Palavras Para Distrair a Insônia

O Ano é 2020

Final do mês de novembro, mais precisamente, 29 - do mês 11 de 2020, domingo. Muitos, "enciclopédicos" certamente terão fresco na memória os eventos que envolvem esta data. Segundo e derradeiro turno, para que se faça a democracia acontecer em nosso país; para que conheçamos os novos (hum) "governantes" eleitos pela "força" da democracia, pela vontade de seu povo.

Teria algo mais importante acontecendo ao redor do nosso singelo e frágil orbe? Bom, fora o fato de eu estar internado em uma clínica, creio que nada mais!

Mas... e sempre tem um... no decorrer desta semana, ouvimos boatos de tirar a cartola do seu eixo, coisa de vida e morte, e para nós, este desterro humano é um banquete, quase que um deleite, um daqueles clássicos, que coloca a todos em alerta, a obrar assunto em verso e prosa...

E a temida Marta Rocha mais uma vez, convida a bailar, sem que se tenha chance de dar drible na vaca, fitar, negar-se, fez bem feito, posto que será assunto etéreo, e claro, assim que soube do apito final, tirei o time de campo, me pus a martelar... (como dizem os antigos) matutar, fazer a análise do caso. 

A notícia mexeu comigo, claro. Mexeu com o país! Parou com todo o "mundo", que torcia para que fosse uma falta cavada, de fato.
Sei que tudo isso me causou algo, que verdadeiramente eu ignorava, é assunto que como já disse, "pendurei as chuteiras" ...verdade é que chegou a me causar um certo constrangimento, ter que raciocinar do por quê, como teriam se dado esse beque de fazenda.

Porque aquela firula me havia posto triste? Não me era da família! Pelo contrário, tinha até certa rusga por ele. O fato do seu "desterro" ter se dado numa quarta-feira, inflamou um pouco as coisas, já que aqui, se pouca e íntima, quase nenhum acesso a informações das ocorrências do mundo externo nos é permitido. 
Tudo a favor do bem dito sim, afinal é assim que se deve funcionar um isolamento...
Mas em época (pré-tec) difícil é o pretenso isolamento total que não se rompa... (por isso, ouvimos dizer) deu zebra!

É bom que se diga, aqui até a mobília tem ouvidos, e muito do que ouvimos dá-se por certo, é boato. E a fim de esperar fonte mais "confiável", que só teríamos lá para a eternidade do fim de semana, posto que este assunto, nos interessava as minúcias... mas enquanto aguardávamos, o que pensar? Como levar a boca, mastigar, engolir e digerir... fazer-se entender e aceitar este placar?

Com tudo isso claro, talvez o mais triste, é que, mesmo que não queiramos, vem-nos uma enxurrada de pensamentos inúteis e surpreendentemente inumano, sem qualquer empatia ou amor a dor do próximo... sim, me veio como um raio certeiro, tal qual a "mão de deus", 'alguém vai afirmar'...e eu o que posso dizer ou fazer? Só posso concordar, em algum momento, 'alguém vai afirmar' ...como me contra pôr? Cedo ou tarde, 'alguém vai afirmar', afinal é este o caso, esta será uma afirmação que não será apenas entoada, aclamada por uma só voz, mas de muitas, quiçá milhões!

Mesmo eu cheguei sim a pensar... mas este é caso grave, há que se ter coragem para afirmar tamanha, tamanha socraticidade... sim são coisas do humano, não compreendemos bem, mas as fazemos e aceitamos.

Mas há que se ter "etiqueta" e ser assertivo; será necessário com estas afirmações, por sobre o assunto, não só "pedra e grama" mas também fundamento, um seixo final; afinal a relevância e validade excedem, a nossa época. E irá transcender aos tempos.
 
Confesso que para esportes, não me foi dado muito ou nenhum talento, tão pouco interesse, mas aqui, no país "abençoado por deus", belo pôr natura, cheio de ginga, onde predomina o amarelo do sol, o verde das matas, e o canto do carijó, difícil é não ter que lidar com a esfera e as feras do universo futebolístico.

E tudo isso pode soar apocalíptico, se não fosse o fato que nos fez chegar até aqui...

Eis que nesta última quarta feira de novembro do ano de 2020, o aclamado jogador de futebol, o argentino Don Diego Maradona, aos 60 anos de idade, "pendura as chuteiras", não, ele não aposentou-se, mas cumpriu com o destino que a todo ser vivente é certo, esticou as canelas, bateu com as dez.... e faço uso de todos estes termos, para alguns, chulos, mas que para muitos, compreenderão, expressa-se bem no linguajar futebolístico popular, a grande perda sofrida...

É claro que quem o viu e conheceu, conviveu, como é o caso de 'Ernesto Bialo' sabem bem, uma morte assim, não passa as brancas nuvens... homens deste calibre, a Menina não vem e ceifa, a verdade, é que ela até barganha -  Como? Onde? Quando?...e até mesmo os porquês! Tudo isso é negociado. Tem que ser tudo muito bem acertado, protocolado, carimbado e assinado, entre os D'Ds...

Posto que não é qualquer um que a Madame veio buscar, os termos tem que ser claros para que seja livre o passe, tanto na terra como lá...
Este não! Este até a Morte tem que ter justificativa plausível para convidar ao último tango.
E que tango! Que olé!

O desfecho! Voltando às coisas do humano... é que fui sincero comigo, ao me perguntar na ânsia de que tudo aquilo fosse verdadeiro ou falso, se de fato o Don Diego Maradona, estava mesmo morto! Foi a pergunta que me ocorreu. E que sei, você também se perguntou... será verdade!?
Então, quem é o melhor, Diego ou Pelé?

Confesso que me correu um arrepio na dorsal até os pés... quis retirar a pergunta, mas já estava posta, fixada em meu córtex... e agora o que fazer? Recorri a outros eventos esportivos, na tentativa de mudar estratégia, a cor da mala, tentei o xadrez e depois ao bilhar... mas tudo o que sabia, o que tinha em mente naquele momento era, futebol, esporte que sempre me foi duro, penoso, já que nas "peladas", assim chamávamos as nossas interpelações, nos "rachas" sempre fui alvo ao quadrado. (Escute essa). 

Perdíamos de um placar estilo Alemanha, robusto, coisa de 8x0, quando um primo -  qual não vou lhe dar fama – aos berros gritou: "vamos pessoal, vamos jogaaar", ao que eu lhe respondi, "o que quer de nós, sangue?" Deu ele dois, três passos em minha direção e... desferiu-me um cruzado que me valeu seis pontos no beiço... Aos doze anos encerrava-se minha carreira futebolística...

Mas agora tudo isso veio à tona, e pouco importa o que tem a nos dar a filosofia, o futebol, esta é sem dúvida a última honraria, talvez o último título, a imortalidade, que nem todos querem, mas alguém terá que erguer a taça.

Bom, e eu que não sou bobo e calejado, me abstenho e dou um belo passe para o ataque... mas e agora? Maradona ou Pelé? Caprichosamente a bola rolou, chegando aos pés do Rei, que sendo sábio e craque que é... decreta: 
"A lenda não se diz... ela é. Quem conta a história não é a história."

NdA. Marquinhos artilheiro, Tilelê intermediário, Marcondes zaga, Léu o firula, Davi meio campista, Douglas o primo "atacante" e eu... estes são alguns da turma do bairro, os craques dos rachões de minha infância, desculpem os outros mais de cinquenta "muleques" que não citei o nome...