca para mim, me fazendo revirar os olhos.

Dentro do estabelecimento estava lotado de prateleiras com objetos variados, como estátuas para decoração, quadros estranhos, torradeira e outros eletrônicos usados ao lado de roupas de marcas falsas e móveis que claramente foram achados na lixeira. Ando até o caixa, onde um homem fumava um cigarro pela metade enquanto cruzava suas pernas na mesa. Prendo a respiração ao sentir o cheiro de tabaco barato e incenso de ervas que mais parecia cuecas usadas.

- Com licença, - chamo educadamente, o homem me olha de cima a baixo antes de soprar fumaça direto no meu rosto. - eu queria saber se um garoto veio aqui hoje vender alguma coisa?

- Você é algum tipo de Cosplay ou algo assim? - murmura intediado, tragando mais uma vez aquela coisa destruidora de pulmões.

- Há, não...? - respondo confuso, vendo seu olhar cansado me julgar silenciosamente. Fala sério, é ele que está fumando um pequeno embrulho de câncer! - você viu o menino?

- Não sei...

- É muito importante que eu recupere um objetivo que eu perdi, - tento explicar mais uma vez, tentando me acalmar quando vejo que o homem nem está prestando atenção. - Senhor?

Nada. Ele está me ignorando?

- Senhor? - chamo mais uma vez, enquanto ele se mexe para pegar uma revista. Isso é uma revista pornô?! - Você está me ouvindo?!

- Relaxa, - o esquisitão fala, tentando me acalmar antes que eu pule no velho fumante filho de uma-- - nós pagamos o dobro do que você deu para o menino.

- Sim? - pergunta o homem, largando a revista e se levantando para prestar atenção. É sério isso?

- Queremos saber o que o menino trouxe! - repito rapidamente, tentando terminar logo com essa situação.

- O garoto? - o cara coça o queixo, pensando lentamente enquanto o cigarro queima em sua boca. - nada de mais, um relógio quebrado, um anel usado, alguns brinquedos velhos e um caderno cheio de rabiscos.

- Caderno? - pergunto curioso, finalmente estamos chegando em algum lugar. - o que tinha nele?

- Desenhos de Super-heróis, umas aranhas e uma garota loira. - fala desinteressado.

- Quero comprar esse caderno! - declaro mais animado, vendo o homem fungar enquanto me olha pesadamente, como se minha energia o cansasse.

- Hmm, 200 pratas... - fala por fim, me fazendo arregalar os olhos chocado.

- O quê?! - grito indignado, recebendo um bocejo cansado em troca. - isso é muito grana por um caderno usado!

- Os desenhos são legalzinhos, - se defende, dando de ombros como se não fosse nada.

- Tá me dizendo que deu cem pratas para o garoto por um caderninho rabiscado? - pergunto incrédulo, olhando enquanto o cara sopra aquele combustível de câncer na minha cara novamente. - dá para parar com isso, se você quer morrer, morra sozinho!

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⏰ Última atualização: Jan 22 ⏰

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