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POV: ASHLEY KARYTHON
_______________________________________Minhas pernas doem, meu peito queima, minha cabeça dói e o suor escorre pelo meu corpo. A música desconexa no meu fone continua incessantemente alta, estrondosa. Machucando meus ouvidos enquanto eu canso meu corpo.
Coloco as mãos nos joelhos e inspiro fundo querendo recuperar o ar. Meu corpo está quente, exausto. Olho para trás e vejo meus seguranças no carro a uma certa distância acompanhando minha corrida. Faz três meses_ três meses que eu não adormeço em seus braços, que não entro no nosso quarto que na verdade foi nosso por apenas uma noite._ todo esse tempo é torturante, tranquei a porta do quarto das crianças porque afinal não tem crianças, não tem um pequeno ser fruto de nós dois ocupando o lugar. E nem se quer a caminho.
~ Senhora_ Escuto Marcos me chamar. Levanto o olhar e ele está com uma garrafa de água estendida na minha direção. Pego com boa vontade e tomo tudo com uma rapidez extraordinária.
- Muito obrigada, podem virar o carro vou retornar.
~ Por que não vai conosco? Você já correu 10 quilômetros. É o suficiente, você já correu cinco pela manhã.
- Eu não lembro de ter lhe pedido isso Marcos. Mas entendo sua preocupação, volte com o carro.
Entreguei a garrafa para ele e comecei a correr retornando para casa. Logo o carro já me acompanhava, voltei o compilado de uma hora pela centésima vez e senti minha cabeça explodir junto com barulho alto causado pelas baterias e guitarras. Não era uma música, não havia cantor, era barulhos de instrumentos altos para de fato me machucar. Queria poder sangrar tanto que poderia reconstruir ele.
Desde que o transformei em cinzas nunca mais falei o seu nome, não porque sinto raiva, porque só de pensar meus olhos doem e as lágrimas caem compulsivamente. Tatiana se mudou com seu pretendente, não porque quis mas porque a obriguei a viver. Não tive coragem de ir até o santuário. Não tive coragem de encarar as roupas dele. Mandei que tirassem as minhas coisas do closet e mandassem para o quarto de hóspedes, estou nele desde então.
Não tenho coragem de ver que as coisas deles estão intactas do mesmo jeito todos os dias. De não sentir o cheiro do seu perfume, não ver a toalha jogada no canto do closet. De abrir a porta e não vê ele abotoando a camisa social. De não ver seus cabelos como um ninho de pássaro do meu lado de manhã. Eu não suporto.
O seu cheiro já não está tão gravado na minha mente, seu toque eu já não sinto, já não me lembro como era. Como eu posso me esquecer de todos eles? De todas as suas peculiaridades?
Como eu me tornei assim? Em seu velório tinha tanta gente. Mas o corpo dele estava em um objeto, queimado.
Tantas pessoas ali, que eu não conhecia. Que eu não sabia se o conhecia e o amava tanto quanto eu.
Meu coração está quebrado, eu não sinto paixão de viver. Eu não consigo nem sequer viajar. Porque me lembro dele, de suas surpresas. Pensei em ir na Irlanda mas sempre me pego pensando nele contando sobre as curiosidades no meio da biblioteca.
Paro na frente do espelho do banheiro, olho para o cordão no meu pescoço. Safira. Para o nosso anel. Safira. E então olho para meu polegar esquerdo. Seu anel. Padparacha. Em laranja vivo e intenso, como a sua descrição naquele dia. A safira mais bela para mim, a que tocou seus dedos. Tão valiosa.
E então, depois de muito tempo, olho para meu corpo, esguio, para meus olhos, fundos pelas noites sem dormir. Eu estou um lixo. Mas porque estaria bonita? Eu não ouviria seus elogios.
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Advancing Sexually
AléatoireEstá procurando romance e brigas? BDSM? Hot explícito? Bom temos isso aqui.... ⚠️ Conteúdo sexual explícito, uso de drogas e álcool, agressão física e verbal⚠️