CAPÍTULO XXVIII ㅡ Dia 13

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Jeon Jungkook



Abri os olhos devagar. Pálpebras pesadas. Sonolento. Ainda desligado.

Foi necessário menos de um minuto para que eu subitamente me sentasse na cama num susto que fez meu coração surrar meu peito por dentro. Procurei o celular com pressa. Olhei as horas.

6:12h

Expirei em profundo alívio.

Por um momento achei que estava atrasado. Bateu um leve pânico.

Tive a sensação de ter tido um sonho intenso e real, mas não me lembrei de nada.

Cheguei tão exausto em casa na segunda-feira que adormeci sem nem me dar conta. Não coloquei despertador, nada. Só tirei minhas roupas sujas, tomei um banho rápido e me joguei na cama.

Depois de alguns minutos sentado, tentando recompensar a respiração, finalmente me situei de onde estava. Olhei para as cortinas finas na janela. O sol ainda não estava forte, mas já havia claridade.

Me joguei de costas de novo na cama, mas não consegui fechar os olhos. Fiquei encarando o teto, envolvido naquele silêncio fúnebre da solidão do início das manhãs.

Com meu coração mais calmo, voltei ao meu estado automático. Aquele onde eu sentia nada. E pensava em nada de especial. Os pensamentos só vinham e passavam. Assim como todas as coisas. Tudo apenas passava por mim. Eu apenas passava por tudo.

Tinha algo diferente dessa vez. Haviam momentos. Momentos onde eu era notado e querido. Isso era diferente. Mas ainda não passavam de apenas momentos. Quando eu voltava para casa, sozinho, e me deparava com o vazio daquele pequeno apartamento, me deparava com o silêncio encarando meus olhos sem piscar, eu voltava exatamente para o mesmo lugar de sempre.

Aqueles momentos infelizmente não eram suficientes para mudar tudo. Não eram suficientes para ocupar o vazio da minha vida. Eu ainda era um grande nada com braços e pernas brincando de ser alguém.

Brincando talvez seja exagero. Não havia diversão alguma naquilo. Apenas distração.

Eu estava apenas fingindo ser alguém. E alguns bobos estavam sendo convencidos disso.

Às vezes quase me juntava a eles. Quase.

Tentei fechar os olhos e dormir mais um pouco, mas meu organismo não permitiu e me mandou levantar. Meu estômago estava roncando alto, peguei no sono sem jantar na noite anterior. Me sentei, sem pressa, colocando os pés no chão. Levantei para ir até a cozinha ver o que tinha. Nada para tomar café. Apenas comida para a janta e algumas bolachas que não seriam suficientes para o animal silvestre berrando na minha barriga. Encarei a porta do banheiro, ponderando se tomaria primeiro um banho ou se desceria logo até a padaria da esquina para comprar pão.

Acabei deixando o banho para depois, realmente estava com muita fome. Bebi um pouco de água, comi umas três bolachas só para enganar, coloquei a primeira roupa que vi ㅡ uma regata velha e uma calça moletom da mesma idade ㅡ pus a carteira no bolso e saí. Desci até o térreo, cumprimentei o porteiro com um "bom dia" sério. Ele sempre sorria, eu apenas levantava a mão. Andei até a padaria, já eram sete horas. O movimento da rua começava a brotar aos poucos. Haviam menos de cinco clientes espalhados entre a fila do pão, as mesas e as prateleiras de produtos. Todos olharam para mim quando entrei.

Não prendi minha atenção em ninguém, apenas passei o olho, mas ainda assim pude ver claramente que ficaram concentrados em mim por algum tempo.

Eu já estava acostumado. Quando não passava despercebido, era encarado com olhares receosos ou julgadores. Sempre passava por pessoas na rua que pareciam ter medo de mim.

Demasiado Humano • OT7Onde histórias criam vida. Descubra agora