Pólvora e Sangue

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Ryland não tinha conseguido dormir direito. Ficou deitado em sua cama, com a cabeça apoiada nos braços cruzado, observando o dossel logo acima.

Lynae não sabia. Ele tinha plena certeza disso. Mas Lars? Markus? Já não tinha tanta certeza. Não via nenhuma razão lógica para eles terem raptado os aviões, mas escondê-los já era outra história. Eles tinham uma aliança, era mais que óbvio que Snöland deveria reportar assim que encontrassem os aviões, que Ryland tão miseravelmente falhara em conseguir.

Viu quando o sol começou a penetrar seu quarto pela janela e, foi nesse momento que alguém abriu a porta, sem nem sequer bater. Imaginou que fosse algum de seus irmãos. Com certeza não era Oliver, isso ele sabia.

Mas não era. Era Alessa.

Automaticamente, Ryland se sentou em sua cama, encarando-a, sem entender bem.

– Achei que não fosse mais minha criada de quarto. – ele disse, debilmente.

Mas era cedo demais para trabalhar, muito antes das seis e sete horas da manhã, o horário que o funcionários geralmente acordavam. Além disso, Alessa não estava usando uniforme, estava usando um short preto e uma camiseta de algodão azul clara. Os cabelos castanhos claros estavam soltos, ligeiramente desalinhados, como alguém que acabou de acordar. Ou que nem dormiu.

– E eu não sou. Fiquei sabendo sobre os aviões, vim ver como você está.

Ryland resistiu ao impulso de levar as mãos ao cabelo e suspirou.

– Como você está? – ela perguntou se aproximando e Ryland sentiu-se retesar.

Seria uma má ideia se ela chegasse muito perto, ainda mais com a roupa que ela estava vestindo. Se ele sentisse o cheiro de Alessa... Estava tentando muito não pensar nisso.

Não ficar com Alessa aquele dia, ir embora, foi a coisa certa a fazer, não? Então por que estava se questionando agora?

Isso nunca daria certo e ele fora burro demais para perceber. Estava magoando Lynae sem saber e acabou magoando Alessa também. Ficar longe dela doía. Mas ela merecia alguém que pudesse assumi-la, que não a traísse, que não fosse casado, que não tivesse uma vida tão absurdamente complicada.

Então, se fosse assim, talvez devesse verbalizar isso que estava pensando. Talvez dizer para ela não procura-lo mais. Talvez fosse melhor se eles se afastassem. Talvez, talvez, talvez...

Ela estava agora parada ao lado da cama. Lentamente, como se mover-se mais rápido pudesse assusta-la, Ryland jogou as pernas para fora da cama, ficando de frente pra ela. Estava usando apenas cueca e percebeu isso apenas quando se sentou. Instintivamente ele puxou os lençóis para cobrir suas pernas e parte de seu tronco, o que fez Ally rir.

– Eu já vi tudo que tem ai, Ry.

– Eu sei – Ryland soltou os lençóis deixando que eles se amontoassem ao redor de seu quadril, ainda cobrindo suas pernas. – E, eu estou bem, a propósito. Tenho certeza que tudo vai se resolver.

– Acha que a Lynae e o Lars não tem nada a ver com isso?

– Não acho nem que o Markus tenha. Que dizer, ele e Lars devem ter escondido a informação, mas isso é compreensível. Viu o que estão falando sobre isso depois dos jornais? Estão dizendo que Snöland nos traiu de novo, que deveríamos desfazer a aliança. Por causa de um incidente idiota desses, já estão colocando em xeque todo o tratado de paz. – Ryland passou as mãos pelo cabelo, jogando-os para trás, arrepiando-os. – Mas por que está perguntando? Desde quando gosta de falar de política? – ele questionou, muito na defensiva.

– Eu sempre gostei de saber o que se passa na sua vida. – ela falou e parecia estar sorrindo, mas Ryland não estava olhando pra ela para checar. Seu olhar estava fixo no chão, em seus próprios joelhos, nas suas mãos em seu colo, tudo menos nela. – Por que não ficou?

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora