Para te ser sincero, eu mesmo nunca vi. Mas imagino que assim o seja, e creio que assim se sentiu aquele jovem ao ver sua imagem na fonte, passando a dedicar os seus ais, por ela morrer de amores. Seria arrogância, e digo fisicamente, reconhecer o quão belo somos? Ou seria mais fácil, simples e digno, nos diminuirmos até sermos mais um em meio a oito bilhões? A beleza daquele jovem o cegou. Hoje querem nos fazer crer, a beleza segue um padrão, matemático, "ele achava feio o que não era espelho", mas o espelho nunca diz a verdade. Talvez, só o espelho d'água não minta, por ser tão natural quanto a beleza da natureza.
Mas no fim, se pensarmos bem, só existem dois tipos de beleza. Aquela que eu vejo, e aquela que você quer enxergar. Talvez, o mais triste e difícil seja pensar que o belo é estético e não harmônico.
Pensar estas coisas todas, talvez me faça pensar, refletir, se realmente sabemos o que é. O que é o quê, afinal? Talvez você se pergunte. E eu responderia: é sobre isso! Se realmente sabemos e como pensamos, refletimos, se na maior parte do tempo agimos em causa própria, apenas defendendo individualmente a nosso favor, o nosso interesse independente se justo, se meritório, sem se importar se estamos causando o desequilíbrio da balança, algo que vou chamar de deselegância. Talvez alguns pensem depois de uma breve reflexão: "o que importa no fim das contas é o lucro certo". Não importa o caminho, se longo ou curto, curvo ou torto, se o mais longo ou uma linha reta entre dois pontos, desde que se alcance o objetivo. Acho isso bastante temerário.
Confesso que até me assusta um pouco. Afinal, para que tudo assim se dê, é necessário fechar os olhos, para muitas coisas. Inclusive para o que é feio. O quanto estamos dispostos a fazer ou olhar para tudo como degraus?
É curioso pensar que todo rei é solitário. E que todo solitário quer ser um rei. E você, onde está neste rolo compressor, nesta hierarquia? Às vezes me sinto um arlequim, mas conhecido como bobo da corte. Se pensar bem, não é tão ruim a vida de um arlequim, afinal ele vive e usufrui dos mesmos "dos prazeres" e direitos, protegido sob o mesmo teto dos monarcas, sem qualquer preocupação, que não seja, fazer rir. E esta é sua arte de viver. Será que ele tem preocupações? Ou tudo não passa de um grande faz de conta? Uma brincadeira?
Refletir sobre estas coisas todas é realmente curioso e até inusitado. Por que apesar de se estar falando de um tipo de artista, que já não existe mais aos moldes descritos, serve bem para estabelecer um parâmetro, aquele bobo-da-corte de antigamente, assim como os seus contemporâneos arlequins dos semáforos, que estão, com a vida por um fio, se pensar bem, refletir com muita sinceridade, pode escolher, o que deseja ser no final, um pássaro em gaiola de ouro, ou ser livre, a mercê de sua sorte.
Pensando melhor, acho que pouco tem a ver com escolhas, se sim ou não, se isto ou aquilo, mas a oportunidade de fazer o que gosta ou gostar do que faz. Sem gaguejar.
Sem ser bobo de ninguém. Refletir. As tuas e as minhas, contradições.
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Palavras Para Distrair a Insônia
Non-FictionEste pequeno cacifo, agora aberto e ofertado a vocês caros leitores, que peço, fiquem a vontade para tomá-lo como desejar. Conta com uma série de composições, "estórias", rabiscadas em guardanapos, no velho pardo papel de pão, algumas vezes em meu e...