1⁰ ATO · Reencontros Desconhecidos

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Quando tudo começou ㅡ ou pelo menos acreditávamos ser o começo.

CAPÍTULO I - Sonho Acordado

13 de março de 2017

Jeong Hoseok

Acordei num pulo.

Como se tivesse ouvido um estrondo muito forte e despertado no susto. A sensação foi exatamente essa, apesar de não fazer ideia se realmente houve um barulho, se sonhei, ou simplesmente alucinei.

Sentei ofegante ensaiando levantar. Mas estacionei, apoiando os braços na cama ao lado do corpo e travando os dedos no edredom, olhei ao redor mapeando todo meu quarto com os olhos, desorientadamente, em busca de algo que nem parei para raciocinar o que era.

Se passaram longos 10 segundos e o despertador tocou.

06:45 ㅡ ENTREVISTA

ㅡ Já acordei! ㅡ resmunguei irritado para o despertador.

Aos poucos fui me situando de onde eu estava, quem eu era, que dia era...

ㅡ Entrevista... ㅡ grunhi sonolento despencando a cabeça para frente, a apoiando em minhas mãos. ㅡ Puta que o pariu a entrevista! ㅡ Finalmente caiu minha ficha.

Comecei a me desfazer do edredom enorme no qual eu estava completamente enrolado após ansiosas quatro horas e meia de sono.

ㅡ Como pode alguém se mexer tanto enquanto dorme?! ㅡ Me estressei pela demora. ㅡ Parece um fone de ouvido que passou o dia no bolso!

Quando, enfim, consegui me livrar do acolchoado, fui me arrastando com pressa até a beira da cama, onde sentei, esticando os pés e tateando o chão à procura da minha pantufa da Akatsuki.

ㅡ Caralho, nem acredito que é hoje! ㅡ comecei o monólogo de sempre pensando alto, enquanto me dirigia ainda desorientado ao banheiro. ㅡ Deus, cosmos, mamãe natureza, por favor... me abençoem... me iluminem... ㅡ falava interrompido pelas minhas próprias mãos que jogavam uma água gelada no rosto recém dormido ㅡ me guiem... ㅡ e falava ㅡ me coloquem com um entrevistador ou entrevistadora gente fina... que enxergue meu potencial... ㅡ e falava ㅡ que dê tudo certo hoje, pelo amor de deus, não aguento mais aquele escritório! ㅡ E falava...

Enxuguei meu rosto com pressa na toalha vermelha pendurada no boxe. Parei em frente ao espelho. Me apoiei na pia levemente pensa. Olhei no fundo dos meus olhos. E, dessa vez um pouco mais acordado e mais sério, confidenciei ao meu reflexo:

ㅡ Hoje é o dia que pode mudar a nossa vida, Jeong. Você está me ouvindo? ㅡ questionava ao pobre coitado no espelho com certa passivo-agressividade. ㅡ Tudo pode mudar daqui para frente. Tudo novo.

Era só uma entrevista de emprego.
Mas parece que algo dentro de mim já sabia o que estava por vir.

Eu, verdadeiramente, do fundo do meu coração ansioso, não aguentava mais o meu ㅡ até então ㅡ atual emprego. Passei anos esgotando toda a minha vitalidade, minha criatividade numa maldita mesa de MDF sentado o dia inteiro naquele lugar abafado, tratando de assuntos que eu não tinha muito domínio, muito menos interesse. Me senti um robô por anos. Isso me matava por dentro.

Demasiado Humano • OT7Onde histórias criam vida. Descubra agora