Palavras Para Distrair a Insônia

Acordei******

"Mas como você..." – não houve tempo para o término do raciocínio e eu já estava junto a ele.

"Sente-se mais confortável?" – disse isso enquanto os dois homens nos observavam de cima a espera da deixa para entrar em cena.

"Sim..." – por um momento a chuva cessou. A tampa do caixão se fechou e era possível ouvir o barulho da terra sendo jogada sobre a tampa, sobre nós.

"Era assim que você imaginava?" – a voz do meu algoz disse abafada no escuro.

"Um uísque por favor, cowboy..." – mais uma vez estávamos no bar.

Todo o som do ambiente explode novamente em vida.

"Você lutou por tantas coisas, política, filosofia, religião, verdades. Até desistiu dela por suas convicções. E a coisa mais preciosa que você já teve simplesmente jogou fora. Olha para você, hora um burguês, hora um proletário, hora um mendigo... você nem sabe quem é!

"Eu, eu sou.... eu sou.... quem sou eu?

"Acha mesmo que vai conseguir convencer alguém com essa cara de bunda!? Nem mesmo você acredita em você, e sabe porque, por que nem mesmo sabe o seu nome! Qual é o seu nome?" – Perguntou-me o algoz pausadamente, de forma firme e direta.

"Meu nome... é...."

Como pode alguém não se lembrar do próprio nome?

"O tempo de brincar já acabou, é o fim da puerícia, já passamos pelos cinco estágios, é hora de aceitar!"

"Você age, fala como se soubesse tudo sobre mim, parece minha sombra!"

"É exatamente isso que eu sou, sua sombra, seu espelho, sua consciência, a lembrança do neto, do filho, sou pai, amante, apaixonado de uma única mulher, sou suas vontades e desejos, sou suas verdades, mentiras, fraquezas, delírios, sou os teus vícios, teu dom, tua nobreza, sou tudo aquilo que você imaginou um dia poder ser. Agora me diga, quem é você? E não me faça arrepender desta vida miserável, não me faça ter que voltar, para consertar nada nessa ilusão.

"Quem é você...?"

"Eu sou Maya, Koll Maya, escritor."

"Então acorda!"