Ordem e Progresso

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 – Ryland.

Mitchell alcançou seu irmão no corredor dos quartos. Ryland parou, mas não se virou para olhar pra ele.

Ele tinha entrado no quarto esperando ver Lynae sozinha, talvez ainda na cama, não tinha imaginado exatamente como ela estaria. Mas certamente não esperava vê-la sentada, quase que no colo de seu irmão, enquanto ele a abraçava. Não soube o que sentiu ao ver aquilo. Raiva? Não exatamente. Mas sentia seu coração acelerado e certa dificuldade para respirar agora.

Não era a primeira vez que ver Lynae com Mitchell o deixava desconfortável. Lembrou-se da ocasião em que ela estava na enfermaria e, tão facilmente, rejeitou Ryland por Mitchell.

Mitch alcançou Ryland em segundos, ficando ao seu lado e olhou para Ryland com uma interrogativa em seu semblante. Seus olhos verdes estavam buscando algo em seu irmãozinho.

– O que foi, Mitch?

– Aquilo – Ele apontou com o polegar para a porta a qual acabara de sair. – Eu só estava...

– Abraçando Lynae? – Ryland enfiou as mãos no bolso da calça e deu de ombros, fingindo uma indiferença, que nem ele mesmo acreditava. – Não é nada demais. Vocês são amigos, não são?

Mitchell franziu o cenho como se a reação de Ryland não fosse apropriada. Ele passou a mão em seu cabelo loiro e apenas balançou a cabeça. Tinham isso em comum, pensou Ryland. Quando estavam desconfortáveis, passavam a mão no cabelo. Um habito que, muito provavelmente, ele próprio tinha adquirido de Mitch.

– Sim, nós somos. – ele disse com seriedade.

Ryland balançou a cabeça mecanicamente e tornou a andar com Mitchell logo ao seu lado.

– Falou com a mãe depois de ontem? – seu irmão perguntou – Ela não pode agir daquela forma e muito menos falar daquele jeito com Lynae.

– Eu não falei. – disse Ryland conciso, querendo muito não falar sobre isso.

– Ry – Mitchell deu uma passada larga e entrou na frente do príncipe regente, colocando as mãos em seus ombros, obrigando-o a parar – Sobre o que a nossa mãe disse ontem...

– Esquece. Eu estou bem.

– Ah, cala essa boca. Não está bem nada. Acha que eu não consigo notar? Eu sei que você quer ser forte e lidar com isso sozinho, muito admirável, mas você não precisa. Escuta, Ry, você não é nada daquilo que ela falou, sabe que é um ótimo príncipe.

Ryland olhou nos olhos verdes de Mitch, que naquele momento estavam com um lampejo paternal. Amava e odiava quando ele agia daquela forma. Sentia-se uma criança ingênua, o que não era necessariamente ruim, mas deixava Ryland irritado mesmo assim.

– Eu sou um ótimo príncipe? Então por que toda vez que tento consertar alguma coisa sempre arranjo mais problema? – tentou controlar a amargura contida em cada palavra que proferiu, mas simplesmente não conseguiu. Ryland queria muito saber a arte da atuação como Mitch, mas era ridículo nisso e isso quase sempre o frustrava imensamente. – Por que eu não consigo resolver nada?

– Ry, existem coisas que estão além do seu poder, coisas que não pode controlar. Não pode se martirizar por aquilo que não se tem controle. Você faz o que você pode. Mas você não é Deus – Mitchell colocou a mãos em sua bochecha e a apertou de leve, como sempre fazia quando ele era pequeno. – Aceite o que você não pode mudar, mude o que você não pode aceitar...

– Adquira a sabedoria para aprender a diferença. – completou Ryland, não contendo um sorriso. Seu pai costumava dizer isso.

Um rei melhor. Era isso que Emilie dizia quando Ryland fracassava, "Mitchell seria um rei melhor". Ryland também achava isso, mas não podia alterar a revogação da regência, ele já tinha tentado. Não poder ter filhos era uma desculpa idiota demais para alguém não ser rei, Ryland sabia que havia mais, mas nem Emilie e nem Mitchell estavam dispostos a dizer.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora