Bravura

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Jonathan se remexeu na cama, enrolando os lençóis em suas pernas nuas. Ele se virou de lado para Lars, que estava deitado de bruços, abraçando o travesseiro e com o rosto afundado nele, os olhos estavam fechados, mas ele não estava dormindo.

O britânico ergueu o braço e enterrou os dedos nos cabelos loiros lisos de Lars. Ele emitiu um som com o carinho, que parecia um ronronar.

Lars era tão grande que ocupava o comprimento todo da cama, seus ombros largos e seu tronco encorpado o faziam preencher boa parte do colchão. Jonathan gostava de ele ser tão grande assim, achava atraente. Era uma ironia engraçada o fato de ele ser tão grande, sério e mal encarado, e fazer as coisas com tanta delicadeza. Jonathan sempre apreciou muito esse jeito dele, já que a maioria dos homens não costumava ser assim tão gentil.

– Então, você também vai viajar. – Lars tinha contado a Jonathan sobre a missão que sua prima o dera, de entregar as ordens oficiais de realocação para os soldados snöleses. Ele não ficara muito feliz com a ideia, se sentia como um cachorrinho adestrado cumprindo ordens, mesmo que não tivesse dito com palavras. Jonathan sempre se sentira assim. Um príncipe regente, herdeiro de um trono, mas refém de seu soberano. Amava sua prima, Lynae, mas não gostava de seguir as ordens dela, mesmo que tenha sido um pedido. Seria futuro rei daqueles soldados e, mesmo assim, eles seguiam à ela, admiravam ela e, no fim das contas, queriam ela no trono. – Quando acha que vai voltar?

O príncipe snölês andava carrancudo nas últimas semanas. Disse que tinha tido um desentendimento com seu pai, sobre Lynae, mas não entrara em muitos detalhes. Acabou deixando escapar que Lynae queria voltar para Snöland, e tinha arranjado meios para persuadir o rei Markus. Aparentemente, isso tinha enfurecido o pai de Lars, o que os fez se desentenderem. Fosse o que fosse, já tinha passado, já que Lynae iria agora para a Província de Suiss.

– Eu não sei – Lars murmurou contra o travesseiro, ainda de olhos fechados – Talvez em duas semanas. Ainda vai estar aqui?

– Provavelmente. – Jonathan desceu a mão para o rosto do snölês, traçou o maxilar dele com as pontas dos dedos, antes de deixar sua mão cair novamente no colchão.

Lars abriu os olhos e olhou preguiçosamente para Jonathan. Ele arrastou a mão pelo colchão e a levou até o peito nu do príncipe britânico, traçando círculos ali. Um toque tímido, mesmo depois de tudo que eles já haviam feito juntos.

– Você deveria ir.

– Alguém já te disse que você é extremamente romântico, Lars? – disse Jonathan, com um sorriso malicioso esticando seus lábios.

– Só acho que, você não deveria ficar muito tempo aqui. – Embora Lars tivesse deixado que parte do que ele realmente sentia viesse para a superfície, embora ele tivesse deixado Jonathan se aproximar, ainda havia muito receio ali. Ele tinha medo, isso era nítido. Jonathan não podia culpa-lo, quando ele tinha se exposto para seu país não tinha sido fácil e, no caso dele, ainda poderia se casar com uma mulher e ser feliz. Ainda havia grupos de conservadores que faziam de tudo para destitui-lo da regência. Até mesmo sua avó, mas, a menos que o matasse, ainda seria o rei. – Você sabe o porquê.

– Tudo bem, eu já vou.

Jonathan tinha passado todas as suas semanas na Grã-Francia reunindo informações. Sobre os separatistas, sobre os antimonárquicos, sobre as pessoas que apoiavam a independência total da Nova Bretanha, aqueles que eram contra ou à favor da aliança com Snöland. Reunindo os pontos fracos do país e os pontos fortes. Tudo isso para Zolkin, para os russos e para sua avó. Para sua independência e para a ambição da União Russa, que queria mais petróleo, mais terras, mais recursos, mais poder.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora