Capítulo 3

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HELENA

Preparei e organizei tudo nos pratos, chamei Lu que fez questão de levar dessa vez e ela só saiu da cozinha depois de varias recomendações minhas, garantindo que ela não iria derrubar a bandeja.

Peguei uma garrafa d'água, sentindo o liquido gelado aliviar um pouco da minha tensão, quando já estava terminando de beber toda a água da garrafinha, vejo Allan vindo em minha direção e sua cara não está das melhores.

Será que a Lu derrubou a bandeja?!

- O que foi que você aprontou Helena? perguntou cruzando os braços, quando parou na minha frente.

- Aprontei? Eu não fiz nada - Respondo fechando a garrafa vazia.

- A cliente devolveu o prato, Lu está colocando ele na bancada e já vem explicar.

- Devolveu? 

- Sim Leninha, o que houve com você,  está estranha e não minta!

Antes que pudesse me pronunciar, ou melhor, mentir pro Allan, a Lu vem em nossa direção com uma cara não tão feliz.

- O que aconteceu pra ela devolver? Pergunto

- A irmã dele disse que a cobertura está apimentada e ela não gosta de pimenta.

- Apimentada? Pergunto surpresa.

- Sim, Hel, você colocou pimenta em cima da calda, não sei o que você iria colocar no lugar, mas você se atrapalhou, isso nunca acontece, aconteceu algo?
Lu explica e pergunta.

- Meu Deus, sinto muito, estava um pouco aérea.

- Quer conversar sobre?

- É cansaço, ele quer outra sobremesa?

- Sim, ela quer o mousse de chocolate, sem pimenta - Ela ri e Allan ainda me encara

- Como dessa vez a culpa foi minha, então a sobremesa dela, não virá na conta, pode dizer a eles por favor? 

- Está bem.

Preparo a taça pra colocar o mousse, organizo tudo e a Lu leva pra mesa, junto com o meu recado e as minhas desculpas.

Um pouco depois ela volta.

- Ele agradeceu e ficará aguardando o restaurante fechar para poder falar com você.

- O que será que ele quer falar comigo?

Era só o que me faltava.

- Tá ai uma boa pergunta.

- Tudo bem então, se ele quer tanto assim falar comigo, eu só espero que não seja por conta dessa sobremesa - Suspiro.

Aquela ligação mexeu comigo mais do que eu gostaria.

- Talvez não, vamos pensar positivo! Sorrio.
Pra Lu, não importa o que aconteça, pensamento positivo sempre. Ela é literalmente a positividade em pessoa.

Ela sai da cozinha e volta ao trabalho, passo o restante da noite cozinhando e pensando no aquele homem iria me dizer, a parte boa é que  minha mente tem um novo foco agora.

Quanto mais o tempo passava, mais nervosa eu ficava, não sei porque, já que é só uma conversa, nada demais.

Quando olho pro relógio ele marca meia noite já, parece que por causa disso o tempo passou mais rápido, observo pela janela e vejo que só resta um cliente que acabara de pagar a conta e sair,  enquanto ele continua sentado bebendo algo, suponho eu, pela cor que seja licor, então sem mais adiar eu vou para o vestiário e troco de roupa, levo meu rosto, querendo só descansar, hoje foi uma noite cheia e cansativa, apesar deu amar o que faço.

Prendo o cabelo em um coque e percebo que estou um pouco abatida, estou parecendo desleixada e eu sei o motivo, aquela ligação volta aos meus pensamos e eu sei que ela mexeu comigo, será que ele me achou?

Deus livre que não!

Suspiro sentindo minha raiva crescer, em algum momento terei que pôr um ponto final nisso.

Encaro meu reflexo no espelho, por um tempo eu perdi minha alegria, até entender que eu tinha que viver a minha vida, que eu tinha que me reerguer e seguir em frente, mesmo que pra isso eu precisasse fazer algumas aulas de defesa pessoal e tiro para ficar mais tranquila.

Apesar das lembranças, elas são apenas isso, lembranças dolorosas de um passado distante, que eu me recuso a viver novamente.

Eu não quero ele na minha vida de novo, nunca mais.

Tudo que preciso é ser forte e isso eu aprendi na marra a ser e não vou deixar ele chegar e estragar minha vida, de jeito nenhum.

Lavo novamente meu rosto e o enxugo, pego minhas coisas e respiro fundo antes de sair do vestiário, prometendo a mim mesma que por mais que ele ainda assombre meus pesadelos, não vou deixar ele dominar minha vida, não vou mentir que não me assustei, mas eu consigo.

Volto para a cozinha e encaro a mesma vazia, geralmente é assim, quando terminamos tudo a cozinha sempre fica vazia, vejo Allan sair do vestiário masculino, e trancar a porta do mesmo, depois trancar a porta dos fundos e vir em minha direção com aquela cara de ''você me deve uma conversa''.

Pego minha bolsa e quando vou caminhando em direção a porta da cozinha para encontra-lo, Allan coloca o braço de forma gentil do meu lado, eu seguro o mesmo e lhe agradeço com  um  sorriso que com toda certeza não chega nem na metade do meu rosto e saímos em direção a mesa que ele se encontra.

Assim que ele nos vê, se levanta e para em nossa frente, quando olho para ele fico simplesmente sem reação, com aquele paredão moreno alto, com olhos esverdeados penetrantes, o cabelo era uma mistura de preto com castanho claro caído pro lado com um corte perfeito, apesar de alguns fios teimosos ainda caírem em seu rosto, músculos bem definidos, usava uma camisa social azul celeste, com uma jaqueta de couro preta, uma calça jeans na cor preta também e um tênis branco,

Ostentando um sorriso simplesmente maravilhoso de derreter qualquer uma, só que eu não sou qualquer uma e apesar dele ser mais bonito pessoalmente do que nas fotos que a Lu fez questão de me mostrar, eu não vou cair nessa, desse homem musculoso, bastante sensual, pelo menos não tão facilmente.

Ficamos parados assim por um tempo até que ele fala me tirando do transe, e quebrando a conexão de olhares que eu nem tinha percebido que tínhamos criado.

Que homem!

Até a voz dele é de molhar calcinhas, como deve ser beija-lo? Mordo o lábio imaginando! DROGA Helena, foca na conversa!

Inesperada PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora