Lynae tinha apagado completamente e, ao recobrar sua consciência, sentiu um filete de baba que saia de sua boca. Ela rapidamente se sentou, limpando seu rosto com as costas da mão. Foi patético comtemplar a mancha de baba que tinha deixado no travesseiro.
Já era de manhã, o que significava que Lynae tinha dormido por mais de doze horas.
O barulho da televisão ligada chegou aos seus ouvidos antes que ela pudesse raciocinar que não estava sozinha.
– Acordou finalmente? – Ryland tinha se levantado do sofá e caminhado em direção a ela.
Ela falou a primeira coisa que veio em sua cabeça naquele momento:
– Por que não me disse que tinha sido um snölês? Há quanto tempo você sabia disso?
– Hum... – Ryland franziu o cenho, intrigado com a pergunta repentina. – Eu não sei, Lynae. Achei que você pudesse ficar mais chateada... Eu não achei que fosse fazer muita diferença.
Lynae se arrastou no colchão, a fim de se sentar com seus pés no chão.
– Não foi isso. Você acha que eu sou fraca e que eu surtaria se soubesse da verdade.
Ele parou a frente dela, com um metro e meio os separando. Ryland cruzou os braços e a olhou intensamente, medindo-a com seus olhos de bronze.
– Bom, parece que eu tinha razão, não é mesmo? Você soube e... surtou.
– Isso não tem... – Ela suspirou e torceu o nariz, contrariada. – Crueldade da sua parte jogar na minha cara dessa maneira.
Foi a vez de Ryland suspirar. Ele se aproximou mais dela e sentou ao seu lado na cama, fazendo o colchão afundar e consequentemente o corpo de Lynae deslizou um pouco para perto dele pela gravidade. Ryland continuou a olhar para a frente por um momento, refletindo, até finalmente olhar para Lynae, que o encarava desde que ele se sentara.
– Eu não te acho fraca, Lynae. Na verdade, você é a pessoa mais forte que eu conheço. Só que existe um limite para o que alguém pode suportar e eu acho que você chegou nesse limite, Lyn. Não pode ficar ignorando tudo o que aconteceu na sua vida. – Ele desviou o olhar por um momento, pensativo. – Mitchell me disse que você não quer ir a um psiquiatra e que ele estava tentando te ajudar. Mas está óbvio que isso não está funcionando.
– O que aconteceu hoje, Ryland, não foi nada...
– Não, Lynae – Ryland se levantou bruscamente, fazendo a mola da cama ranger. Ele caminhou de um lado a outro na frente da princesa, como um leão rondando sua jaula. – Chega de tentar resolver as coisas sozinha. Você tem que ir a um psiquiatra.
– Eu não quero...
– Eu imaginei que você diria uma coisa dessas. – Ele respirou fundo e passou a mão em seu cabelo escuro, bagunçando mais as mexas já bagunçadas. Ryland a encarou com uma clareza penetrante em seus olhos. – Só que eu não posso confiar em uma pessoa mentalmente desequilibrada, Lynae, entende? Você não pode desempenhar seu papel como princesa ou como minha futura consorte dessa maneira. Acho que deve ser afastada.
Um vinco profundo se formou na testa de Lynae, quando gradativamente ela foi entendendo o que Ryland estava querendo dizer exatamente.
– Está dizendo que enquanto eu não for a um psiquiatra você não vai me deixar fazer nada aqui? – Ela se levantou com as mãos erguidas indicando sua indignação. – Você não pode fazer isso!
– Eu posso sim.
– Você não pode me obrigar a fazer isso.
– Está me vendo te arrastar? – disse Ryland seriamente – Estou te dando uma escolha. Eu não me importo se você for uma grande consorte ou apenas minha boneca de exposição.
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A Ascensão do Rei
Romance*Continuação da história A Rainha da Neve* Snöland e o reino da Grã-Francia já se enfrentaram em uma guerra sangrenta mais de cinco décadas atrás. O reino nórdico perdeu a guerra, mas também perdera sua reputação com os outros países e a liberdade d...