51

1.1K 101 76
                                    



MARJORIE CAMPBELL

Ver o Bruno subindo no pódio depois de Tokyo, para receber a medalha de ouro com certeza foi uma das maiores emoções que eu presenciei com ele, ainda não éramos amigos quando o Brasil ganhou o ouro em 2016, então estar do lado de Bruno nesse momento, era um misto de sensações.

Eu abracei Bia enquanto cantávamos o hino junto aos meninos, Bruno chorava tanto quanto a primeira vez que ganhou a medalha, assim que o hino acabou ele olhou para onde estávamos e sorriu.

– Bate palma para o papai. – Eu falo pra Liz que vestia a camisa igual do pai, ela sorri e bate as mãozinhas gordinhas uma na outra fazendo barulho e rindo.

Depois de toda a comemoração entre o time, os amigos e familiares dos atletas que estavam lá, puderam descer para tirar foto com eles, eu estava no canto abraçada com Liz que observava tudo com os olhinhos curiosos enquanto via Bruno tirar foto com a mãe e o pai que tinha sido desclassificado na semi final, mas seu sorriso era enorme como se ele tivesse ganhado com o filho aquela medalha, e sabendo toda a trajetória dos dois, sabemos que aquela medalha também era um pouco dele.

– Vocês agora. – Vera me chama e eu sorrio sem graça indo até ele com a Liz, ela já estica as mãozinhas para pegar a medalha do pescoço do pai, que sorri tirando-a e colocando no pescoço da filha, ele passa a mão por trás do meu pescoço e nós sorrimos para a câmera.

A foto tinha ficado linda, eu e Bruno sorrindo para a câmera e Liz em meu colo concentrada mexendo e olhando para a medalha.

– Parabéns, eu estou muito feliz por você ter conseguido.

falo sincera, o clima estranho no dia seguinte que acordamos da nossa noite de recaída, reinou, acho que estava ainda pior, será que em algum momento pensamos que quando acordássemos no dia seguinte tudo estaria bem? Porque essa seria a maior mentira do mundo, passei evitando ele por longos períodos nesses meses, e quando me deitei com ele depois de tanto fugir, parecia que todas as paredes que eu tinha construído para me proteger da dor de vê-lo ir embora, ele tinha as destruído.

– Eu não teria conseguido me manter forte se vocês não estivessem aqui. – Ele fala encostando a testa na minha e olhando nos meus olhos, eu sorrio me afastando dele, alguém o chama quebrando o clima estranho graças aos céus, e ele pega Liz do meu colo indo até quem o chamou, eu volto para a arquibancada e me sento aonde estava, vendo ele todo feliz com a filha, tinha certas coisas que eu não sabia explicar o porque.

Voltamos para casa no dia seguinte, em voos separados, ele com a seleção e eu com minha sogra e Liz, sabia que quando chegássemos tudo ia mudar de verdade e o que eu tentei adiar não teria mais como fugir, tentei controlar as lágrimas que insistiam em cair enquanto olhava pela a janela a imensidão das nuvens e pensava como éramos pequenos nesse universo tão grande, eu estava me sentindo esgotada, mas tinha esperança de dias melhores, afinal a nossa fase atual não define nosso destino final.

Quando dizia que sentia que Liz podia sentir um pouco do que eu estava sentindo, era sobre ela ter ficado quietinha o voo todo, coisa anormal, e abraçada comigo.

A única certeza que eu tinha na vida, era que seríamos nós duas até o fim, e isso já bastava.

– Papaaaaaaaaai. – Liz grita e corre, assim que Bruno entra pela a porta de casa um pouco atrapalhado com a quantidade de malas, ele a pega no colo enchendo suas bochechas de beijos, e eu só conseguia pensar que não veria mais isso durante um longo período de tempo.

– Oi minha princesaaaa, como foi a viagem?

– Avião balançou, quase caiu.

– Para de falar isso Liz. – Ela ouviu a avó falando em um momento de turbulência que parecia que o avião ia cair, e então ela desde que chegou estava contando pra todo mundo.

always been you | bruno rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora