Finalmente, não posso evitar o prazer de estar em minha casa novamente. Sinto uma felicidade genuína e engraçada, pois passei semanas longe daqui e até raízes eu estava criando naquela cama de hospital. Me sinto aliviada, embora esteja cansada.
Meus cachorros me recebem da melhor maneira possível, é incrível como eles transbordam em amor. Não entendo e jamais irei entender como alguém é capaz de maltratar seres inocentes, tudo que eles querem é dar amor e serem amados, assim como nós humanos, embora, a diferença seja grande já que eles não possuem a maldade que o ser humano possue e mesmo assim são completamente injustiçados e vítimas da violência e do sofrimento que esse mundo oferece.
Jogo esses pensamentos para longe quando aline me fornece ajuda para subir os degraus para meu quarto.
— irei fazer algo para comer. Já te trago. – ela me observa por um tempo e solta um suspiro no qual consigo ouvir bem, por mais que ela tenha se esforçado para não transparecer. Sei que ela está exausta, eu a fiz ficar assim. Sinto a culpa sobre meus ombros a cada dia que passa, pois tanto ela quanto jier estão passando por isso, por minha culpa. Tenho que dar um jeito de parar, não quero seguir com algo que está maltratando eles.
— Tudo bem, vou ficar de molho na banheira até lá.
Ela se retira me deixando a sós. Olho meu quarto e me lembro quando a minha única preocupação era sempre manter meus estudos acima de tudo e de todos. Hoje se eu liga aquela tv, irei ouvir horrores sobre mim. olha como as coisas são engraçadas... Pessoas que nem sequer as vi ou falei, são as que mais falam sobre mim, o que me impressiona é que elas falam sobre mim como se me conhecesse, e é justamente a forma de como eles falam as coisas que conseguem convencer as pessoas. Manipuladoras, é isso que são... Elas não tem medo em destruir a vida alheia, elas não tem consideração em como a pessoa de que estão falando vai se sentir em relação aos absurdos falados... Isso porque estão enriquecendo em cima da desgraça alheia. E isso deixa eles cada vez mais esfomeados e mais sedentos por qualquer brecha para inventar algo pior, pois assim vão ter mais repercussão. Aline é jornalista, mas ela tem seus princípios. Ela jamais ousaria em destruir a vida de alguém por causa de dinheiro, sempre buscou verdades e dados para compor suas matérias e é por isso que é tão invejada, pois ela corre atrás de muita coisa para seu trabalho sair perfeito. Ela me lembra um jornalista brasileiro o qual eu admiro muito, seu nome é Ulisses, ele é escritor também. Enfim, eu fico admirada com a inteligência daquele homem, bem que os demais profissionais nessa área poderiam seguir o exemplo.
Finalmente me afundo naquela banheira, quando me afundo por completo segurando meu fôlego por debaixo de toda aquela água, nesse momento parece que tudo para. As horas param, os ruídos param, A dor para. Essa sensação é viciante, não quero sair daqui debaixo, a água está tão boa e quente, é como se ela me abraçasse e me acolhesse como o mais belo abraço que um dia eu já recebi. Ah, o abraço.. Aquele abraço que um dia eu já recebi. Eu acreditava que nada no mundo pudera me afetar se eu estivesse dentro daquele abraço. Era o abraço que eu sempre recebia quando estava frustrada comigo mesma, ou quando estava com dor e não sabia reconhecer de onde essa dor teve origem para acabar se instalando em mim, e isso não é incomum. Muitas das vezes as pessoas estão sofrendo, mas não sabem exatamente de onde começou ou de onde veio para acabar se instalando nelas. Bom, era meu pai que me dava esses abraços, ele me ensinou muita coisa... Me lembro de um dia específico. Estava voltando da aula e pela primeira vez eu fui alvo de piada, e olhares tortos mas eu não entendia o por quê de eu ter recebido esses comportamentos, nunca tinha feito nada a eles e nem sequer falado com eles.
Eu me lembro, que cheguei em casa com uma angústia e com o coração apertado, eu estava sentindo culpa. Meu pai sabendo que não estava bem, veio me perguntar o que eu estava sentindo, e naquele momento, eu não sabia realmente o que eu estava sentindo. Então suas ele me pedia para descrever o que tava sentindo, se era dor, se era aperto, se era peso na consciência.... E assim ele me ajudou a indentificar no momento o que eu estava sentindo. E me reconfortou, ele sempre me dizia que eu tinha um coração muito bondoso e muito dócil e que por conta disso eu sofreria demais com as ações das pessoas. O problema não está em nós bondosos, está nos outros que fazem a maldade. Os pais deveriam fazer isso com seus filhos, ajudarem a indentificar o que estão sentindo e não que engolem o choro e seguem em frente. Claro que quando adultos temos que engolir e seguir em frente, mas quando criança ainda não é a hora para fazer isso.
Meu pai foi um homem incrível, tenho total orgulho dele e graças a ele que sou o que sou hoje. E hoje, existe somente uma pessoa que ainda consegue me dar esses abraços, jier. Ele é meu refúgio, eu o amo como nunca amei alguém antes. Não nos falamos ontem e nem hoje, sinto tanta saudade dele...— Evelin? O que ta fazendo?? – ouço a voz de aline assim que ela me puxa com força para fora da água da banheira. Não tinha me dado conta que ainda estava dentro da água, na verdade não estava sentindo nada.
— nada, só estava aproveitando a água. – ela me olha sem saber o que falar
— não estou tentando me matar, Aline. Sério, a água estava muito boa. - quando penso que ela iria falar algo, ouço som de passos até o banheiro.
Jackson para, agora, sério para nós. Não consigo ler seus olhos.
— Aline, será que eu poderia conversar com a evelin?
Aline concorda e se retira do banheiro sem pensar muito.
Fico quieta esperando ele falar o que ele tem para fala.
Ele se aproxima de mim, se ajoelha dentro da banheira para ficar a minha altura e me toma em um abraço que eu acabo por me surpreender, é aquele abraço. Eu me sinto tão acolhida e com vontade de chorar e agora eu posso dizer que eu não sei o que estou sentindo.— Você está bem? Eu vi o que aconteceu quando saiu do hospital, desculpe por não está lá. Não vou deixar ninguém te machucar - ele fala com aquela voz tão doce que eu não consigo me segurar e me permito chorar.
Esse homem nunca falhou comigo, e mesmo se falhasse eu o ajudaria a se concertar é isso que fazemos quando amamos alguém, ajudamos a concertar e não a condenar.
O amor não é uma série de condenação e também não é perfeito. Amores que são Amores vão passas por grandes dificuldades, nem tudo são flores, mas isso não significa que não exista um arco-íris com o passar da chuva.
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Jackson Wang - happiness
FanfictionEvelin é uma mulher determinada e elegante, formada em enfermagem, ela possui uma visão muito séria da sua profissão e de suas responsabilidades. vive junto de sua amiga, Aline, formada em jornalismo, já é mais animada que Evelin, deixando a amizade...