Confesso um certo desconforto, que não estou muito à vontade para tratar deste tema, já que o acho bastante comum e já por demais explorado.
Além disso, há tanto o que transcrever, passar a limpo, correções a serem feitas, e este será mais um que se juntará ao amontoado na mesa, que não sei o que pensar, se melhor assim, já que a produção vai de vento em polpa ou se suspiro fundo e começo uma nova e longa confusão mental, por que não escrevo direto na máquina!?
Enfim, é domingo ou poderia dizer, 'domingou', e este dia, para lá de estranho, esquisito, creio quase ninguém sabe dizê-lo se bem-vindo ou amaldiçoado. O desejo é ficar na cama, até que doa as costelas. No mesmo há um sentimento de quase se está pecando, o melhor seria acordar cedo, logo saltar da cama e aproveitar o dia, o máximo possível. E isso por si só é uma questão quase filosófica.
Domingo, o dia danado, nada para fazer, que não seja prazeroso e capital. Acordar cedo, para não fazer nada é um exercício no mínimo de burrice. Levantar tarde para aproveitar a cama é desperdício de horas, de dia, de se estar de alguma forma vivo.
Resposta para esta incógnita, talvez Machadiana ou aos moldes do velho safado Buck. Contemplar e dissertar sobre a existência alheia, ou iniciar um porre? Minha rotina, como a de muitos, é simplória, sou o típico cara que diz: "acordo antes que o despertador me chame" – e por isso é melhor cuidar do alheio.
Um cafezinho, dois minutos no micro, tempo o bastante para urinar... ontem ouvi de um jaleco branco, que não há problema procrastinar a escovação, então não me preocupo com os dentes, com a cara, nem com o espelho, afinal é domingo.
Dou prioridade a um cigarro e a um cafezinho. Vou para a sacada, inspirar o dia, aliás uma linda manhã de domingo, tento sorver o que dele pretendo, o que de mim ele exigirá. Minha rua é sem saída, ao fim, um pequeno trilho como o de formigas, só que feito para o uso humano, levando a alguns cumes de pequeno e médio porte. A rua onde moro, Eurípedes Barsanulfo é paralela a Francisco de Assis, dois nobres, que seria de bom grado tê-los como vizinhos. Um Espírita, o outro Franciscano e um Ateu, seria de fato um belo café dominical.
Mas como disse, "minha" rua sendo sem saída, tende a ser um local calmo e de poucos transeuntes; ledo engano. Em tudo que se espera de uma rua sem saída, mostra-se exatamente, e totalmente contrária. Minha rua pode se confundir por vezes com uma vila, um cortiço, com muita vivacidade, há crianças de zero há 8 décadas de idade, gatos e cães, velhos conhecidos, velhos amigos, como animais humanos, por vezes, não raro se estranham por qualquer coisa. Quem de fora vê, certamente pensa – "que vida boa, que lugar, que ar" – e quem dentro está, tem que sempre está atento, raro é aquele que ao dirigir a palavra, um simples, "bom dia" não seja um parente.
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Palavras Para Distrair a Insônia
No FicciónEste pequeno cacifo, agora aberto e ofertado a vocês caros leitores, que peço, fiquem a vontade para tomá-lo como desejar. Conta com uma série de composições, "estórias", rabiscadas em guardanapos, no velho pardo papel de pão, algumas vezes em meu e...