Capítulo 11

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Você desabou em lágrimas assim que o Kai saiu do quarto, te deixando sozinha.
Nunca discutiam com tanta frequência, no máximo ficavam sem se falar por um tempo, mas quando discutiam... Sempre era assim que acabava.

Queria ter contado a verdade a ele, desde o início, conversar com o seu irmão era tudo o que você queria e precisava. Mas sabia que seria difícil falar a verdade pra ele, o Kai nunca aprovou o seu "emprego" e a vida que levava na Tenjiku, e gostava muito menos quando você saía com o Hanma.

Você se levanta devagar, ficar apenas deitada não iria te ajudar, e pensar demais estava te deixando louca, esquecer tudo o que aconteceu era do que precisava.
Em passos arrastados você vai para a cozinha, sentia fome, mas a geladeira estava vazia, você havia esquecido de fazer as compras da semana.

- Droga - você fala voltando para seu quarto, precisava pegar grana para ir ao mercado próximo.

Antes de sair, você se olhava no espelho, estava péssima, então apenas trocou de blusa e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo, na expectativa de mudar um pouco a aparência cansada que tinha.

- Parabéns, você conseguiu deixar ainda pior - diz para si mesma enquanto encarava o espelho.

- Foda-se - você diz dando de ombros e saindo de casa.

Sua casa ficava em um bairro simples, morava ali desde a infância, a rua era calma e sempre haviam crianças brincando na rua.
Você sorri fraco ao lembrar de quando brincava com os vizinhos e com o Kai, era divertido, e você não tinha motivo algum para se preocupar, afinal, naquela época você era apenas uma criança.

Sentia saudades daquela época.

Tudo era fácil, divertido e doce... E como vocês amavam doces!

Seu pai lhe comprava um montão deles, mas sua mãe sempre reclamava, dizendo que não eram bons para os dentes, mas não se importava nem um pouco, eram gostosos, e dividi-los com o Kai era ainda mais divertido. Mas sempre eram pegos pela sua mãe quando comiam escondidos, e vocês sempre faziam a mesma pergunta: "Como uma coisa tão boa pode nos fazer mal?", e ela respondia com toda a paciência do mundo.

Você sentia falta dela.

Sua mãe era uma mulher incrível, e assim como seu pai, ela também os protegiam, e fazia de tudo para vê-los bem. Sua mãe sempre falava que vocês eram a prioridade dela, e que faria de tudo para que crescessem saudáveis, e com um futuro brilhante.
Mas o erro dela tinha sido esquecer de cuidar de si mesma, e escondia o fato de que estava doente, não queria preocupar o marido e nem os filhos, não queria ser um fardo e muito menos fazê-los gastar com medicamentos e médicos caros. Custear um tratamento era muito mais do que podiam pagar, vocês não tinham aquele dinheiro.

- Se ao menos você tivesse nos dito a verdade antes de sofrer calada por tanto tempo... - você diz alto, observando o céu azul sobre você.

- S/n! - A senhora Kyoko fala ao ver você entrar no mercado, o mesmo onde você costumava trabalhar a tarde.

- Não veio ontem, aconteceu algo?

- Estava um pouco indisposta, senhora, perdão!

- Sem problemas, querida! - ela sorri meiga - Mas você tá com uma carinha tão abalada, tá tudo bem?

"É tão óbvio assim?" Você pensa

- Tô gripada... - você diz indo para as prateleiras, precisava pegar o suficiente para essa semana e depois voltaria para casa, onde se afundaria em sua cama novamente, logo após de comer, é claro, você podia sentir seu estômago revirar-se de fome.

Após pegar tudo o que precisava, você vai direto ao caixa, pagando as mercadorias, e pegando as sacolas para sair do estabelecimento.

- Querida... - A senhora Kyoko fala assim que você está prestes a sair

𝗦𝗼 𝗛𝗶𝗴𝗵 - 𝘚𝘢𝘯𝘻𝘶 𝘏𝘢𝘳𝘶𝘤𝘩𝘪𝘺𝘰 +18Onde histórias criam vida. Descubra agora