Estou na padaria, sentado em meu lugar de costume, - (eu o fiz ser) - sempre dois lugares, penso sempre, que poderia ser quatro, mas somos difíceis. Te confesso que quase me sinto um criminoso, por está só. Pedi o habitual, uma xícara de café, única frescura que cultivo, e um pão sem chapa, segunda frescura... eis um bom exemplo de duas "verdades", alguns dirão. O que devo concordar. O fato é que quero ter o prazer de tomar um café, mas que não tenha atrelado a obrigatoriedade do trabalho e que tenha a simplicidade tal qual seria em casa.
O garçom, é preciso dizer, masculino, e pouco simpático, já que falo sobre verdades.
Há funções, que se não feitas, deviam ser, apenas serem exercidas por mulheres. Uma delas é o trabalho, o serviço de servir. - (Vamos lá, fique à vontade, eu espero).
Mais uma coisa é fato, e vão concordar. Pode pensar o que quiser, ache, encontre, suponha, discorde, não importa.
Mas as minhas razões para achar, sei, são as mais nobres.
São incomparáveis suas habilidades femininas, agilidade, atenção, cuido e creio seja o principal fator, a simpatia para exercer a função, na lida com gente.
Homens? De fato, sabem servir. Mas parecem não compreender a dinâmica necessária para a função. Pergunte a uma garçonete, - (que é o que tratamos aqui) - sobre o tempo ou das opções do cardápio, e terá uma verdadeira aula.
Já o homem, inconscientemente cria uma barreira, levantar a mão para chamá-lo, parece uma afronta, como se o chamasse a atenção de uma forma pejorativa, parece mais que o está chamando para uma briga.
Tem-se a impressão mesmo de o estar incomodando por vezes. Homens, quando não compreendem a nobreza da qual se trata servir, - (aliás, sabia que, Samurai, significa servir?) - no exercício da função, homens, me lembra a história do cara que ao viajar por uma linha aérea, digamos de quinta, ao ser perguntado pela aeromoça se aceita jantar, o passageiro lhe pergunta, quais as opções, há que aeromoça responde, "sim ou não". Enfim, espero que tenha entendido, as razões pelas quais creio ser a mulher neste quesito, superiores aos homens.
Espero o café amornar e do pão sem chapa ainda resta uma banda, prefiro assim. Sem frescura ou exibicionismo, como disse, nada diferente de como seria em casa. Há não ser pelo ambiente, cheia de matéria fluida.
Vou rabiscando estas linhas, enquanto aguardo dá a hora, para pegar a criança na escola, estou sem relógio e penso que dará tempo de tomar um segundo café, agora pequeno, cortesia da boa vizinhança, e o ensejo para saber a hora, afinal estou ocupando lugar. E eles não estão ali apenas para distribuir simpatia, sei que o preço do sorriso está embutido no café e o bom dia, no preço do pãozinho, sem chapa. Mas como falava, creio que nos apetece sermos enganados, se for consensual.
Verdades desveladas, coisas banais, de um dia de semana comum, sem motivações secundárias, missivas indiretas ou premeditações.
Apenas um momento entre o que é, o agora e o que virá.
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Palavras Para Distrair a Insônia
Não FicçãoEste pequeno cacifo, agora aberto e ofertado a vocês caros leitores, que peço, fiquem a vontade para tomá-lo como desejar. Conta com uma série de composições, "estórias", rabiscadas em guardanapos, no velho pardo papel de pão, algumas vezes em meu e...