Como (não) ser um herói

Capítulo Vinte e Nove.

- O que vamos fazer? - pergunta Morgan, olhando o mais velho caminhar aleatoriamente pela cidade, com seu pequeno caderno na mão.

- Bom, o plano original era chegar cedo e comer um café no Deneker, mas alguém se atrasou, então vamos pular para a próxima coisa da lista. - me acusa sem tirar os olhos do caderno, andando a nossa frente com calma.

- Tudo bem, e o próximo passo é...? - pergunto interessado, segurando a mão da casula com carinho, para ter certeza de que ela não se perderia.

- Tá legal, ainda temos, piquenique, karaokê, boliche, ir a um parque de diversões, cinema, ir a um fliperama, conhecer um lugar legal pra comer, passar na loja de quadrinhos e discutir sobre nossos heróis favoritos e fazer uma festa do pijama com direito a todo tipo de besteira. - diz apressado, listando as coisas na lista.

- Vocês realmente são nerds... - murmura Morgan, divertida.

- Você queria vir junto, agora vai ter que aguentar o dia inteiro com a gente. - rebate Harley, se virando em nossa direção.

- Tá legal, eu aguento.

- Ótimo, agora o que vocês acham que a gente deveria fazer primeiro?

- Passar na loja de quadrinhos parece uma boa, já que ainda é cedo provavelmente o lugar tá vazio. - falo animado, tentando convencer os dois de que o dia ainda podia ser legal.

- Acho uma boa ideia. - concorda o mais velho, olhando para a mais nova em sinal de confirmação. - Morgan?

- Tudo bem, parece legal. - concorda gentil, segurando na mão do loiro e andando entre nós dois com animação.

- Beleza, então vamos nessa!

[...]

Se você me perguntasse como era uma loja de quadrinhos, tipo assim, uns quarenta minutos atrás, eu provavelmente não saberia te responder. Nunca tinha visto ou vindo em uma até então, não porque eu não quisesse, mas porque eu nunca realmente tinha pensado o quão incrível podia ser, e realmente não parece tão incrível quando você vem sozinho.

Mas olhando tudo aquilo pela primeira vez, posso dizer que com toda a certeza é a melhor coisa que você pode presenciar na sua existência. Sabe cheiro de livro novo? Aquele cheirinho de antigo com novo e aquela sensação de pertencimento? Agora multiplica por mil e imagina um grande arco-íris de cores, formas e personagens, os seus heróis e vilões favoritos todos juntos e misturados em centenas de prateleiras antigas feitas de madeira.

Se houvesse um lugar mais acolhedor, eu não conhecia.

- Peter, olha isso! - me chama Harley, sentado no canto da loja rodeado de quadrinhos de super-heróis. - uma edição criada por Jerry Siegel e Joe Schuster em 1938, o Homem de Aço.

- Uau! - suspiro surpreso, tocando na capa com delicadeza. - isso é...

- Eu sei! - concorda animado, segurando meu ombros com euforia.

- Ei, o que é isso? - pergunta Morgan, se aproximando com um quadrinho em mãos.

- Isso o quê? - pergunto confuso, vendo a morena virar o gibi em nossa direção e apontar para as grandes letras em vermelho "Liga da Justiça".

- Você não sabe o que é Liga da Justiça! - grita Harley, botando a mão no peito em choque.

- Eu deveria saber?

- É claro! - responde o loiro, olhando para a irmã como se ela fosse doida. - A Liga da Justiça, também conhecida como Liga da Justiça da América (no original, Justice League of America) é uma fictícia equipe de super-heróis originada nas histórias em quadrinhos publicadas pela editora americana DC Comics.