A primeira aula

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Pov Hermione

Durante o café da manhã, Snape me encarava com certo desgosto, provavelmente Minerva já tinha contado a ele a novidade.

– Severo, você está bem querido? – Ouvi Penélope que acabara de sentar ao seu lado perguntar.

Ele apenas a olhou e logo em seguida levantou-se saindo da mesa dos professores. Realmente o que Minerva havia me dito era verdade, ele não a suporta. Mas, é confuso! Se ele e ela... os dois estavam juntos!

Minha mente foi invadida por aquela lembrança, aquela maldita lembrança de quando os encontrei juntos na cama, a lembrança que por tempos foi meu pior pesadelo, me deixando com noites mal dormidas, olheiras marcadas e coração ferido.

Retornei a realidade, tentando me esquecer do passado. Olhei a volta, via os alunos, os professores, a diretora, o castelo. Hogwarts, meu lar! Apesar de tudo, eu estou aqui, onde sempre quis estar, fazendo o que gosto. E será apenas nisso que focarei.



Minhas mãos suavam enquanto eu caminhava em direção ao meu destino. E que destino! Eu estava ansiosa e com um frio na barriga, nervosismo e certo medo eram inevitáveis, mas nada que uma grifinória não resolva.

Quando percebi, já havia chegado, estava em frente à porta da sala de poções, para a minha primeira aula, junto com Snape.

Assim que entrei, o silêncio se fez presente enquanto os alunos do sétimo ano me acompanhavam com o olhar, até chegar à mesa do professor. Estavam confusos, até que um aluno da Sonserina quebrou o silêncio.

– Onde está o professor Snape?

Sempre a prepotência na voz dos sonserinos.

– Estou aqui Sr. Flint! – Snape disse enquanto entrava em sua sala. Ficando ao meu lado, continuou:

– A partir de hoje, até o término deste capítulo dos estudos de poções, a professora Granger estará presente conosco, para me auxiliar durante as aulas.

Os sonserinos nos olhavam confusos, enquanto os grifinórios sorridentes.

Uma aluna da grifinória não conseguiu se segurar e soltou um grito em comemoração pela notícia.

– Menos 10 pontos para a grifinória Srta. Robins.

O encarei incrédula, ele parecia pior do que na minha época. Ele me olhou e disse apenas para que eu ouvisse:

– Parece-me que essa aula será... divertida.

Era isso, as aulas seriam pura provocação.

Snape passou a eles algumas páginas do livro e a poção que deveriam fazer naquele dia. Logo, sentou-se e aguardou enquanto os alunos preparavam, exatamente como fazia quando eu era sua aluna.

Peguei um livro e analisei qual poção fariam. Marquei os ingredientes e faria assim com todas as poções, para descobrir qual elemento causava o mal estar em Severo.

Ao contrario dele, eu não era de ficar aguardando os alunos terminarem. Comecei a caminhar pelas bancadas, olhando uma a uma, acompanhando o desempenho dos alunos.

Severo levantou seu olhar por um instante, me observando, e depois retornou sua atenção a corrigir algumas provas.

Uma aluna da Grifinória preparava sua poção quase que perfeitamente, parei por alguns instantes para observa-la, porém em certo momento, ela colocaria tudo a perder, inserindo um ingrediente errado. Aproximei-me mais e apontei no livro o nome do ingrediente correto que ela deveria colocar. Ela sorriu e me agradeceu.

– Professor Snape! – O mesmo aluno da Sonserina que perguntou por Severo no início da aula disse. – A professora Granger está ajudando os alunos da Grifinória!

Snape me olhou com sua sobrancelha arqueada, ato que sempre fazia meu coração disparar.

– Professora Granger, tem algo a dizer?

– Nada a dizer professor Snape.

Sem que eu percebesse, abri um pequeno sorriso em sua direção, enquanto ele ainda me olhava. Era como se estivéssemos apenas nós dois ali.

Despertei assim que ouvi duas alunas cochichando:

– Eu te disse que não é coisa da minha cabeça Anne, veja como se olham!

Virei em direção a elas e tentei imitar as feições de Snape.

Por incrível que pareça, eram uma sonserina e uma grifinória. Elas retornaram a fazer suas poções. Antes de me afastar, ouvi alguns risos delas.

Ao voltar meu olhar para Snape, ele já estava focado nas correções das provas novamente.

Caminhei novamente observando mais poções que os alunos preparavam. Até que cheguei a bancada de Matt Flint. O sonserino que estava me causando problemas naquele dia.

Ele preparava a poção de forma aceitável, porém, ao descascar um dos ingredientes da poção, estragava-o quase todo.

Dei uma espiada em Severo, ainda distraído com as correções.

Fui à frente de Flint e estendi a mão, pedindo a pequena adaga, e o mostrei como descascar.

Ao entregar a adaga novamente a ele, disse para que apenas ele ouvisse:

– Não estou ajudando os alunos da Grifinória Sr. Flint, estou ajudando todos os meus alunos.

Ele me observou confuso e em seguida continuou a descascar da forma que o ensinei.

Ao final da aula os alunos foram deixando suas poções prontas em cima da bancada e foram se retirando.

As duas alunas que cochicharam durante a aula estavam de sorrisinhos antes de saírem.

– Teremos aulas de feitiços hoje, professora Granger? – A grifinória perguntou.

– Sim, conforme os horários de aula.

– O professor Snape estará a acompanhando em sua aula também? – A sonserina perguntou sugestivamente.

– Está querendo perder pontos para a Sonserina Srta. Higgs? – A perguntei de uma forma que a assustasse.

– Até mais professora Granger! – Elas saíram correndo.

Agora na classe estavam apenas Severo e eu.

Começamos a guardar as poções aceitáveis, descartar os "desastres" segundo Snape.

– Agora que estamos apenas os dois... – Ele aproximou-se de mim, ato que me deixou nervosa. – Diga-me a verdade.

– Q-que verdade? – Eu tentei não gaguejar. Falhei miseravelmente.

Seu olhar fixou em mim de uma forma inexplicável, eu fiquei ainda mais nervosa.

– Você os ajudou, não ajudou?

– Eu... não ajudei! Apenas... não deixei que explodissem a sala. – Sorri constrangida.

– Eu sei que ajudou, quase todas as poções estão aceitáveis, e no dia-a-dia não costuma ser assim.

Ele pareceu não se importar com isso, e foi inusitado, pois não era típico dele algo assim.

Enquanto conversávamos, ao pegar um caldeirão, nossas mãos se tocaram, e ao mesmo tempo nossos olhares se cruzaram. Mais uma vez aquela tensão no ar, e eu, ao me fixar em seus olhos, me perdia completamente no profundo oceano negro enquanto ele me observava. Como depois de tantos anos eu ainda sentia aquilo?

Contudo, minha mente traiçoeira me lembrou do motivo de ter ficado longos anos longe de todos. Novamente aquela maldita lembrança de Snape e Steward.

– Eu tenho que ir! Até a próxima aula, professor Snape. – E saí imediatamente dali, antes que algo pudesse acontecer, e depois eu me arrepender.

Chegando aos meus aposentos, peguei a última carta que havia recebido de Soren, a li várias vezes e prometi a mim mesma e a Soren, pelo menos tentar não sentir o que estava sentindo por Severo.

– Eu amo Soren! Somente o Soren! – É o que eu tentava me convencer.

Mesmo que nos separeOnde histórias criam vida. Descubra agora