Começos e Fins

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O caminho até o teatro foi silencioso. Uma quietude pesada que quase oprimia Lynae fisicamente. Nenhum deles sabia o que dizer e também porque não havia muito que podia ser dito.

Ela pôde notar, pelo canto do olho, que Ryland a encarava de vez enquanto, como se pretendesse dizer algo a ela, mas desistisse de repente.

– Então – Lynae quebrou o silêncio de minutos prolongados – está com pressão alta?

A princesa não estava olhando para Ryland. Eles estavam sozinhos no banco de trás do carro, sentados a alguns centímetros de distância e Lynae não confiava ainda em seus próprios sentimentos, então, achou que fosse mais prudente continuar observando a paisagem através da janela. Ao que parecia, esse teatro ficava mais afastado da praia e do centro da cidade.

– Hum... Sim. Mas não é nada demais, não precisa se preocupar. – Ela pode notar pelo tom de Ryland que ele tinha ficado surpreso com a pergunta.

– O médico disse pra você dar um tempo? Sabe, de seus deveres reais?

– Disse, sim.

– E eu arruinei isso, suponho.

– Duas semanas de férias é mais do que eu tive em dois anos, então, acho que valeu de alguma coisa. – Ele fez uma pausa – Mas vou repetir os exames em breve. Além do mais, é apenas a inauguração de um teatro, não pode ser tão estressante.

Foi nesse momento que Lynae virou a cabeça para olha-lo e Ryland já a fitava.

– Se for uma ópera, talvez te mate de tédio.

Ryland riu e o som fez as entranhas de Lynae se agitarem.

– Vamos torcer para que não seja, então.

Lynae ficou quieta novamente, mas não tornou a olhar para a janela e sim para as próprias mãos apoiadas em seu colo.

– Nós... vamos ter que fingir de novo, não é? Digo, que somos um casal apaixonado.

– Se você quiser realmente solidificar seu futuro como rainha... sim. Mas não precisamos nos beijar e nem nada disso, apenas o básico, você sabe, ficar perto e de braço dado.

O carro parou em frente ao teatro. Havia uma grande multidão aglomerada ao redor do tapete que levava as portas de entrada, as pessoas estavam sendo contidas por grades e guardas. Fotógrafos marcavam presença aqui e ali, denunciando suas posições pelos flashes claros sendo disparados.

O teatro era uma construção de pedra cinzenta, alta, com torres pontudas em estilo gótico, uma fachada enorme com o nome do teatro, havia gárgulas usando máscaras enfeitando os telhados. As portas da frente, grandes e feitas de vidro, um toque elegante e moderno, que contrastava com o estilo arcaico do restando do prédio. Era uma construção deveras enorme, certamente se tornaria um tipo de monumento local.

O motorista deixou o carro para abrir a porta. Ryland foi o primeiro a sair, ele estendeu a mão e Lynae, não sem hesitar, segurou-a. A princesa segurou o braço dele, enquanto Ry a guiava pelo tapete, por entre as pessoas afastadas.

Lynae ouvia os gritos, via as luzes dos flashes, sentindo um incomodo persistente invadir seu corpo. Ela olhava de um lado para o outro, para o rosto daquelas pessoas que não conhecia, que a olhavam fixamente e ela não conseguia perceber quais eram suas expressões. Ela buscava com os olhos de forma analítica por qualquer fonte de perigo eminente, alguém com comportamento estranho.

– Lynae – Ryland sussurrou contra a orelha dela, enquanto a virava para as câmeras – Tudo bem?

Ela ergueu a cabeça e exibiu um sorriso forçado quando olhou para uma câmera.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora