- É aqui, - fala o cara, apontando para um prédio velho e desgastado em um bairro esquecido na periferia. - o garoto já deve ter vendido, mas você pode tentar comprar de volta.
- Droga, mas como eu vou comprar uma coisa que eu não sei o que é? - reclamo aborrecido, entrando no estacionamento com desconfiança.
- Aí já não é problema meu, só te acompanhei porque eles vendem um cachorro quente mó gostoso por aqui. - se defende, como se tivesse ajudado muito.
- Uau, valeu, você é realmente gentil, - sorrio ironicamente.
- De nada. - pisca para mim, me fazendo revirar os olhos.
Dentro do estabelecimento estava lotado de prateleiras com objetos variados, como estátuas para decoração, quadros estranhos, torradeira e outros eletrônicos usados ao lado de roupas de marcas falsas e móveis que claramente foram achados na lixeira. Ando até o caixa, onde um homem fumava um cigarro pela metade enquanto cruzava suas pernas na mesa. Prendo a respiração ao sentir o cheiro de tabaco barato e incenso de ervas que mais parecia cuecas usadas.
- Com licença, - chamo educadamente, o homem me olha de cima a baixo antes de soprar fumaça direto no meu rosto. - eu queria saber se um garoto veio aqui hoje vender alguma coisa?
- Você é algum tipo de Cosplay ou algo assim? - murmura intediado, tragando mais uma vez aquela coisa destruidora de pulmões.
- Há, não...? - respondo confuso, vendo seu olhar cansado me julgar silenciosamente. Fala sério, é ele que está fumando um pequeno embrulho de câncer! - você viu o menino?
- Não sei...
- É muito importante que eu recupere um objetivo que eu perdi, - tento explicar mais uma vez, tentando me acalmar quando vejo que o homem nem está prestando atenção. - Senhor?
Nada. Ele está me ignorando?
- Senhor? - chamo mais uma vez, enquanto ele se mexe para pegar uma revista. Isso é uma revista pornô?! - Você está me ouvindo?!
- Relaxa, - o esquisitão fala, tentando me acalmar antes que eu pule no velho fumante filho de uma-- - nós pagamos o dobro do que você deu para o menino.
- Sim? - pergunta o homem, largando a revista e se levantando para prestar atenção. É sério isso?
- Queremos saber o que o menino trouxe! - repito rapidamente, tentando terminar logo com essa situação.
- O garoto? - o cara coça o queixo, pensando lentamente enquanto o cigarro queima em sua boca. - nada de mais, um relógio quebrado, um anel usado, alguns brinquedos velhos e um caderno cheio de rabiscos.
- Caderno? - pergunto curioso, finalmente estamos chegando em algum lugar. - o que tinha nele?
- Desenhos de Super-heróis, umas aranhas e uma garota loira. - fala desinteressado.
- Quero comprar esse caderno! - declaro mais animado, vendo o homem fungar enquanto me olha pesadamente, como se minha energia o cansasse.
- Hmm, 200 pratas... - fala por fim, me fazendo arregalar os olhos chocado.
- O quê?! - grito indignado, recebendo um bocejo cansado em troca. - isso é muito grana por um caderno usado!
- Os desenhos são legalzinhos, - se defende, dando de ombros como se não fosse nada.
- Tá me dizendo que deu cem pratas para o garoto por um caderninho rabiscado? - pergunto incrédulo, olhando enquanto o cara sopra aquele combustível de câncer na minha cara novamente. - dá para parar com isso, se você quer morrer, morra sozinho!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como (não) ser um herói
Teen FictionPeter Parker se vê em uma enrascada quando dorme e acorda em um universo repleto de reviravoltas. O nome dele agora é Peter Benjamin Parker Stark? Ele tem irmãos? Tem mais de um homem aranha? Como ele vai voltar pra casa? Com inúmeras perguntas sem...