Capítulo 36

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HEATHER

Ela está literalmente na minha frente a 5 passos de mim, carregava uma sacola de comprar enquanto usava um uniforme de trabalho do super mercado. Me soltei do Liam sentindo que eu estava caindo em um buraco.

— o que você está fazendo aqui? — Mary, minha mãe perguntou me olhando com os olhos vermelhos arregalados.

— eu vim pra ver você, uma última vez — ela me olhou e pensou por muito muito tempo, desviou os olhos de mim para o Liam umas duas vezes até olhar pra calçada e perceber que tinha gente olhando e provavelmente sabem quem eu sou.

— vamos conversar em casa — ela andou na frente até a picape e seguimos ela, e como um filme ruim de terror eu me senti voltando pro passado quando paramos na frente da minha antiga casa, não era minha intenção ter que voltar aqui. Desci do carro com o corpo do Liam do meu lado como meu escudo de proteção ou o meu chão, e a mão dele nas minhas costas me fez entrar na casa quando eu empaquei na entrada, e foi aí que eu me afoguei em memórias ruins que eu queria esquecer, e eu quis muito chorar.

— esperem aqui só vou trocar a roupa — ela avisou indo até o corredor do quarto, e ouvi passos se aproximando fazendo meu corpo endurecer e a mão do Liam fez carinho no meio das minhas costas.

— por que tem um garoto na sala da minha casa? — Ele ainda estava aqui, com as mesmas roupas, uma cerveja e o mesmo olhar.

— esse é o namorado dela — minha mãe gritou enquanto se aproximava.

— namorado? — o nojento do Bill perguntou e sorriu pra mim, fazendo o Liam parar como se fosse uma muralha cheio de ódio.

— a gente pode conversar no quarto? — perguntei pra minha mãe e ela fez uma cara de que não se importava, passei a mão no braço do Liam e ele concordou encostando em uma parede pra me esperar. Entrei no meu antigo quarto e minha mãe fechou a porta atrás de nós duas.

— eu me lembro de você dizer que não voltaria aqui — ela estava inquieta mexendo nos livros da mesinha — você não devia ter voltado, não vai fazer bem pra ninguém

— se eu vou te ver por uma última vez que seja decente, você é minha mãe apesar de tudo que a gente passou, eu não me esqueço de quando era bom — ela cruzou os braços me olhando finalmente.

— você sabe como eu me sinto, você não devia voltar aqui e ter que ouvir tudo de novo, você é uma boa pessoa, eu escolhi esse nome por que eu sabia quem você se tornaria e que bom que você saiu daqui, essa cidade que só ia te sugar e você acabaria casado com o vizinho, eu não quero que você fique mas também não vou deixar que você fique, aqui não é o seu lugar você precisa de mais — ela segurou meus ombros olhando no fundo dos meus olhos — não volta pra cá, não volta pra essa casa.

— não voltar pra cá significa nunca mais te ver em toda minha vida — eu deixei as lágrimas sairem enquanto ela arrumava minha jaqueta amassada e eu vi que ela se sentia igual a mim bem lá no fundo.

— sabe, eu assisti uma transmissão ao vivo no celular de uma cliente no mercado e eu te vi, você tem o que mais sonhou na vida, o que mais você quer por aqui?.

— o seu amor, eu não preciso de mais nada se não isso, eu tenho um garoto que me ama, melhores amigas, um emprego e uma relação com o meu pai depois de uns 10 anos, o que falta é só você mãe — ela deu batidinhas e se afastou limpando o nariz.

— eu não posso dar o que você veio buscar — ela disse e eu neguei com a cabeça.

— eu te amo, e eu não acredito que você não me ame também apesar de toda essa rejeição.

— como eu posso não te amar?, você é minha única filha e foi o único ponto de felicidade da minha vida, mas isso se dissipou a muito tempo e você já sabe, e se é disso que você precisa pra se libertar, saiba que eu te amo e me odeio por não ter sido uma boa mãe — ela andou até o outro lado do quarto e abriu uma gaveta voltando até mim com uma foto nossa juntas de quando eu tinha 16 anos e me entregou — você agora é uma mulher e não uma criancinha, então para de olhar pra trás, por favor —ela me puxou pelos ombros e nos abraçamos, e ficamos assim por muito tempo enquanto eu sentia a respiração abafada dela por cima dos meus cabelos. Não era bem o que eu esperava, mas ao mesmo tempo vindo da minha mãe eu sabia que seria uma coisa mais firme.

— e esse garoto?, de onde ele veio? — ela perguntou se afastando e cruzou os braços encostando na janela.

— ele é da mesma faculdade que eu, nós conhecemos no início do ano — me lembrei do Liam na mesma sala que o nojento do Bill e me preocupei de como ele estava.

— ele tem cara de ser bom de vida , você vai ficar bem com uma pessoa que não precisa fazer coisas desesperadoras por dinheiro — ela disse como se tentasse me tranquilizar.

— ele me trata melhor que eu mereço — dei ok ombros e ela negou com a cabeça me encarando.

— é o certo, você não precisa de outra pessoa que te ame pela metade não é?.

— se um dia você viajar até new heaven me procura — sussurrei enquanto entrei no último abraço da minha mãe e ela concordou, me levou até a sala onde eu encontrei o Liam na mesma posição que ele estava quando chegamos, saímos da casa de mãos dadas enquanto minha mãe me olhava da porta e acenou com um sorriso.

Meu favorito - amores improváveis #1Onde histórias criam vida. Descubra agora