Lágrimas de Príncipes

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Duas longas semanas se passaram de forma arrastada e cansativa.

Emilie vinha recebendo relatórios de Lynae de como o dinheiro estava sendo usado no hospital, falando sobre as obras e os gastos. Ela ficou realmente impressionada com o empenho e a habilidade surpreendente de Lynae para administração.

O jornal de Suiss fez uma reportagem sobre as obras do hospital, mostrando as ideias da princesa para melhorar a qualidade de vida das pessoas que o jornal classificou como "os enfermos esquecidos pelo país, que serão salvos pela snölesa". Emilie não gostou particularmente dessa parte, já que o tal do "país" que eles mencionaram, setenta por cento era ela. Mas, tinha que admitir, que a frase era impactante e servia para causar efeito.

Ninguém poderia contestar que Lynae estava fazendo um bem para o país, de forma que vários outros jornais da Grã-Francia narravam os feitos de Lynae elogiando-os, obviamente não tão fervorosamente quanto o de Suiss, mas já era alguma coisa. O dito "ato benevolente da princesa para com enfermos terminais" parecia ser algo aprovado pelo povo de uma forma geral.

Exceto pelo jornal de Paris, que disse que o uso de recursos valiosos do país naquele hospital foram tidos como desperdício. Mas a população de forma geral repudiou tais palavras.

O jornal de Suiss também publicou o depoimento dos enfermos, dizendo como era a vida deles no hospital, sabendo que morreriam, isolados por serem portadores de doenças infecciosas, de como eles não faziam nada. Isso fora ao ar antes mesmo das notícias sobre as reformas e replanejamento do hospital. Foi simplesmente genial. Emilie não sabia de quem havia sido a ideia, mas o fato de terem feito a população se lembrar da existência dessas pessoas, criar empatia por elas, antes de exibir as mudanças que fariam para melhorar a vida para eles com dinheiro público, era genial. Ninguém (exceto o jornal de Paris) ousaria questionar tal atitude.

Emilie se levantou da mesa, depois de ler o mais recente relatório de Lynae, e se dirigiu para a janela, olhando o amplo campo aberto que se estendia até a falésia.

Viu um cavalo cinzento passar galopando pela grama muito verde, sabia quem o montava.

Desde que voltara para Nice, desde que tivera aquela conversa com Emilie, Ryland não falava com ela. Fazia as refeições no quarto, ou no jardim, passava quase o dia todo na praia, ou cavalgando, às vezes ficava brincando com seu cachorro, Dante, em outras ocasiões passava o dia toco com seus irmãos, Eddie, Louise e Oliver. Emilie achava que ele precisava de um pouco de espaço, mas não sabia dizer até quando.

Ela se sentou novamente e encarou suas mãos trêmulas. Estava se tornado difícil deixa-las firmes.

Emilie afundou o rosto em suas mãos, apoiando os cotovelos na mesa. Nunca antes quis tanto que Edward pudesse voltar a vida. Às vezes, se pegava pedindo a Deus que trouxesse ele de volta, mesmo que sua fé já não fosse muito forte há muito tempo.

Não sabia como lidar com essa situação. Sabia que Ryland estava magoado e sabia o porquê, mas não sabia o que fazer a respeito. Edward certamente saberia.


Lynae conversara com a doutora Gabrielle naquela manhã. Ficou sabendo que não houvera nenhum progresso quanto a seu sangue, as cobaias e a evolução da doença. Ainda assim, a médica assegurou que continuaria tentando.

A princesa tinha que admitir que ficara desapontada. Sabia que se conseguisse uma espécie de cura, jamais seria questionada novamente pelos grão-franceses. Ainda assim, ficava feliz por sua reforma no hospital ser um sucesso, o fato de os jornais do país a elogiarem era, não só uma surpresa, mas um alívio para ela.

As obras estavam quase prontas, o que era ótimo, já que Lynae retornaria para Nice amanhã.

O hospital agora tinha uma belíssima pista de caminhada recoberta por vidro, que tinha vista para os bosques e dava para ver o céu azul. Fora isso, havia agora uma sala de jogos, com ping-pong, que dava para jogar sentado, videogames, pinball, além de uma sala de pinturas e uma sala de TV, onde seriam exibidos filmes toda segunda, quarta e sexta. Também havia uma sala de visitas, totalmente segura para pessoas sadias poderem visitar seus entes enfermos, que fora projetados por engenheiros e médicos em conjunto. Além de que, todo sábado, haveria sessões de terapia em conjunto, para que os pacientes pudesse falar a respeito da doença e de como lidar com ela.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora