Neste horário, naturalmente, o movimento é pouco, mas sempre há alguém... um casal, par.... um grupo de amigos, par ou ímpar? Não sei dizer, sou invisível para eles, como eles para mim... Um vagabundo... Não ligo. Esta noite não há ninguém.
Continuo caminhando, lentamente, sem fugir da ideia inicial, passear um pouco, aproveitar o silêncio da noite...
Sinto um puxão no braço... me leva para o beco.
Moro em um porão, do beco onde estou dá para ver pôr um basculante, minha sala, meu quarto, tudo é silêncio, o gato dorme na poltrona.
Ainda não posso dizer o que me arrastou para o beco, minha respiração está suspensa.
"Você não fala chuchuzinho?" – a voz máscula invade meus ouvidos.
Acenei com a cabeça. Falo.
"Então me diga, o que faz sozinha a esta hora?"
"Ao cinema..." - Respondi, apenas com os olhos fixos nos olhos do garanhão, que vendo minha não relutância, aliviou a pressão das mãos sobre minha pele.
"Vamos, vire-se, arrebita o traseiro" – Nada fiz, tudo o que me ordenou fez questão de me conduzir, com suas mãos ásperas e grandes.
"Não vai pedir socorro?" - Acenei com a cabeça, não.
"Não vai gritar?"
Gosto de ir ao cinema.
Em quanto tive este pensamento, posicionou-me ele com as mãos na parede, empurrando-me a coluna, de forma que meu ventre fosse para frente e minha bunda arrebitasse.
Ouvi o som do zíper, sendo aberto.
Gosto de comédia inteligente.
Pude sentir quando ele se posicionou, deixando suas pernas abertas de forma a ficar compatível nossa altura, algo viscoso e úmido pingou em mim.
Há todo o resto sou indiferente... Mas tem uma coisa que odeio.
Pareceu-me ele quase desejando ser carinhoso... como fossemos nós 'dois', um par, um casal de namorados, apenas saindo da rotina.
"O que disse benzinho... humm!!!" - grunhiu ele.
Gemi, involuntariamente, eu gemia baixinho em meio às duras estocadas de seu abrupto membro, sussurrei respondendo.
"Odeio grito."
Pensava em meu gato... se gritar posso acordá-lo. Com os lábios calados gemi o mais suave possível, ele manteve suas mãos enormes em minha cintura, me puxando lentamente para frente e para trás, ainda gemi por alguns instantes por causa das duras estocadas, até que naturalmente, fui lubrificada.
Ele ficou imóvel por alguns instantes em minhas costas, depois de um longo e abafado gemido, senti suas pernas trêmulas, por fim reclinou seu queixo áspero em meu ombro.
"Você gozou...?"
Acenei com a cabeça... sim.
"Eu também..."
Este foi meu presente de aniversário. Vinte e um anos.
Hoje eu perdi a sessão... e a virgindade, com um homem de verdade.
Era um filme de Woody Allen.
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Palavras Para Distrair a Insônia
Non-FictionEste pequeno cacifo, agora aberto e ofertado a vocês caros leitores, que peço, fiquem a vontade para tomá-lo como desejar. Conta com uma série de composições, "estórias", rabiscadas em guardanapos, no velho pardo papel de pão, algumas vezes em meu e...