Oi pessoas do meu coração,
tava com saudade 🥺Espero que estejam todes bem, e se não tiverem, dias melhores virão eu prometo 🫂
Esse capítulo tá bastante introspectivo, espero que vocês consigam sentir os passinhos que nosso Jinjin tá dando nessa nova fase.
Boa leitura!
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Kim Seokjin
Andava em linha reta sobre o piso tátil direcional amarelo na calçada do Museu Histórico-Cultural de Muna, encarando o caminho diante dos meus pés. Conferindo aonde iria pisar e onde estava pisando.
Sempre foi assim, desde criança. Só olhava para a frente, para os lados ou para quem estivesse andando comigo por pura obrigação. De tanto me chamarem atenção por andar encarando o chão o tempo inteiro, acabei aprendendo que para satisfazer as convenções sociais ㅡ e os meus pais ㅡ eu precisava olhar para a frente, para os carros, para as pessoas. Mesmo que sentisse a necessidade de conferir onde estava pisando. Mesmo sem entender como as outras pessoas conseguiam andar olhando para qualquer outro lugar sem medo de, de repente, topar em uma pedra por exemplo.
Era meu primeiro dia de trabalho. A nova galeria do museu ainda não havia sido inaugurada. Como entrei para a equipe por indicação, já estava escalado para atuar nos preparativos do evento de abertura. A Galeria da Imagem e do Som iniciaria suas atividades em uma semana. E eu estava indo ajudar a organizar o local.
Estava de óculos escuros, o verão deixava a cidade clara demais. E já fazia quatro dias ㅡ desde que deixara Lavínia ㅡ que eu não conseguia mascarar muito bem minhas sensibilidades.
O museu era enorme. Estacionei diante da escadaria em frente à entrada e gastei alguns segundos admirando o patrimônio. Todas aquelas padronagens românticas da arquitetura renascentista me recheavam o brilho nos olhos. Me trazia certo conforto encará-las. Por isso, acabei estendendo os segundos para minutos parado ali. Contando as arestas de alguns arabescos enquanto desconcentrava a atenção dos meus dedos arranhando uns aos outros na minha mão.
ㅡ O que tá fazendo parado aí? Um sol desses, menino! Entra, vem.
Num leve sobressalto, trazido subitamente de volta para a realidade, forcei um sorriso de simpatia à Nikolaj e a acompanhei museu a dentro.
Dona Niko era expansiva, falava demais e alto. Gostava de tocar nas pessoas enquanto contava suas histórias. Era muito gentil e solícita, parecia ser um perfil de família. Judy era igualzinha.
Tive um certo impacto ao conhecê-la, eu havia acabado de chegar de viagem e ela foi nos visitar para jantar conosco. Estava tão sobrecarregado, sentindo em meu corpo os efeitos das quase sete horas de estrada dentro de um veículo em movimento. Sentindo em meu peito a saudade e o apego à toda minha rotina em Lavínia. Sentindo em meu coração, os pedaços quebrados de um amor abortado.
A dor de tê-lo deixado depois de tudo que vivemos nas minhas últimas semanas antes da mudança me acompanhou traiçoeira. Cada buraco no asfalto que os pneus do ônibus passavam por cima, me estraçalhava um pouco mais por dentro. Como uma casa-móvel onde os armários da cozinha não tinham travas, nem portas, e todas as louças caíam no chão se quebrando e sendo arrastadas de um lado para o outro devido ao movimento.
Eu era uma casa-móvel. Estava indo me estacionar em outro lugar. E minhas louças estavam todas quebradas.
O esforço que precisei fazer para lidar com todos os estímulos expansivos de dona Niko no nosso primeiro encontro foi equivalente a me rasgar inteiro para me virar do avesso. Eu precisava de silêncio. Escuro e silêncio. Ficar sozinho. Mas ainda precisaria lidar com aquela rotina flutuante por mais um tempo. Precisava me controlar.
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Demasiado Humano • OT7
Hayran KurguEssa não é uma história de amor. É uma história sobre a condição humana a qual estamos fadados. Condição que nos faz contraditórios. Vulneráveis. Que nos limita às circunstâncias deste mundo material, mas nos permite sentir para além da nossa compre...