CAPÍTULO XXXVI ㅡ Sol da Meia Noite

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Jeong Hoseok



ㅡ Ele precisa mesmo andar com essa arma à mostra na cintura às dez da manhã?

ㅡ Sinceramente, eu não sei. Mas ele podia deixá-la ao menos mais escondida. Tem crianças na loja, sabe?

ㅡ Não consigo gostar desse cara.

ㅡ Acho que ninguém aqui gosta.

ㅡ E ele não se enturma com ninguém.

ㅡ Sabe o que é pior? ㅡ Yoongi baixou o tom de voz e se virou meio de lado ao perceber Jongsu nos observando de longe ㅡ Eu já reparei que ele fica mais pelas redondezas da floricultura do que do resto da loja. Ele não é segurança e vigia de toda a Magnate? Por que fica mais por aqui?

Choi Wooshik se aproximou de nós dois e acabou pegando o final da conversa.

ㅡ Só na fofoca vocês, né? ㅡ Brincou, nos fazendo rir pelo flagrante ㅡ Querem um conselho? Não encarem muito esse projeto de exterminador do futuro. Existem boatos de que ele transforma as pessoas em pedra se olhar muito.

Bati em seu ombro, o empurrando pela piada idiota.

ㅡ Se fosse por isso, Yoon já tinha virado pedra faz tempo. Ele tá sempre de olho nesse cara ㅡ continuei a brincadeira, mesmo sentindo um calafrio discreto invadir minha coluna.

ㅡ Não, mas é sério. Se virem algo estranho ou se sentirem coagidos com ele, avisem a mim ou a Park. Não falem direto com ele, esse cara não bate muito bem.

ㅡ Mas por quê? Qual é o papo dele? ㅡ Minie questionou curioso.

Ele tentava sacar Jongsu desde que entramos na floricultura. Sempre sentiu algo estranho na postura dele. Como se tivesse algo errado, mas nunca ficou claro o que era.

ㅡ Eu não sei, Min ㅡ Choi soprou junto com um suspiro de quem já lidava com aquele homem há bastante tempo ㅡ Mas já rolaram várias coisas estranhas envolvendo ele por aqui. Sabe? Park não o suporta, já brigou com o senhor Kwang inúmeras vezes pra tentar fazê-lo demitir esse cara, mas ele parece intocável.

Fomos interrompidos por uma cliente que chegou na loja e precisava ser atendida. Nos dispersamos e cada um seguiu com seu trabalho. O assunto ficou por aquilo mesmo, como sempre.

Jongsu era sempre um assunto inacabado.

Jimin selecionou uma equipe para ir no turno da madrugada de quinta para sexta para montar a decoração de natal na floricultura. Eu, Jungkook e Ye-jin fomos escalados. Ele também estaria lá e mais tarde descobri que Taehy também.

Eu estava há quase um mês sem falar direito com Taehyung. Depois daquele infeliz episódio com Namjoon, ele pareceu se retrair. Naqueles dias, fiquei grudado nele. Tão preocupado, não queria sair de perto. E ele também me pedia para continuar ali. Foi a primeira vez que nos vimos todos os dias durante mais de uma semana. Dormi com ele e Jimin quase todos os dias. Ele adoeceu, pegou uma gripe forte ㅡ que depois entendemos que foi possivelmente uma somatização pelo seu estado emocional ㅡ, o acompanhei no posto de saúde, aprendi a fazer sopa e receitas de chás naturais para ele. Foi como se tivéssemos entrado em outra realidade. Ele só queria ficar perto de mim, Jimin e Namjoon. E isso era novo. Ele que sempre fora tão sociável e vivia rodeado de gente. Pela primeira vez o vi tão vulnerável.

Aqueles dias me fizeram fortalecer uma conexão com ele que eu ainda não era capaz de decodificar. Querer por perto apenas Jimin e Namjoon era compreensível, mas por que eu?

Minha relação com Taehyung era como um quarto escuro para mim. Eu só sabia do que eu sentia, mas ele era uma incógnita.

E depois daquilo tudo percebi que continuaria sendo. Porque após aqueles dias, ele passou a se concentrar nos seus estudos e nas suas coisas pessoais sozinho. Se tornou ausente de novo. Eu não o via no trabalho, não o via nas redes sociais, esperava dias por uma mensagem respondendo alguma pergunta sobre como ele estava. Com o tempo fui ficando na minha de novo, como já tinha aprendido a ficar antes, quando a gente ficava e depois ele sumia. Mas dessa vez foi diferente.

Demasiado Humano • OT7Onde histórias criam vida. Descubra agora