Jackson Wang - happiness

uma prova de amizade

Ao ver minhas fotos juntas de jiaer na televisão, mostrava claramente o quanto as pessoas se deliciavam com os acontecimentos da vida alheia. Isso os leva ao deleite, e ao prazer. Agora, não era para isso ser incomum?, eu me pergunto. Suas vidas são tão desinteressantes ao ponto de se meterem e opinarem na vida alheia? Novamente eu me pergunto.
Jiaer e Aline estavam atentos a tv, mas eu não me encontra junto deles no quesito atenção. Tudo já fora revelado, e não tinha mais oque voltar.
Noto que jiaer ainda estava ligado ao soro. Ah, sim. Jiaer não está muito diferente de mim, era para ele estar em seu quarto descansando.

— senhor wang.

Um doce voz feminina interrompe meus pensamentos.

— está na hora do senhor voltar ao seu quarto, está na hora da medicação e de seu descanso.

Jiaer toma seus olhos a mim, como se quisesse que eu o pedisse para ficar. Mas eu não poderia fazer aquilo, afinal ele também tem que cuidar de sua saúde. Sei que ele está preocupado e levemente assustado pelo oque aconteceu, mas ele não pode deixar de se cuidar. Então eu apenas solto um sorriso fraco indicando que ele deveria ir.  Ele coloca sua mão sobre a minha e aperto levemente para sentir bem o seu calor. A moça toma as rédeas da cadeira de rodas em que ele estava, assim o levando para longe de mim.

— então...

Aly estava desconfortável com tudo, absolutamente tudo. Conseguia ver claramente que ela estava mais confusa e preocupada com a situação em que eu me encontrava mais do que eu mesma.

— não tem nada a ser feito.
— sim, acabou. Agora todos já sabem.
— é, já sabem.
— evy, talvez essa não seja a hora de vc largar o Jackson?

Minha própria saliva corta como faca ao descer por minha garganta.

— desde que vocês começaram a namorar, você só sofre. Pensa que eu não via todas as vezes você chorando por trás das portas. Pensa que eu não senti o peso que você estava carregando. Evy, isso tudo é demais. Olha onde você está agora, está em uma cama de hospital, quando cheguei seu estado era grave. Foi atormentante ficar na sala de espera sabendo que a qualquer momento eu poderia nunca mais te ver viva. Eu não quero que isso aconteça mais, realmente não quero. E pensar que cada segundo que eu pensava em mundo sem você era sufocante! Você é minha melhor amiga, não pode fazer isso comigo.

Aline aperta seus olhos tentando não mostrar seus sentimentos, creio que ela não tenha percebido que eles estavam esvaindo por seus olhos e suas mãos tremendo era um sinal claro da sua angustia e raiva por minha falta de responsabilidade comigo mesma.

— eu não quero mais ter que deitar e pensar que a minha melhor amiga pode estar em perigo. É muito ruim, muito ruim mesmo. É muito desgastante e eu não aguento mais.

Enfim ela começa a soluçar de tanto chorar, eu não imaginava que ela se sentia dessa maneira. Nunca passou pela a minha cabeça que a Aline estava se preocupando com isso.

— por que você está me olhando dessa forma? Como você consegue manter essa frieza toda? Da para você parar de ser a merda de uma robô!

Apenas respiro fundo tentando pensar em alguma forma de confortar ela. Afasto um pouco, dando espaço para ela se deitar ao meu lado, e assim ela faz. Ficamos deitadas cara a cara com ela ainda chorando.

— não consigo, aline. Eu sempre fui essa droga de robô.
— eu sei, desculpa.

Ela diz baixo

— Aline, eu não estou sofrendo desde que comecei a namorar o jiaer. Eu sempre sofri calada, e jiaer me ensinou que eu não preciso sofrer sozinha. Logo e por isso que você anda me vendo mais emotiva com frequência. E está tudo bem, estou aprendendo passo a passo que não preciso carregar mais essas cruzes sozinha.
Sinto muito se eu te machuquei de alguma forma, realmente não era de minha intenção tomar esse tipo de atitude. Sei que se preocupa comigo e quer me ver bem, eu sei.

Ela fica quieta ouvindo cada palavra que era solta por minha boca.

— não tem nada a ver com o jiaer isso tudo, muito pelo contrário estou mais feliz ao lado dele. Não o culpe pela a minha falta de responsabilidade, isso é totalmente culpa minha. Me desculpe
— só quero que você pense mais em você, você pena muito nos outros e esquece de você e isso me mata. Você sempre se colocou em segundo plano, eu ficava me perguntando quando você iria se priorizar?
— eu espero que seja logo.

Ela me olha um pouco surpresa

— realmente eu não tenho uma relação de amor comigo mesma, realmente não me trato com carinho. Sou sempre cruel e perpiscaz comigo mesma. Me auto-critico diversas vezes e nada nunca está bom para mim. Tenha diversas falhas e sempre faço questão de lembrar a mim mesma disso.

Solto uma risada sem graça em formato de decepção comigo mesma.

— isso não é ridículo?
— eu só acho que isso te faz ser mais humana.

Agora foi a minha vez olhar espantada para Aline.

— isso so faz te lembrar que você é humana, evy. E como humanos nunca iremos alcançar a perfeição, mas isso não significa que você não possa melhorar. Sempre da para melhorar.
— sim, de fato.

Aline solta um sorriso e eu sem entender o motivo retribuo o olhar de forma confusa.

— evy, você é bastante perfeccionista.
— é, talvez eu seja.
— talvez não, você é.
— e você é muito exagerada.
— e você é uma velha chata que vive tomando café
— é, talvez eu seja.

Sorrio de forma sorrateira para a mesma.

— por favor, nunca mais pense em me deixar
— desculpa, Aly. Vou me esforçar.

Aconchego o travesseiro de forma que nós duas pudéssemos deitar de forma confortável, nos deitamos ainda de cara a cara e assim dormimos.
E eu pensando que estava escondendo bem tudo que eu sentia ou fazia, não sabia que essa minha atitude estava ferindo aqueles próximos a mim. E talvez, se a Aline não tivesse falado isso hoje, eu iria continuar sem saber que estava machucando eles.
Essa é a maior prova de amizade que eu terei na vida.