A Canção da Snölesa

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Lynae não estava em uma sala de interrogatório, mas bem que poderia ser. A sala toda era grande, mas não tinha muita mobilha, apenas dois sofás, um de frente para o outro e, na lateral, uma mesa de quatro lugares, onde a princesa foi deixada por um guarda grão-francês.

Ela imaginou que alguém fosse entrar a qualquer momento para interroga-la. A rainha queria respostas, mas a verdade era que Lynae também. Queria saber o que estava acontecendo, mas, embora tivesse perguntado o caminho todo o qual percorreu para chegar naquela sala, nenhum guarda respondeu.

Quando a rainha ordenara que a levassem, quando os guardas grão-franceses vieram em sua direção, Axel a puxou bruscamente para trás, sendo rapidamente cercado por Vellamo e Erik. Houve um momento tenso em que soldados snöleses e grão-franceses ficaram se encarando, com o contraste entre cores azul e vermelho, as mãos apoiadas nas armas presas ao coldre.

Lynae ficou com medo do que poderia acontecer, por isso ordenou que Axel se afastasse. Embora ele tivesse hesitado, o capitão se afastou e, juntamente com ele, Erik e Vellamo.

Já estava naquela sala, encarando os dois guardas grão-franceses que rodeavam a porta, há mais de uma hora. Queria saber porque a estavam fazendo esperar tanto. Seria a forma da rainha de puni-la? Deixando-a em uma sala para pensar no que tinha feito? Mas pensar em que, se não tinha feito nada?

Isso estava realmente deixando Lynae ansiosa. Suas mãos, apoiadas em seu colo, estavam tão juntas que seus dedos estavam brancos. Ela não conseguia tirar os olhos dos guardas, embora eles nem estivessem olhando para ela. Caso um deles a atacasse, ela poderia usar o vaso de flores em cima da mesa como arma, virar a mesa e jogar contra eles, atrai-los para o fundo da sala e correr para a porta. Havia apenas uma janela retangular, que estava fechada e eles estavam no segundo andar, a queda seria feia. Não conseguia parar de pensar em maneiras de fugir e se proteger, caso necessário. Tudo por causa daqueles uniformes, vermelhos como sangue...

Então, a porta se abriu e a princesa não reconheceu a pessoa que passou por ela, mas era alguém importante, porque os guardas prestaram continência a ele e usava um uniforme militar. Era um homem de meia idade, mas tinha um físico rígido e forte, o rosto era coberto por uma barba cinzenta e o cabelo era castanho cheio de fios prateados. Ele tinha feições que pareciam esculpidas em pedra. Não disse nada, simplesmente sentou-se de frente para ela.

Não disse nada de início, apenas ficou encarando ela com seus profundos olhos castanhos autoritários. Lynae queria desesperadamente correr para fora dali, mas apenas encarou-o de volta.

– Olha, eu fiz parte do exército snölês, se você acha que sua cara de mal vai me intimidar, está muito enganado. – retrucou Lynae, de saco cheio daquele tratamento hostil.

– Eu sou Henri Endler, chefe da guarda do castelo. Vim aqui a mando da rainha – Isso não surpreendia Lynae – Será que poderia nos dar explicações, Lynae Heikki? – ele falou, duramente.

– Não posso dar explicações sobre algo que eu não tenho conhecimento, o qual vocês não se deram o trabalho de me explicar. E, é Alteza, não Lynae Heikki. Caso tenha se esquecido, sou casada com seu príncipe regente, o que me faz um membro da família Beaucourt agora, e sua princesa coroada. E futura rainha, e não permito que me chame pelo nome. – disse Lynae, enfurecida. Sequer sabia o que tinha feito para receber aquele tratamento, mas não permitiria.

Henri não vacilou nem por um segundo diante da bronca, como se ela não fosse nada.

– A situação é a seguinte, os aviões desaparecidos com os suprimentos que deveriam ser enviados a Snöland, como cumprimento da aliança, foram achados no território do país nórdico, na costa à sul do Vale de Söder mais especificamente. Seu rei não nos reportou essa informação. Sabe me dizer porque os aviões estavam lá?

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora