Capítulo 26

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__ Tchau, Charles!__ meu amigo me abraça e eu faço cara de nojo.__ eca, estamos suados.

__ Verdade né?__ ele da risada.__ até depois.__ ele coloca o seu fone e volta a caminhar.

Pego minha chave em baixo de um vaso e entro na minha casa. Coloco meu celular para carregar e me sento no sofá.

Dizem que não faz muito bem tomar banho quando o corpo está quente, então vou ficar uns minutinhos aqui. Subi pro meu quarto e fui escolher uma roupa quentinha.

Quando meu corpo já não estava mais tão quente, fui até o banheiro e tomei um banho demorado. Fiz esfoliação nas minhas pernas e depois passei alguns hidratantes para deixar minha pele bem macia e cheirosa. Escovei meus dentes em baixo do chuveiro mesmo e depois saí.

Eu almocei uma coisa bem leve com o Charles, então fui até a cozinha preparar um miojo, eu amo comer miojo quando o dia está frio.

Escuto uma batida na porta e me assusto. Só pode ser o doido do Dylan. Abro a porta sem nem olhar pelo olho mágico e vejo a minha mãe parada na porta.

__ Oi Isabela.__ ela fala e eu abro mais a porta para dar espaço para ela entrar.

Ela entra com uma cara meio apreensiva, mas ela não parecia estar arrependida.

__ Eu só vim pra dizer que quero te acompanhar nesses dias.__ ela fala bem seca, parecia que estava falando com um robô.

__ Não parece que você está fazendo isso de boa vontade. Meu pai te forçou a vir aqui?

__ Mais é claro que não! O que você queria? Você escondeu isso de mim!

__ Eu escondi porque eu não queria preocupar ninguém! Pode ter sido errado da minha parte, mas eu sou humana e eu erro.__ eu já estava falando com a voz mais exaltada.

__ Deve ser por isso que você está com câncer, nunca respeitou a sua mãe!__ quando ela fala isso o ar me falta, eu não acredito que isso está saindo da boca dela.

Eu e minha mãe brigávamos muito quando eu morava na casa dela, por isso que quando eu fiz dezenove anos, saí da sua casa.

Ela arregalou os olhos e colocou a mão na boca quando percebe o que tinha falado. Sorri e limpei as lágrimas que estavam caindo dos meus olhos.

__ Bella... E-eu nã...

__ Você tem razão, mamãe. Eu sou uma péssima pessoa e talvez eu só esteja arcando com os meus erros do passado. A péssima filha que eu fui pra você e pro meu pai.__ soltei uma risada amarga.__ se você pensa isso, por favor se retire. E não precisa me acompanhar, não quero que você faça as coisas de má vontade. Orbigada por ter vindo.

Segui até a cozinha segurando o meu choro na garganta. Quando eu era adolescente, minha mãe fazia o tipo de mãe meio controladora. Ela dizia que era pro meu bem e que só fazia isso porque me amava, mas eu nunca gostei disso...

Escutei a porta batendo com força e me permiti chorar. Não é só essa porra de doença que está me matando, é a porra da saúde mental de merda.

Caminho até a geladeira e pego uma jarra me tremendo toda. Quando peguei o copo ele quase caiu da minha mão, deixei ele em cima da mesa e coloquei água, mas fiquei mais puta ainda quando a água toda pra fora.

Joguei a jarra no chão com toda a força que eu tinha. O copo que só tinha a metade da água foi pra parede. É tudo culpa minha! Essa merda de doença que está me matando é culpa minha e dos meus erros!

Eu deveria ter sido uma filha melhor pro meu pai, deveria ter sido uma filha melhor pra minha mãe. Deveria ter sido a irmã que sempre apoia, mas eu não fui. Eu deveria ter sido uma amiga melhor pro Dylan, talvez a forma que ele ficou ruim seja minha culpa também.

Ian aparece na porta da cozinha e arregala os olhos vendo o tanto de vidro que tem no chão.

__ Que porra aconteceu aqui?__ ele pergunta e eu começo a andar pra fora da cozinha.__ Isabella!!!

__ Me deixa em paz!__ grito e caminho com rapidez até o meu quarto.

Bato com força a porta e tranco ela, escuto o meu irmão batendo na porta várias vezes, mas eu nem liguei.

Me joguei na cama me sentindo a pessoa mais merda do mundo. Quando eu morrer vai ser melhor pra todo mundo, só vim pra estragar a minha família. A minha mãe nem queria ter filhos quando engravidou de mim, talvez seja melhor assim.

Abro a gaveta e pego o frasco do meu antigo remédio. Anfetamina.

Ele sempre esteve comigo quando eu sentia que o meu mundo estava desabando. Pegava com um amigo meu, toda vez que eu precisava ele me dava.

Enfiei a metade do pote na minha boca e com a ajuda de uma água que tinha aqui eu consegui engolir. Deitei a cabeça no travesseiro sentindo todas as minhas dores passarem, eu poderia descansar agora e nunca mais estragar a vida de ninguém.

Fingi que não escutava o meu irmão batendo na porta que nem um louco. Na verdade, eu nem escutava, minha mente já estava viajando em outro lugar...

Dylan

Comprei um vaso de cactos pra minha linda deusa. Estava saindo da floricultura com o vaso em minhas mãos, estava com dificuldades de pegar o celular que estava vibrando sem parar no meu celular.

Quando deixei o vaso no banco de trás, peguei meu celular vendo várias ligações de um número desconhecido. Resolvi não retornar, vai que é um golpe.

Quando entrei no carro, novamente esse número me ligou. Resolvi atender, vai que minha mãe trocou de número novamente, ela sempre troca e fica me ligando o dia todo.

__ Alô?...

__ Dylan! Corre pra cá agora! A Bella está passando mal, eu não sei o que fazer!

__ Estou indo!__ digo com rapidez e acelero o carro, ainda bem que eu estava perto da casa dela.

Me afogando no seu maldito amor Onde histórias criam vida. Descubra agora